Cheguei em casa e fui tomar um banho. Me sentia chateado, frustrado e tudo que eu queria era ficar sozinho. Porém sabia que o sono não viria tão cedo, então deitei na rede que ficava na sacada e fiquei olhando para a noite.
Depois de algum tempo, ouvi um barulho na porta e então vi o Kadu entrar. Ele foi até a geladeira, pegou um copo de agua e quando voltou a sala quase o deixou cair, tamanho o susto que levou comigo.
– Caralho, Biel! Que susto, mano. O que você ta fazendo ai no escuro?
Ele perguntou assustado. Sorri diante do susto dele e respondi:
– To de boa aqui, ué. Rs
– Você não tinha saído? Chegou tão cedo…
– É… Pois é. Achei melhor vir pra casa.
Ele me olhou com aquela cara: “Te conheço..” e perguntou:
– O que aconteceu? Você quer conversar sobre isso?
– Ah, eu tava lá, mas…
Eu estava começando a falar, mas fui interrompido com o barulho da campainha.
– Ué, você está esperando alguém?
O Kadu perguntou olhando para porta.
– Não…
Respondi, sem entender nada.
Ele foi até a porta e a abriu, deixando o Allan entrar. Olhei espantando, pois não esperava por ele àquela hora e portanto sentei na rede, com uma perna para cada lado. Ele me olhou e então perguntou:
– Oi Biel, será que a gente pode conversar?
O Kadu então entendeu o recado.
– Vou deixar vocês a sós. Vou estar no meu quarto.
Ele disse e se retirou.
Continuei onde estava e o vi se aproximar devagar, com cautela. Ele passou a sua perna por cima da rede e sentou-se como eu estava, de frente pra mim, com as pernas por cima das minhas. Olhou nos meus olhos e por fim começou a falar:
– Biel… eu queria me explicar sobre o que aconteceu hoje.
– Tudo bem.. Pode falar.
– Eu sei que eu não devia ter ido lá sem te avisar… Ou melhor, não devia ter ido lá te vigiar. Devia ter confiado em você, mas tenta somente se colocar um pouquinho no meu lugar. Eu sou inseguro, poxa. Eu nunca me relacionei com ninguém… eu to aprendendo.
Ele falava e eu continuava em silêncio. Somente olhava aqueles imensos olhos azuis, enquanto ouvia suas explicações.
– Você sabe que eu sempre quis algo com você e agora que eu tenho…. eu tenho muito medo de perder. Eu morro de ciúmes, eu não suporto que outra pessoa te toque, nem pra cumprimentar. Então eu cheguei lá e vi você atracado com aquela vagabunda e a minha vontade foi de fazer um barraco, mas eu me controlei…Só que sei que eu errei… Me perdoa?
Eu olhei pra ele e soltei o ar, que até aquele momento estava segurando em meus pulmões. Era incrível a habilidade dele de me quebrar as pernas. Se eu sai de lá querendo falar poucas e boas por ele ter se comportado daquela maneira, roubado bebida alheia e tudo mais, nesse momento eu só queria toma-lo nos braços e apertá-lo com força. Porém me segurei e falei calmamente:
– Allan, você tem controlar esse seu gênio impulsivo… Se eu disse que estou com você, é porque é você que eu quero. Não quero ser vigiado, nem ficar com medo de alguém se aproximar de mim e você acertar uma bolada ou dar na cara da pessoa. Você acha mesmo que se fosse pra eu te trocar por alguém, seria isso que você faz que impediria?
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Diary Of a Hetero( Romance Gay )
Romance"Diários de um hétero" é um mix de relatos e vivências, sem uma ordem cronológica especifica, como se fosse um diário. Quem leu "Que porra é essa?! Eu não sou viado, mas...", tem aqui uma continuação mais dinâmica, Autor: Biel Sabatini