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Apesar de conversarmos bastante, não chegamos à conclusão nenhuma. O Fabiano era um cara de temperamento agressivo e ter apanhado na frente dos amigos com certeza abalou seu ego. Eu não podia deixar aquilo se prorrogar mais, então resolvi tomar a única atitude que eu podia.

- Eu vou lá falar com ele.

Eu disse decidido.

- Quando?

A Leticia perguntou.

- Agora.

- Agora? Você ta doido?!

- Pra que adiar, Lê? Eu tenho que resolver isso, melhor que seja agora.

- Eu vou com você!

O Kadu falou.

- Não. Eu vou sozinho. Se eu chegar lá com você, eles podem se sentir intimidados. Eu só vou pra ter uma conversa. Se as coisas engrossarem, eu sei me defender.

- Mas, Biel...

- Não, parceiro. Eu vou sozinho.

Respondi. Ele ficou em silêncio e abaixou a cabeça.

Voltei ao quarto, entrando com cuidado para não acordá-lo. Coloquei uma bermuda, uma camiseta, tênis, boné e os óculos escuros. Peguei os anéis e coloquei nos dedos, alcancei a carteira e a pus no bolso. Me virei e o olhei. Ele parecia um anjo dormindo, somente com um lençol o cobrindo.

Sentei com cuidado na beira da cama e fiquei admirando ele dormir tão serenamente. Sem perceber, sorri. Passei a mão de leve pelo seu rosto, sentindo meu peito se encher de um sentimento que eu nem sabia qual era. Ternura? Afeto? Amor... Beijei de leve sua testa, fazendo ele se mexer um pouco, mas sem acordá-lo.

Eu levantei e sai do quarto, fechando a porta cuidadosamente. Os dois continuavam na sala, agora com um semblante tenso e preocupado.

- Parem com isso vocês dois. Eu não to indo pro abate, não. Vou lá conversar, só. Lê, chega aqui. Quero falar com você.

Eu pedi. Ela se levantou e veio na minha direção.

- Eu deixei ele dormindo... Cuida dele pra mim? Se ele acordar antes de eu voltar, fala que eu fui dar aula, qualquer coisa, mas não diz a verdade, ta? Ele ia ficar desesperado, sem necessidade.

- Eu cuido. Por favor, se cuida você. Volta logo, grandão.

Ela disse me abraçando com força. Retribui o abraço, tentando acalmá-la.

- Vai ficar tudo bem, pequena.

Eu disse sorrindo, para tranquiliza-la.

Eu olhei para o Kadu, que também se levantou e veio ao meu encontro.

- Vai na fé, brother. Tamo junto.

Ele disse me abraçando. Sorri e falei:

- Sempre, mano.

Então sai, porque aquele clima todo já estava me fazendo mal. Entrei no carro e rumei ao bairro que morei por tantos anos. Estacionei na frente da casa do Fabiano, que ainda era a mesma de antigamente. Toquei a campainha e aguardei. Vi alguém olhando pela janela e logo depois ele saiu.

- É muita coragem você vir até a minha área. Ta querendo morrer, cara?

- Não Fabiano, eu só vim levar um papo contigo.

- Da última vez que você quis levar um papo comigo, você arrebentou a minha cara.

Ele apontou pro rosto ainda bem machucado.

Diary Of a Hetero( Romance Gay )Onde histórias criam vida. Descubra agora