17

409 39 3
                                    

Tento ver a vida como uma grande estação de trem. Pessoas chegando e partindo o tempo todo. Às vezes sofremos com as despedidas, outras nem nos damos conta das pessoas que se foram. Às vezes, estamos com tanta pressa, que nos esbarramos um nos outros, mas não temos tempo de conversar, nem nos desculpar.

De vez em quando, também precisamos embarcar no trem rumo a novas experiências. Muitas vezes, nos deixamos ficar à espera nessa estação e com a companhia de pessoas que nem sabem pra onde ir e com isso atrasam o seu embarque. Outras, estão apressadas demais para perceber que pouco tempo de espera, pode abrir novos horizontes e possibilidades. E há aqueles, que sentam-se ao seu lado e com um sorriso, fazem a viagem valer a pena. Não durma na estação. Não se atire no primeiro trem. Entenda os esbarrões doloridos que a vida lhe dá. Saboreie as despedidas, mesmo que sob o sabor salgado das suas lagrimas. Mas sobretudo, sorria diante das gratas surpresas que possam vir naquele próximo trem.

(Essa foi pra você)

Eu estava na academia, dando minhas aulas e depois de finalizar mais um treino com uma aluna, fui abordado por uma moça que parecia ser uma nova professora do local.

– Gabriel?

– Oi

Eu respondi, olhando pra ela.

– Você não deve ta se lembrando de mim, mas a gente fez faculdade juntos. Meu nome é Alessandra.

– Ah, oi. Eu não to lembrando mesmo, desculpa. Tenho péssima memória. Vai trabalhar conosco?

Eu perguntei, meio sem graça por causa da ausência de lembrança.

– Vou sim. Tudo bem, não esquenta. Você sempre foi bem quieto e não era muito de papo. Sabia que não iria lembrar.

– Desculpa de qualquer forma. Olha, o que você precisar aqui, pode falar comigo. Conheço todo mundo e o funcionamento da academia. Você vai gostar daqui.

– Ah, que bom. Vou precisar mesmo até pegar o ritmo. Obrigada.

Ela agradeceu gentil.

Despois desse dia, a Alessandra virou uma companhia constante. Conversávamos sempre na academia e ela se mostrou uma menina muito legal. Corríamos juntos no parque e sempre que eu podia, indicava novos alunos a ela.

Um dia, saindo da academia, ela me chamou para comermos um sanduiche.

– Ah, não sei Alê. Acho melhor a gente deixar pra outro dia.

– Para, Biel. Que coisa. Vamos, tem uma casa de sucos muito boa que abriu recentemente. Por favor?

Ela pediu, abrindo um lindo sorriso.

Acabei topando, até porque estava varado de fome. Chegamos ao local e fizemos os pedidos. Ficamos ali conversando, enquanto os mesmos não chegavam. Eu senti meu celular vibrar no bolso e quando olhei, tinha uma mensagem do Allan perguntando onde eu estava. Expliquei que estava lanchando com uma colega de trabalho e que quando chegasse em casa, mandaria uma mensagem para ele.

Os lanches chegaram e começamos a comer. Estávamos entretidos, conversando, quando ouço uma voz familiar.

– Olá!

A Leticia falou, olhando para mim e depois para a Alessandra.

Apresentei as duas e rapidamente a Leticia pediu para se sentar à mesa. Eu a conhecia há tantos e tantos anos, que sabia que isso seria uma péssima ideia, mas não fiz objeção. Não adiantaria.

– Então Alessandra, quem é você?

A Letícia perguntou, colocando os cotovelos sob a mesa.

– Hã?

Diary Of a Hetero( Romance Gay )Onde histórias criam vida. Descubra agora