15 - peso

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⚠️ tw: grande uso de palavras derivadas de  morte, ansiedade e abuso psicológico.

Maya's pov
ele morreu. o meu pai acabou de morrer. e ainda assim, conseguiu estragar tudo que ele tinha, minha mãe. ele conseguiu destruir a minha mãe mesmo depois de morrer. ele era um peso nas nossas vidas. sempre foi, e pronunciar isso após sua mort me dá uma sensação de liberdade p.

estou com raiva. esse homem me machucou a minha vida inteira, era presente, não bebia, não fumava, nunca me bateu, mas ainda sim, foi a pior pessoa que já conheci. em todos os aspectos. sua presença era repugnante e asquerosa, era desconfortável.
me fez odiar ter família, odiar meu aniversário, o natal, a ação de graças, me fez odiar tudo que as pessoas são ensinadas a amar. e me fez sentir raiva das pessoas que me amam também. me distanciei da minha mãe por conta dele. o meu pai era possessivo, abusivo. apenas com palavras, me convencia de que estava certo, de que eu era errada, sempre conseguia me ganhar nos argumentos. ele odiava o fato de eu não ser como ele sonhou. e eu sinto muito, ou não sinto nada, por dizer que o odeio, mas é exatamente isso que sinto. ódio.

eu não faço ideia de como esse desgraçado se foi, mas minha mãe me ligou em prantos, ela estava sozinha e desesperada. não tenho irmãos, ele nos afastou de toda a família. nunca a deixou ter independência financeira, ela nunca teve oportunidade de trabalhar, está sem casa, sem trabalho, sem carro, mas finalmente, sem ele. não da maneira que imaginávamos, não com o mesmo atrás das grades ou internado em uma clínica psiquiátrica, mas sem ele.
o casamento deles apagou toda e qualquer chama que o amor tentava acender em minha vida, eu não acreditava em amar, até então.

entro no primeiro avião disponível e vou até a cidade onde minha mãe mora. a encontro no aeroporto, e como já era de se esperar, ela está destruída. te dou um abraço meio desconsertado, nunca recebi carinho dentro de casa, nem ao mesmo quando criança.

saí correndo da estação quando recebi a ligação, fui em casa, troquei de roupa e comprei as passagens online, agora estou em uma cafeteria tentando fazer com que minha mãe coma algo antes de voltar a chorar. me esforço pra entender essa tristeza, ele a prendia, ela não podia sair de casa, não tinha amigos, só foi ter um celular próprio, porque eu te dei de presente, no natal passado. estou furiosa, com tudo, com todos, como ninguém esteve ali pra ajudar a minha mãe? por que eu não estava ali pra ajudá-la? por que ela nao tentou se comunicar todos esses anos?

não consegui falar com ninguém, nem com andy, nem com meu time, nem com carina, com ninguém. penso não ter coragem, odeio parecer fraca. e ver a minha mãe sofrendo por um idiota que já se foi, me enfraquece. há centenas de ligações de andy e carina no meu celular, não posso contar tudo, não conseguiria evitar o choro, e não quero chorar por conta daquele homem, nunca mais. pretendo levar minha mãe comigo pra seattle, até ela se estabilizar, mas  planejo cuidar disso sozinha. ainda hoje, só precisamos buscar suas coisas no apartamento.

o voo foi rápido, chego em seattle e vou para casa acompanhada de minha mãe, andy não está em casa, o que me alivia, e evitam mais discussões. uma a menos pra me preocupar agora.

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