Capítulo 44 - Esperança despedaçada

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Draco ficou na ala hospitalar por mais alguns dias, apenas porque Snape o estava forçando. Ele não se importava com sua saúde sangrenta, ele não se importava com o quão triste ele estava, tudo em que conseguia pensar era no estúpido armário. Harry, felizmente para Draco, também estava fora da equação.

Mas o fato é que Draco não tinha ideia de por que estava tão obcecado por isso. Talvez porque embora odiasse seu pai, ele ainda não conseguia deixar o Lord das Trevas machucá-lo. Ele queria. Ele queria que seu pai sangrasse, mas fisicamente não conseguia pensar nisso. Ou talvez fosse o impulso da competição dentro dele que ele não podia deixar o gabinete vencer. De jeito nenhum. Não com tudo o que foi feito para ele. Ou talvez porque quisesse conhecer seu assassino antes do homicídio ser cometido, chegar perto dele, formar um vínculo, já que era o último vínculo que ele poderia fazer com alguém.

Ou talvez, apenas talvez, o gabinete fosse seu êxtase por Harry. Harry não existia mais, Draco não sentia nada pelo garoto, amor ou ódio. Ele era apenas Harry. Apenas outra pessoa. Apenas mais uma decepção. 369

Fosse o que fosse, Draco não se importou. Ele não conseguiu. Tudo parecia entorpecido, bem, emocionalmente, porém tudo do lado de fora doía. Seu peito doía e latejava. Quando ele olhou para baixo de sua camisa, ele viu duas cicatrizes de raiva e inchadas tortas. "Isso vai ficar aqui?" Draco perguntou a Snape com lágrimas nos olhos.

Snape franziu a testa. "Sim. É magia negra. Não importa o que você faça, eles nunca irão embora."

"Ótimo," ele engasgou. "Então, toda vez que me olhar no espelho, vou pensar nele."

Antes de sair, Draco checou sua camisa mais uma vez, desejando não poder ver as marcas furiosas. Eles cruzaram bem sobre seu coração. Seu maldito coração. Claro que sim.

Doeu ficar de pé. E doía andar. Ele podia sentir seus músculos rasgando e dilacerando a cada passo que dava.

Mas ele merecia isso? Era esse o preço da mentira, o preço da traição? Era esse o preço de machucar quem ele amava? E se fosse, ele merecia? Ele merecia quase ser assassinado pelo ex-namorado?

Talvez.

Cada passo se arrastava mais e mais, cada eco no chão destruindo seu cérebro. Draco teve que morder o lábio por causa da dor que sentia. Quando subiu as escadas, ele choramingou.

Depois do que pareceu uma eternidade, ele alcançou a familiar parede vazia, e depois de se dobrar um pouco para recuperar o fôlego, Draco encontrou a porta, a porta feia, feia.

O que parecia mais longo do que a jornada para chegar à Sala Precisa foi a jornada até o armário ensanguentado. Porque no caminho para lá, ele pensou em Harry. O bastardo.

Ele trabalhou a noite toda, a picada de Harry na nuca, mas mais importante as imagens de sua mãe sendo agredida por Voldemort, e seu pai se encolhendo de medo de tanta dor de um crucio.

Porque embora ele desejasse ter pais diferentes, ele tinha pais. Ele os conhecia e vivia com eles. Porque os pais ainda são pais. Sua mãe o abraçou e beijou quando ele era pequeno, e seu pai costumava levá-lo para comer antes que seu coração esfriasse tanto.

Da visita ao hospital, ele ainda estava exausto, pois desmaiou de madrugada.

Passos o acordaram e ele saltou para as sombras bem a tempo com os dentes cerrados. Era um menino e uma menina rindo, como se não conhecessem a escuridão que estava no quarto que habitavam, como se não soubessem que era mal. Eles não sabiam que havia um Comensal da Morte, um monstro, na sala logo atrás deles.

A curiosidade de Draco o dominou, então ele começou a se inclinar em uma mesa e tentou dar uma olhada nos alunos vulneráveis. No entanto, ao fazer isso, os livros que repousavam a mesa caíram, deixando um pequeno estrondo que ecoou por toda a sala.

Drarry Traduzida  - It Was All Just A GameOnde histórias criam vida. Descubra agora