Jung Hoseok, fez questão de vestir seu melhor terno e gravata para aquele fim de manhã. O céu estava limpo e cheio de nuvens de aparência fofa, o sol brilhava suavemente não interferindo no clima ameno. O humor do advogado era o dos melhores, cantarolava com um sorriso satisfeito no rosto bonito, enquanto caminhava tranquilamente pelo corredor da empresa.
Era conhecido por já ter atendido alguns dos funcionários e ao chegar na recepção, foi recebido com um sorriso caloroso da recepcionista, que carregava uma plaquinha com seu nome no terninho que usava: Mary.
— Bom dia, em que posso ajudá-lo, Dr. Jung? É um prazer revê-lo.
— Bom dia, Mary. Está linda e o prazer é meu. Bom, preciso ver o Sr. Leon Lynch com urgência.
A loira corou com o elogio.
— Ah, Obrigada, Doutor. Então, eu posso saber do que se trata para informá-lo? Ele não atende ninguém que não queira receber.
— Não, querida. É confidencial. Apenas avise que estou entrando, pode ser? — um pouco de charme não fazia mal.
— Ele vai ficar furioso comigo.
— Então, depois você diz a ele que não conseguiu me segurar aqui, okay? Eu realmente preciso ver ele. Tenho algo importante para que assine e não posso demorar. Já foi minha cliente, sabe que meu trabalho é importante e sou competente.
— Ah, sim. Sei que é, entendo. Okay, o Doutor pode ir. É a última porta marrom no fim do corredor. Ele não tranca a porta. Mesmo quando recebe visitas íntimas…
O murmúrio da moça chamou atenção de Hoseok.
— A esposa dele costuma vir muito aqui?
Os olhos da mulher aumentaram de tamanho.
— Oh, sim… Não! Quero dizer, não estou falando dela. Ai, meu Deus! Eu falo demais.
Hoseok se aproximou de Mary.
— É outra.
— O Sr. não está perguntando. Já sabia? — questionou.
— Desconfiava, para ser sincero. Sabe me dizer quem é ela?
Mary mordeu o lábio, hesitante.
— Olha, não pense que sou uma fofoqueira. O Sr. Lynch não consegue ser discreto aqui, eu já paguei ele com mulheres diferentes, mas são todas iguais: Altas, magras, de cabelos longos e claros. Cheguei a achar que era a mesma, mas não.
— Garotas de programa?
— É…
— Ah.
— Tenho pena da Sra. Moore. Ela parece ser uma mulher incrível e não merece isso. Já cogitei contar a ela — sussurrou — No entanto, preciso do meu emprego.
— Posso compreender, Mary — ele pega um cartão do bolso interno da própria roupa, dando para a mulher — Se caso ele também se comportar feito um idiota com você, peça demissão e me procure.
— Oh! Muito obrigada, Doutor Jung.
— Não me agradeça ainda, Mary. Agora preciso ir até ele.
— Por favor, não diga a ninguém que foi eu quem lhe contou.
Hoseok deu um breve sorriso.
— Pode confiar. Com licença.
Seguiu pelo caminho que lhe fora indicado. Chegando na porta, ele nem sequer bateu.
— O que significa isso? — Leon se assustou com a presença inesperada. Contudo, Hoseok caminhou até a mesa do loiro — Quem foi que te deixou entrar? O que quer aqui?
— Ninguém permitiu minha entrada. Como advogado da sua em breve Ex-esposa, deveria te procurar em nome dela e já que é sempre muito ocupado, — riu breve cheio de deboche — Tive que dar um jeitinho de encontrá-lo, Sr. Lynch.
Os homens trocaram um olhar tenso.
— Não tem esse direito e não me interessa de quem é advogado. Saia da minha sala.
— Eu com certeza vou sair, Sr. Lynch, mas antes — Hoseok abriu sua pasta tirando os papéis, deslizando sobre a mesa de mogno — O divórcio. É só assinar.
Leon bufou. Pegou o papel e sem sequer conferir começou a rasgar as folhas ao meio.
Jung, nem um pouco surpreso, balançou a cabeça em negação.
— Foi bem previsível, Sr. Lynch — falou — Mas sua atitude imatura não muda nada. O divórcio pode sair sem a sua assinatura, de qualquer forma. Essas folhas eram mais uma formalidade.
Leon levantou-se, apoiando as mãos na mesa, se curvando para falar.
— O que eu puder fazer para atrasar, farei. Isso porque não gosto de você. Te saquei desde o dia em que te vi. Gosta dela, não é? Por isso apareceu aqui todo empolgado.
— Com todo o respeito, o Senhor não sabe de nada, confie em mim.
— Não tem que se fazer de bobo para cima de mim, cara. Mas não vou facilitar. Não 'tô afim.
Hobi suspirou.
— O que ganha com isso? Não deveria custar tanto aceitar que a Senhora Moore não te quer mais.
— Tem tanta certeza assim? — Leon curvou o lábio num sorriso malicioso.
Hoseok teve de se conter para não demonstrar como aquela dúvida o perturbava. Mas conseguiu, manteve a máscara no lugar. Não precisava que o inimigo o visse com o ego ferido.
— Ela é a única que pode ter essa certeza. Estou aqui para fazer meu trabalho e já tenho minha resposta. Na verdade, conheço seu tipo, Leon. Sei que nunca vai mudar. Sheyla escolheu o melhor para si agora.
— Cara, você é muito abusado!
— O que? — Hoseok indagou se fazendo de desentendido — Temos que tratar da realidade. Uma mulher não deseja se separar de alguém que jurou amar eternamente, à toa. Creio que tenha inteligência o suficiente para entender, Leon.
— Você fala demais, mas não sabe de nada sobre Sheyla e eu, de como eu sei que ela pode estar sendo impulsiva. A gente se desentendeu outras vezes e ela sempre voltou para mim.
Hobi engoliu seco e falou:
— Mas e se ela tiver mais motivos para não voltar?
— E o que seria? — perguntou rindo.
— Outro cara — olhou nos olhos de Leon — Alguém que a queira da maneira certa, que a trate bem de todas as formas.
Dr. Jung viu a expressão orgulhosa de Leon se desfazendo e sentiu grande satisfação. Como reposta, o loiro rapidamente avançou para cima do advogado, o pegando pelo colarinho, mas Hoseok não demonstrou fraqueza ou medo.
Encarou o homem de igual para igual.
— Seu cínico! — sibilou Leon — Eu vi como a olhou naquela noite no baile. Fica longe da Sheyla ou se não…
— Se não, o quê?
— Eu acabo com você!
— Gostaria de vê-lo tentar, Leon. Mas imagino que não queira mais problemas. Agora, me solta.
Leon de início ignorou, no entanto pode ver nos olhos do advogado que não estava blefando. Então, afrouxou o aperto até soltar de vez o homem. Leon ergueu o dedo apontando diretamente na face alheia.
— Não pense que está por cima. Mesmo que pense em se envolver com a minha mulher, ela nunca será sua. Até depois do divórcio, isso se ela não desistir dessa palhaçada.
— Mas foi você quem a expulsou! Não a ama?
— Claro que amo! Mas ela precisava entender que EU estou no controle.
— Você é um idiota, precisa conter esse seu ego. Tenho pena de você, Leon. Perdendo aos poucos, a Sheyla é só o começo do seu fim. Vou te dar dois dias para considerar assinar o divórcio, caso contrário, nós nos vemos no tribunal.
Jung tirou um pequeno cartão de dentro do terno para colocar em cima da mesa.
— Diga a ela que eu nunca vou assinar! — replicou Leon.
— Estamos em tempos diferentes. Quem decide não é você. Tenha um ótimo dia.
Assim, Hoseok deu as costas saindo da sala. Ao passar pela recepção acenou para Mary. Caminhou até seu carro, durante o percurso, seu celular tocou.
— Alô? — falou jogando a pasta no banco do carona.
— E aí?
— Yoongi, como vai?
— Bem e você? Já ficou mais animado ao receber uma ligação minha.
— Ugh, acabei de sair de uma conversa que sugou toda minha energia.
— 'Tá trabalhando?
— Sim.
— Se quiser, posso ligar mais tarde.
— Não, — Hoseok fechou a porta do carro. Conectou o aparelho no sistema de multimídia, assim ficou livre para dirigir enquanto conversava com o amigo — Estou a caminho de casa, não vou para o escritório hoje.
— Entendi. Posso saber o que é que acabou com sua energia?
Hobi riu sem humor.
— Longa história, mas vou resumir: estou advogando para minha amante, cuidando do divórcio dela.
— Puta merda, cara! É-é sério?
— É. Não me peça explicações do porquê, ela precisava de mim. Acabei de sair do escritório do filho da puta do marido dela e porra… Eu quase perdi minha paciência. Faltou tão pouco. O cara é um desgraçado de carteirinha.
— Deveria ter enfiado a porrada nele.
— Infelizmente, não pude. Só porque isso prejudicaria Sheyla. A secretária dele confirmou minhas óbvias suspeitas, ele traia ela. Acredito que desde antes do nosso caso.
— Porra, ele merece um surra. Mas sei que você é refinado demais para cair na porrada com alguém, porém por favor, se um dia tiver a oportunidade com esse cara, não hesite.
— Vou considerar o conselho, meu amigo.
— Ótimo. Mas ele tem alguma idéia sobre Sheyla e você?
— Não. — Hoseok riu — Ele acha que estou de olho nela. Mal sabe que ela está tão perto de ser minha. Idiota. Mas rolou uma outra coisa esses dias atrás.
— Grave?
— Não, mas foi estranho. Bom, já sabe que Dawon e Sheyla são melhores amigas, mas minha irmã não sabia sobre nosso relacionamento. Um dia desses, Dawon pegou nós dois aos beijos.
— Caralho, e aí?
— Ela fez um show ridículo de ciúme, desde então não nos falamos. A Shey 'tá chateada. Tem muita coisa rolando aqui, cara.
— Posso imaginar. Estava pensando em fazer uma visita, não sei se é uma boa hora para isso.
— Será bem vindo. A Tay vem também?
— Sim, sim.
— Por favor, venham. Quero que conheçam Sheyla. E também tenho uma garrafa de uísque envelhecido que vai fazer seu coração bater mais forte — brincou Hoseok.
— Isso foi uma tentativa de chantagem? Porque funcionou — eles riram juntos — Então, nós vamos. Na próxima semana, certo?
— Estarei esperando.
— Vou desligar, tenho que adiantar algumas coisas do trabalho para poder viajar tranquilo — diz Yoongi.
— Okay, até qualquer hora.
— Até.
Desligou a ligação.
Hoseok dirigiu até sua casa. Chegando lá encontrou os cômodos silenciosos, Sheyla estava no trabalho.
Afrouxou a gravata indo para o escritório. Tirou o blazer se sentando na frente do computador. Além do caso de Shey, tinha mais coisas para cuidar. Ali passou horas e horas, trabalhando sem parar.
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Dilema | jung hoseok
Fanfictiond i l e m a substantivo masculino 1. necessidade de escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias. |AMBW| "Ele, o homem que me arrebatou conquistando meu amor para depois me partir ao meio. Dentro de mim já não havia mais p...