Feche os olhos, o sol está se pondo
Just close your eyes, the sun is going downVocê vai ficar bem, ninguém pode te machucar agora
You'll be alright, no one can hurt you nowVenha luz da manhã, você e eu estaremos sãos e salvos
Come morning light, you and I'll be safe and soundApenas feche os olhos, você ficará bem
Just close your eyes, you'll be alright
Eu passei pela porta do quarto já arrancando os sapatos jogando para longe, quase perdendo o equilíbrio no processo. Minha cabeça começando a martelar forte, meu humor transformado.
— Vai me dizer quando aquele cara metido apareceu na sua vida? — Leon insistia na pergunta que tinha feito repetidamente durante nosso caminho de volta para casa.
— Já disse tudo que precisa saber.
— Por que eu sinto que não, Sheyla?
— Isso é com você, Leon.
Ele bufou afrouxando a gravata fina. Correu a mão pelos cabelos, seu semblante visivelmente irritado.
— Você nunca foi boa em mentir, sabia? — veio com passos lentos na minha direção — Eu vi o jeito que ele estava olhando para você.
— Coisa da sua cabeça. — tentei soar tranquila.
— Não. Tsc, Tsc… Conheço aquele olhar, meu amor. Ele tem alguma intenção com você. Te medindo da cabeça aos pés sem nem mesmo se importar com minha presença, seu marido! Minha vontade foi socar a cara dele, arrancar o sorrisinho presunçoso.
— Ele é o irmão da Dawon, só isso. Para de ver monstros em todo lugar.
Parou diante de mim.
— Ele praticamente me desafiou, Sheyla. Você pareceu gostar de ficar ao redor dele. Como foi a dança, hein? E a tal conversa de que precisava de um advogado, Hm?
Pegou meu braço.
— Não começa. — tentei me afastar.
— Me diz amorzinho, se acha o irmão da sua amiga interessante, porque para mim ficou bem na cara.
— Leon…
— Eu não gostei da forma que olhou para ele, ficou toda a vontade. Conheço você, não se abre para qualquer macho, mas dessa vez se comportou feito uma qualquer! — pegou meu braço.
— Me solta, Leon! — puxei com força — Não vou admitir que fale comigo assim. Sou uma pessoa e vou me comportar como bem quiser.
— Não vai ser como quiser não. Está debaixo do meu teto, casada comigo! — colocou a mão da aliança na minha cara.
— Não é meu dono, então tire essa ilusão da sua cabeça! E não fica tentando me fazer sentir culpada quando você sumiu de vista na festa. Onde esteve? Por acaso em algum momento tentei atormentá-lo por isso ou por qualquer outra coisa?
— Eu não sou o problema aqui, Sheyla Moore. Com você é diferente, acho que errei em te deixar muito solta. É realmente como minha mãe disse, que mulheres do seu tipo precisam de rédeas curtas.
— Sua mãe é uma hipócrita que teve um casamento de merda, acho que isso é o que nós duas temos em comum. Errada fui eu por aturar as coisas que você me fez e continua fazendo.
Ele me fitou com raiva.
— Meus pais tem um casamento de verdade.
— Humpf! Você acha? — cruzei os braços pronta para confrontá-lo — Seu pai é um machista controlador, alguém que você está tentando se tornar, não é?
— Não me venha com esse discurso pronto de internet, estamos no mundo real. Você teve a oportunidade de ser a esposa perfeita, mas não. Quer erguer a saia para o primeiro cara diferente no salão. Eu sou o homem que precisa, só não soube dar valor. Nem trabalhar você precisa, porém insiste em tudo que pode nos afastar mais.
— O que diz não faz nem sentido!
— Não? Como foi seu comportamento hoje perto dos meus colegas? Me ridicularizou.
— Acredito que sua escolha foi feita há um tempo, Leon. Os negócios em primeiro lugar. Chegou a me fazer pensar que estava considerando que nosso casamento precisava de atenção, no entanto me enganei novamente. — eu ri sem humor — Parece ruim para você viver comigo. Temos a oportunidade para fazer o certo.
— O que quer dizer? — apertou os olhos.
Ergui o queixo sustentando seu olhar superior.
— Vamos nos divorciar.
Minha fala causou reação imediata e Leon me segurou apertado pelos dois braços, seus olhos pareciam fumegar.
— Tenta!
— Eu quero.
— Eu acabo com você, Sheyla. Te juro!
— Está me machucando!
— DANE-SE! ENTÃO ERA POR ISSO QUE ESTAVA DE PAPINHO COM O ADVOGADO? — gritou — QUER SE LIVRAR DE MIM, VAGABUNDA!?
— QUERO TER PAZ, COISA QUE VOCÊ NÃO ME DÁ! ME SOLTA. — ele me sacudiu brutalmente, meu sangue correu frio por minhas veias por conta do medo.
— Não, você quer outro macho, não é? Quer ficar livre para colocar outro no meu lugar, desgraçada. Mas eu prometo que arranco tudo que você tem, começando por sua querida loja. Vai viver na rua da amargura, ordinária. — sibilou entre dentes. Meus olhos lacrimejaram, porém tive medo de reagir bruscamente e ele me fazer algo ruim. Mesmo com temor, o respondi.
— Não tenho mais medo de você, Leon. Faça o que quiser, eu quero me separar!
Com um solavanco ele me joga no chão.
— Foda-se você e toda essa merda. Quer o divórcio? Pede para o seu advogado de merda me procurar. Não vai sobrar nada de você e duvido que seu papai, aquele fodido, vá querer te acolher quando não tiver um dólar no bolso.
— Eu nunca precisei do seu dinheiro, Leon! Essa é só mais uma ilusão sua.
— Quer saber? — seu tom agourento e expressão desgostosa — Saí da minha casa.
— O que?
— Eu mandei você sumir daqui. Se vamos mesmo nos separar, não há motivo para que fiquei, Sheyla.
— Quer fazer do jeito difícil. Típico.
— Pegue tudo, não quero nada seu aqui.
Me levantei do chão, tinha minha dignidade. Não pestanejei.
— Como quiser — me afastei.
Minha mão tremia enquanto puxava a maior mala que tinha do alto do closet, mas não o deixaria me ver naquele estado. Apesar de ter sido meu lar por anos, nunca teve muitas coisas minhas na casa, então não foi tão demorado recolher meus pertences mais importantes. Leon tinha deixado o cômodo ainda puto, porém antes de sair me lançou um olhar frio.
Finalmente teria um fim, pensei. Eu queria chorar, meus olhos cheios de lágrimas no tempo em que vários sentimentos misturavam-se dentro de mim. Não sabia bem exatamente o que sentia, havia alívio no meio de tudo com certeza.
Arrastei a mala pesada pela sala em direção a saída. Leon estava lá de braços cruzados.
— Já que vamos fazer isso, espero que não tenha deixado nada para trás — falou com aspereza.
— As únicas coisas que deixei para trás foram as que me deu, não as quero mais. Inclusive, — arranquei a aliança do dedo — isso.
Joguei no meio da sala.
— Vai se arrepender e correr atrás de mim com o rabinho entre as pernas.
— Espere sentado.
Lhe dei as costas.
Dirigi para longe, havia um único lugar onde eu gostaria de ficar num momento daqueles, então acelerei logo chegando ao meu destino.
Desliguei o carro e desabei de chorar sobre o volante. O choro doloroso me feriu por dentro. De qualquer forma tinha de colocar para fora. Meu corpo tremia, mas à medida que meu choro cessava, me senti mais leve.
Saí do veículo secando os olhos, era bem tarde e rua encontrava-se totalmente deserta. Apertei a campainha, abraçando o próprio corpo. Uma luz se acendeu e logo a porta foi aberta revelando um Jung Hoseok de pijamas e cabelo desgrenhado.
— Sheyla… O que houve? O que-
Não lhe dei tempo de perguntar mais. Me atirei em seus braços e fui acolhida, o cheiro dele me permitindo sentir segura como nunca antes.
— Me desculpe p-por aparecer sem avisar… — chorei — Leon e eu discutimos feio. E-ele me humilhou muito, oh meu Deus! — apertei mais Hoseok contra mim.
— Ele te machucou?
— Meus braços… Um pouco. — solucei — Ele m-me apertou forte.
Hoseok me abraçou forte, afagando minhas costas. Depois pegou meu rosto nas mãos.
— Sabe o que tem que fazer — sussurou.
— Eu fiz. Pedi o divórcio.
Seus olhos se arregalaram um pouco.
— Vamos entrar — me puxou para dentro levando-me para o sofá — Vou pegar uma água para você, não precisa chorar mais, está segura aqui. — selou meus lábios rapidamente, indo para a cozinha em seguida.
Sequei minhas lágrimas e peguei o copo que me fora oferecido, dando um longo gole.
— Me conta o que aconteceu. Tudo. — tirou o copo de minha mão, as segurando nas suas entrelaçando nossos dedos.
Respirei fundo antes de começar. Ele me ouviu com atenção sem interferir.
— Então foi por minha causa.
— Não. Não só pelo ciúme que ele sentiu de você, cariño. Uma hora isso ia acontecer, não foi culpa sua, aliás a única culpada sou eu.
— Não é. É sim uma vítima dele que sempre foi abusivo de diversas formas. Eu já quis dizer a saída que deveria buscar, mas também acreditei que não seria bom intervir em uma decisão que só cabia a você. Só que, meu silêncio a colocou em perigo — suspirou tristonho — Me desculpe por isso.
— Não se culpe, quando chegou na minha vida Leon já tinha se tornado o que é. Sendo verdadeira, você me salvou. Arrastei os cacos do meu casamento longe demais.
— Sheyla... — afagou a lateral do meu rosto — Pode contar comigo sempre. Quer ir a delegacia? Pode fazer um boletim contra ele pelas ameaças e agressão.
— Não, só quero ficar longe e fazer tudo acabar. Quero pagar seus honorários, quero que entre com o pedido do divórcio o mais rápido possível.
Seus olhos se fixaram nos meus.
— Tem certeza? Tentou disfarçar, mas na festa percebi seu desapontamento quando ele sumiu.
— Eu tive esperanças à toa. Pensei que ainda o amava.
— E-e não ama?
Fiz que não com a cabeça.
— O cara por quem me apaixonei não existe mais, precisava aceitar de uma vez. E também não estava me fazendo bem mentir, olhar para ele lembrando do que estávamos ou ainda estamos fazendo.
— Agora quer que eu, seu amante, seja seu advogado?
— Ninguém pode ser melhor. Você conhece minha vida, não sei se posso estabelecer tanta confiança com outro. Mas se estiver muito ocupado, pode me indicar alguém.
— Sem chance. Vou te representar, vai ser ótimo fazer da vida daquele filho da puta um inferno.
— Mas ele disse que vai tirar tudo de mim, Hoseok. Até a floricultura, isso me preocupa.
— Confia em mim, pretinha. Ele é quem vai ter que dar tudo a você.
Sorriu um pouco apertando minha mão como sinal de apoio.
— Obrigada. — ergui sua mão, a beijando.
— Ainda temos que conversar sobre como esse processo vai ser. Por agora, precisa descansar. Está muito abatida. Trouxe roupas, sim?
— Tem uma mala no carro.
— Certo. Fique a vontade para tomar banho, eu pego a mala no carro.
— Okay.
Enquanto ele foi, eu entrei no quarto. Vi um lado da cama amarrotado onde provavelmente ele estava deitado antes de eu chegar. Segui para o banheiro amplo, tirei o vestido de festa, liguei a água entrando embaixo dos jatos quentinhos. Comecei a me lavar com o sabonete dele, amando o cheiro enchendo o ar, fazendo-me sentir bem.
— Se quiser ficar aqui em casa, vou adorar te assistir se lavar assim. — ouvi a voz de Hoseok soando abafada por conta do vapor.
Me virei o olhando.
— Não quero incomodar.
— Tenho espaço o suficiente, uma cama enorme, despensa cheia e muito carinho para te dar, pretinha. — mordeu o lábio sorrindo de canto.
— Posso alugar um lugar para ficar e vir te ver sempre, já que sou quase uma solteira em potencial. Tem a Dawon e não quero ter que dar uma desculpa boba se caso ela me pega aqui. Seu convite é quase irresistível, mas vou recusar.
Ele fez um biquinho.
— Que pena. A parte boa é que potencialmente solteira vai poder passar algumas noites comigo, assim como hoje. — adentrou o banheiro, reparei que segurava uma toalha.
Eu sorri.
— Isso mesmo. — fechei a água. Saí pegando a toalha na mão dele — Obrigada.
Para minha surpresa, Hoseok me puxou para um beijo, apenas a toalha me impedindo de molhar seu pijama azul. Segurou minha nuca afundando a boca na minha, penetrando a língua suavemente, movendo da mesma forma. Suspirei meio ao beijo passando um braço pela cintura dele.
— Mmm… — partiu nossos lábios — Como está o braço?
— Ele apertou forte, mas não foi nada grave.
— Qualquer coisa me fala, eu te levo para um hospital. Está com fome?
— Não acho que seja necessário, mesmo assim fico grata. E fome eu 'tô de te beijar mais. — respondi.
Hoseok riu.
— Vou preparar alguma coisa para não dormir de estômago vazio.
— Não se incomode, cariño.
Recebi um selinho longo.
— Já volto — ele diz.
Hoseok demorou mais do que pensei, mas um cheiro gostoso vinha da cozinha. Quando voltou com uma bandeja na mão, eu me encontrava deitada na cama vestindo uma camiseta dele e calcinha.
— Aish… Minha camiseta. Te ver usando faz algo com meu coração.
Eu ri.
— Você é adorável. O que tem aí? Refrigerante e frango frito? — indaguei.
— Eu também estou com fome, já estavam empanados. — colocou entre nós na cama — Podemos assistir um filme, o que acha? Desse jeito você relaxa um pouquinho.
— Seria ótimo.
— Sei que gosta de suspense porque já me disse. — pegou um controle remoto ligando o aparelho preso a parede — Meu amigo Min Yoongi me indicou um, porém não tive a oportunidade de assistir.
— Essa é sua chance.
Nos aconchegamos confortavelmente embaixo das cobertas, comendo o delicioso frango com molho apimentado. O filme era mesmo intrigante e interessante. Hoseok me vigiava hora ou outra, sentia seus olhos, mesmo enquanto mantinha os meus na TV.
No momento que terminamos a comida, fizemos uma pausa para levar a louça para cozinha e escovar os dentes, em seguida voltando a deitar com as luzes apagadas. Só os abajures ligados.
Estávamos deitados frente a frente.
— E o braço? — perguntou.
— Vou sobreviver. Hobi… por favor, me desculpe.
— Pelo o quê?
— Por ter te colocado nessa confusão toda. Sempre fui uma covarde.
— Shhh. Ei! Nada disso, Sheyla. Entramos nessa juntos, eu sempre soube dos riscos. Não deve sentir culpa quando está prestes a se livrar de algo que te afundava cada dia mais. De coração, quero que tudo dê certo para você. — fez um carinho na lateral do meu rosto.
— Por acaso é meu anjo da guarda? Você sabe me confortar de um jeito que só minha mãe fazia.
— Anjos não tem permissão para fazer as coisas que quero fazer com você, mas talvez lá do céu sua mãe tenha me colocado no seu caminho.
— Me abraça? — pedi chorosa.
— Vem aqui, meu bem.
Fui embalada por ele, meu lugar mais seguro na face da terra.
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Dilema | jung hoseok
Fanfictiond i l e m a substantivo masculino 1. necessidade de escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias. |AMBW| "Ele, o homem que me arrebatou conquistando meu amor para depois me partir ao meio. Dentro de mim já não havia mais p...