21; vasos quebrados, seu novo namorado

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Semanas depois…








Jung Hoseok caminhou em direção a Soul Flower, cantarolando enquanto carregava uma sacola pequena na mão. Do lado de fora foi possível ver através da vitrine um cliente ser atendido por Sheyla e Bea. Um senhor de meia idade que pagava por um vaso mediano de flores copo de leite.
Sheyla tinha um semblante alegre, totalmente diferente da tensão que Hoseok sempre encontrava pressionando o topo da testa, resultando em ruguinhas de preocupação. Sentiu-se aliviado e genuinamente feliz pela mulher que continuou a observar de longe mais um pouquinho.
O verão de Nova York nunca foi tão querido pelo homem. Por tanto, Sheyla usava as cores mais intensas e coloridas. Ela trajava um vestido amarelo que realçava mais o sorriso largo e branco. O cabelo alisado, como ela gostava, estava preso em um rabo alto. Os lábios cintilantes pelo gloss que Hobi conhecia o sabor.
Hobi aguardou o cliente sair, esse que lhe comprimentou quando passou deixando a porta aberta.
Ao ver Hoseok entrar vestindo seu jeans largo, camiseta branca e um par de tênis extravagante, Sheyla abriu um sorriso, saindo de trás do balcão.
— Oi Bea — Hoseok acenou para a funcionária que observava curiosa.
— Olá, Dr. Jung — sorriu.
— Já é hora do almoço? — indagou Sheyla, aproximando-se.
— Eu te liguei, pretinha, você não me atendeu. Está atrasada para o nosso almoço.
Ela fez um biquinho.
— Me desculpe. Tivemos muito movimento hoje. Meu celular ficou no escritório — estalou um selinho nos lábios de dele.
— Tudo bem. Eu trouxe o convite de casamento da Dawon, recebi antes de sair de casa — estendeu a sacolinha.
— Hm?
— Sabe como ela é criativa.
Sheyla abriu encontrando um cupcake azul com o convite pequeno espetado no topo.
— Que coisinha linda. Eu adorei! Uh, preciso começar a procurar um vestido decente.
— Ela disse que quer te vestir — Hoseok lembrou.
— Sim, mas não quero que a noiva se estresse comigo. Pensei em comprar lá na loja dela mesmo.
O homem deu de ombros.
— Será como você quiser.
— Certo. Esse cupcake vai ficar para sobremesa. Vem comigo, vou pegar minhas coisas na sala.
Ele a seguiu até o fundo da loja e assim que passaram pela porta, Jung a pegou desprevenida, virando-a para si tomando um beijo afoito.
Tinha passado o dia todo pensando no momento em que sentiria os lábios cheios e macios contra os seus, novamente.
Aos tropeços, empurrou o corpo mais baixo contra a mesa do escritório, fechando as mãos na cintura, sentindo o atrito gostoso entre a pele cheirosa e o vestido fino. Sheyla suspirou pesado, totalmente entregue ao momento. Mas o ar se esvaiu.
— Eu não sei por que ficar em casa me faz sentir sua falta de forma dobrada — levemente ofegante, ele segurou o rosto sorridente e quente se Sheyla, afagando as bochechas erguidas.
— Vai desperdiçar os dias de suas férias pensando em mim, cariño?
— Nunca é desperdício pensar em você. Aliás, como é que não vou pensar? Fica cada dia mais linda, mais radiante e gostosa — ele lambeu os lábios, fazendo Sheyla rir.
— Nós temos que ir. Não quero deixar o Sr. Perez e a Ellen esperando mais.
— Certo. Não quero fazer meu querido sogro esperar tanto.
— Ele gosta muito de você, sabia?
O homem deu de ombros, confiante.
Eles se afastaram e Sheyla colocou o convite em um lugar seguro, puxando uma conversa casual sobre como tinha sido o dia do advogado em casa, agora de licença.
A relação ainda não tinha um rótulo final, mas havia evoluído positivamente. Sheyla, agora completamente livre, estava visivelmente feliz e leve dedicando-se ao trabalho e ao amor de sua vida.
Ela tinha essa certeza sempre que encarava os olhos brilhantes, sorriso sincero e também quando tocava a pele cheirosa que se arrepiava em reação, uma prova visível dos efeitos da paixão.
Inesperadamente, no tempo em que o casal conversava animadamente sobre como seria o almoço em família, sons de vasos quebrando e Bea gritando, os interrompeu.
— O que está acontecendo?! — Sheyla entrou em pânico, logo correndo para o salão da frente com Hoseok atrás de si.
Incrédulos, se depararam com Leon invadindo o espaço com a aparência transtornada.
— Você roubou meu dinheiro, vagabunda! Me deixou na ruína! A-go-gora vai pagar — a voz embargada e palavras emboladas denunciaram a embriaguez do loiro.
— Shey, ele entrou do nada e atirou um vaso na minha direção! — a funcionária contou, amedrontada.
— Chama a polícia, Bea — mandou Hoseok — Leon, saia já daqui!
— Hoseok, não — Sheyla tentou conter o homem, mas ele se desviou da mulher indo em direção a Leon no corredor.
— Ah, o filho da puta comedor de mulher dos o-ou-outros está aqui, senhoras e senhores. Como está sendo… Uh? — Leon cambaleou para perto de um Hoseok nada amigável. O advogado encontrava-se tenso com os punhos cerrados — Fala… 'Tá gostando do resto que eu deixei?
— Cala essa boca e some daqui, Leon! — gritou Sheyla, temerosa. Mesmo assim parou atrás de Hobi, do lado de fora da loja uma pequena multidão se reuniu assistindo o show de Lynch.
— Eu chamei a polícia, Shey — comunicou Bea.
— Você é mesmo a porra de um infeliz desgraçado — começou Hoseok — Pra que vir aqui importunar a minha mulher? Quando vai entender que acabou?
— Ela… Ela nun-nunca vai te amar, sabe por que? — pegou outro vaso da prateleira jogando no chão — Por que essa vadia não ama ninguém além dela mesma.
Aconteceu rápido: o golpe do punho de Hoseok pegou no nariz de Leon que deu três passos para trás, segurando o rosto, grunhindo de dor.
— VOCÊ QUEBROU O MEU NARIZ! — berrou enquanto o sangue escapava.
Veio para cima, mas tonto pelo álcool, tropeçou caindo sobre os cacos e terra no chão. Hoseok aproveitou e chutou o estômago do homem.
— Jung Hoseok, para! Para com isso, a polícia já está vindo. Para!
Ele pareceu não escutar Sheyla. Bateu mais, outro chute para depois agarrar o cabelo de Leon, puxando-o para encará-lo. Hoseok o mirou com ódio e nojo.
— Retire tudo o que disse a Sheyla ou em esfrego essa sua cara de bosta no chão!
— Hoseok… — ela  segurou no ombro dele — Cariño, a polícia vai chegar. Ele não vale a pena!
— Eu 'tô cansado desse filho da puta! — exclamou — Anda, Leon, use essa boca!
Leon tinha o rosto todo avermelhado e sangrento. Totalmente arruinado e humilhado. Ele encarou Sheyla, haviam lágrimas em seus olhos, mas a mulher o conhecendo bem tinha noção de que tratavam-se de lágrimas de envergonhamento.
O louro abriu e fechou a boca gaguejando e Hoseok sem paciência empurrou a cabeça do homem em direção a sua promessa: o chão de cacos.
— M-me desculpa! Eu retiro tudo o que disse! — atropelou as palavras.
— E nunca mais vai voltar a importunar minha mulher. Fala!
— Nunca mais. Nunca mais!
O som da sirene soou ao fundo.
— Vai esquecer que um dia ela fez parte da sua vida. Ela nunca precisou do seu amor medíocre. Ela está feliz agora, sabia? Feliz de verdade. E eu estou fazendo o possível para que nada atrapalhe essa nossa felicidade. Você não tinha que ter vindo aqui, Leon. Mas a parte boa é que eu sei que não vai voltar mais.
Hobi o largou se afastando, voltando-se para Sheyla e seu semblante aflito.
— Calma, está tudo bem — tentou acalmá-la.
— Mas ele está machucado.
— Eu vou falar com a polícia, foi uma invasão. Vai ficar tudo bem.
Bea correu para a porta assim que a viatura parou perto do pequeno grupo de curiosos. Hoseok pegou Leon pela roupa obrigando o marmanjo a levantar ainda cambaleando, e dessa forma o advogado entregou Lynch a polícia.
Sheyla não sentiu necessidade de se aproximar, porém lançou um olhar de pena para o ex-marido.
— A senhorita está bem? — um patrulheiro indagou, entrando na loja olhando toda a bagunça.
— Sim.
— Quem é o sujeito?
— Meu ex-marido.
O cara alto ergueu as sobrancelhas.
— Ex-marido é sempre uma pedra no sapato. Bom, ele será autuado por invasão e depredação de patrimônio particular. Pode por favor passar o contato da senhorita?
— Claro, deixe-me anotar os números.
E foi feito.
Leon foi colocado dentro da viatura de cabeça baixa. Bea e Hoseok só voltaram para dentro quando o carro partiu e os curiosos começaram a se dispersar.
— Ei, vem aqui — Hobi segurou o rosto da amada — Ele vai sumir de vez. Acredite.
— Suas mãos — as pegou em sua palma — Estão feridas. Precisa cuidar disso, cariño. Vou ligar para o papi, vamos adiar o almoço.
— Está mesmo bem, Shey? Esse cara ficou louco! — Bea mexia nas tranças, agitada.
— Sim, tudo bem. E você? Nem perguntei se ele fez algo que te machucou.
Ela negou com a cabeça.
— Eu contei à polícia que ele entrou do nada e começou a jogar os vasos menores, mas não na minha direção. Mesmo assim, poderia ter tentado, do jeito que estava fora de si.
— Sinto muito por isso, Bea.
A mulher suspirou.
— O importante é que depois da surra que ele levou, vai pensar mil vezes antes de voltar a chegar perto de você, Sheyla — ela riu debochando.
Hoseok mordeu o lábio, segurando o riso.
— Acho que foi merecido, um favor a ele mesmo — Moore declarou.
Um tempo depois da ligação, Pérez e Ellen chegaram a Soul Flower já com a notícia do ocorrido. Quando entraram no escritório, Sheyla terminou de limpar o machucado no punho do namorado.
O Sr. Pérez abriu um largo sorriso ao lado da mulhe ainda preocupada.
— Então, o cabrón levou uma surra do Donuts?
— Pai!
— Pérez!  — Ellen e Sheyla repreenderam o mais velho. Ele riu e Hoseok o acompanhou.
— O que foi? Ele mereceu. Aquele cara sempre foi um merda, mas enfim, minha princesa está em fase nova.
— Vocês estão bem mesmo? — perguntou Ellen.
— Sim — respondeu Hobi — Só perdemos o almoço.
— Ainda temos tempo. Estão com fome? — Pérez perguntou.
Sheyla e Hoseok trocaram um olhar.
— Tudo bem, vamos.

Dilema | jung hoseok Onde histórias criam vida. Descubra agora