Amor sem fronteiras - Livro 11 (Série Família Cavallero) [Concluído]

01. Terra tupiniquim

Minha irmã me encarou assim que me viu fechando os zíperes da mala:

- Por que, exatamente, você vai pra aquela terra tupiniquim?

Revirei os olhos:

- Porque a minha personagem, Genevieve, mora no Brasil...
- Genevieve não me parece o nome de uma brasileira...
- Ela é filha de imigrantes franceses...

Minha irmã fez a cara mais esquisita do mundo e disse:

- E a vovó arrumou as coisas pra você?
- Sim, meu primo vai me buscar no aeroporto...

A vovó Vitória na verdade não é minha avó, a mãe da minha mãe morreu no parto e, quando minha mãe estava com um ano de idade, o meu avô conheceu a avó Vitória e os dois se casaram.

Apesar de não termos o mesmo sangue, ela é minha avó de consideração. Ela nasceu e viveu no Brasil até os 19 anos, quando conheceu o meu avô, que é canadense, e depois de casar os dois decidiram vir morar no Canadá.

A única pessoa com quem ela conversa no Brasil é a irmã mais velha dela, que era casada com um engenheiro e tem vários filhos, vários netos e vários bisnetos.

Eu sou escritora, fiz faculdade de literatura e consegui um contrato com a editora aos 21 anos e, desde lá, eu já tive 10 best sellers.

Assim que eu contei para a minha avó que eu criei a Genevieve inspirada pelas histórias da juventude dela a minha avó ficou encantada e falou que se eu pudesse bancar as passagens ela poderia falar com a irmã para eu passar um tempo no Brasil e conhecer a cultura de perto.

Claro que eu topei, ela falou com a minha tia postiça e daqui dois dias eu vou embarcar para lá e passar três meses junto da família Cavallero.

- Deve ter índio andando na rua - falou a minha irmã - quem garante que a tia Denise não foi casada com um índio?

Revirei os olhos. Era humanamente impossível tanta bosta sair de uma única boca:

- Credo, April! Como você consegue pensar nisso? Você nunca teve curiosidade de estudar sobre a cultura brasileira?
- As histórias da vovó são interessantes e legais, mas eu estou fora...
- Então sai do meu quarto e me deixa arrumar a mala em paz...

Ela saiu do meu quarto. Eu amo a minha irmã, mas desde que ela se divorciou e veio morar comigo eu sinto falta de estar sozinha.

Voltei a dobrar as minhas roupas e colocar na mala, ainda tinham muitas coisas para empacotar antes de ir para o Brasil.