Capítulo X: Servir Um ao Outro

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Ayven

O escurecer tomou forma nos picos antigos de Edrusin e de seu interminável horizonte, cobrindo a vida com descanso, e distribuindo ventania serena, fresca, que atribui conforto aos amantes da noite.

Mais candelabros iluminavam a cúpula e a grande mesa central. Uma cortina foi estendida ao redor das janelas circulares, interrompendo o reflexo das velas no vidro. A cortina colossal possuía metros de diâmetro, costurada em cetim e couro, revelava uma imagem, uma pintura de beleza assombrosa e de detalhes ricos. Para Ayven, era claramente uma representação religiosa. Em seus tempos com Ymmryl, seu professor particular, não se concentrou no aprendizado religioso, mas não era totalmente ignorante sobre o assunto, ela sabia que do centro, ao leste e ao sul O Credo dos Filhos predominava sobre os reinos, em exceção a alguns.

" Eu já aceitaria qualquer desculpa apenas por poder olhar para essa mesa." Falou Ifir encarando a quantidade de comida e pratos sobre a mesa, foi o primeiro a se sentar e negar ao servo ajuda em se servir. Ayven se impressionou tanto quanto ele, observou a maneira que Odilon agia, para imitá-lo, e com cortesia se serviu com um pedaço de empadão de codorna, cebola e tomates assados com funcho e queijo, um pedaço de arenque defumado e alguns alimentos que ela jamais virá, mas eram bem feitos e bonitos e sua curiosidade em experimentá-los falou mais alto.

" Qual bebida deseja, senhorita?" Perguntou um elegante servo, com toda atenção depositada nela.

"Quais são as opções ?" Indagou acanhada, toda aquela atenção, poder, e comida a intimidavam.

" Temos água, o vinho prata direto das adegas de Fyl Lethan, e a cerveja Nyldergain, de grãos tostados, de Fouknaiz. Recomendo por ser leve e de sabor forte o vinho prata." Bebidas famosas e caras, eram raras e de um alcance tão difícil que talvez seria a única vez que tivesse a oportunidade de degustar qualquer uma das duas na vida.

" Devo pegar dois copos?" Ayven demorou tanto para se decidir que o servo interrompeu suas dúvidas "Temos Sidra filtrada também, se desejar."

" Quatro copos, por favor, Nanc. Para nós." Disse Odilon se sentado ao lado de Ayven. O Servo se retirou enquanto outros clérigos e guardas pessoais se sentavam.

"Kallion e Peity estão demorando."

" Peity sempre foi muito fechado, mas quando começa a falar sobre algo que gosta, não cala a boca e Kallion é mais receptivo que eu esperava." Exclamou Ifir bebendo goladas de Sidra, grossos pingos da bebida manchava seu pequeno gibão amarelado.

" Isso é verdade, Kallion é outro que adora falar." Riu Neuler, o clérigo.

" A quanto tempo você o serve, senhor?" Perguntou Ayven.

" Desde que sua majestade era um garoto. Eu o ensinei tudo que eu sei e ele aprendeu muito mais com os outros, há mais de quarenta anos." Kallion não parecia ter mais de trinta anos para ela. " E creio que ele esteja intrigado com o garoto."

"Peity me surpreendeu." Falou Odilon. " Eu devo aprender com ele."

Algo que mudará nele, sua grande prepotência e orgulho não habitavam mais a ponta da língua do carrancudo mestre novato, Ayven poderia se acostumar com isso.

A mesa logo se lotou. Na ponta da mesa dois lugares para o rei e a rainha eram reservados e logo depois viriam a guarda pessoal de ambos, paladinos famintos que permaneciam tão calados quanto estavam em ócio. Os clerigos viam logo depois, sábios palestrantes que apreciavam uma boa conversa e uma bebida.

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