Capítulo XIV: O Reino Dos Reis Obesos

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Em união dormiram na carroça de Kalipta, alguns embaixo com o conforto que o chão e a grama proviam outros no teto ao relento da madrugada, porém, Ayven, pouco manteve seus olhos em descanso. O álcool consumido não lhe ofereceu paz e a garota apenas se apegou nas memórias construídas naquele dia.

Descobriu que Glex há um tempo antes de se juntar a estradas trabalhou na cozinha do Imperador Ssiliziu, não como chefe escolhido ou faxineiro humilde, mas no ócio de Provador do Lorde, ou melhor como Farejador, pois Glex havia o olfato desenvolvido a tamanho poder que era capaz de distinguir e classificar diferentes odores, assim servindo aos lordes no conhecimento da presença de venenos em seus pratos servidos ou em suas taças entregues. Muito valor foi posto naquele que subjugava tentativas de assassinato aos governantes, mas pouca alegria ele encontrou naquilo, que acreditava ter nascido para realizar, e logo abandonou as mesas dos reis e lordes e partiu em caminhada para explorar o que for que o mundo teria para entrega-lo.

A jovem elfa, já possuía uma trilha diferente, nasceu ao lado do vinho e da música, sua família eram comerciantes itinerantes que ofereciam um vinho de sabor raro e de preço pouco custoso e por toda sua infância aprendeu sobre os prazeres do vinho bem fabricado, da música compartilhada e de truques impressionantes para entreter qualquer um que no caminho os encontrava. Kalipta, se alegrava com o grande do simples e se aventurava sempre com sorrisos sinceros. Demostrou grande habilidade em arremeçar objetos, e mesmo embriagada, era capaz de acertar alvos minimos e distantes com uma pedra ou lâmina em mãos, o que lhe rendeu alguns keines na noite passada em um desafio concedido por um caçador senil.

Seu esposo, cruzou seu caminho quando ainda trabalhava nas lavouras ao redor de Al Der'vein, e sobre trabalho, Thaydus se ocupava muito. Nasceu nas ruas, sem morada para chamar de lar, com pouca comida para se satisfazer e com a rara presença dos pais que se mantinham ocupados na procura de deveres para um futuro mais confortável. Assim, Thaydu,s foi criado na aprendizagem e logo serviu como agricultor, fazendeiro, vendedor, escudeiro, carteiro, lenhador, carpinteiro e guerreiro, em conquista recebeu o sucesso do trabalho duro, mas seus pais não foram testemunhas da sina que ele construiu a si mesmo, pois pereceram pela doença dos Vermes de Uva. Praga essa que entregou tempos sombrios ao reino do vinho, mas que foi erradicada, porém, não antes de deixar sua cicatriz em muitos sobreviventes.

Se encontrou com Kalipta quando ainda era carteiro e depois de uma amizade fortemente construída, paixão se tornou o alicerce da união, duramente preservada.

Entendeu que de Drulyn pouco se falava, ninguém ousava discutir sobre seus tempos encarcerados no Domo dos Insanos e de sua fuga das terras dos magos loucos, no entanto, Drulyn revelava muito com pouco, pois suas atitudes dizia o que ele refletia e seus olhos gritavam o que ele não falava, como uma mensagem em subtexto. E paz todos o entregavam, moldado em um silêncio gentil, feito a calma do entardecer de um dia cansativo.

Peity e Ifir se chocavam em uma oposição gritante, enquanto, Ifir não se calava e revelava sua vida sem remorso ou cautela, Peity jamais falava de seus dias e vivências. Seu mistério se tornou um incômodo vasto que se tornou uma aposta em valor considerável. Aquele que descobrisse ou criasse uma hipótese certeira sobre a vida do distante rapaz ganharia um valor de cerca de duzentos e cinquenta keines. Ele havia prometido revelar a verdade se o palpite fosse certeiro, mas se o palpite fosse errôneo, o dono das palavras deveria pagar uma certa multa que se juntaria ao cofre daquele que descobrisse o seu passado.

A brincadeira intrigou Ayven e por muito tempo ela escutou dicas e histórias que eles criaram sobre Peity. Drulyn, uma vez arriscou em dizer que o rapaz era filho de mineiros da Terra da Umbra, enquanto Ifir uma vez falou que este era herdeiro de um prostíbulo, e por esse fato ele tinha vergonha de revelar qualquer coisa, mas essa hipótese foi negada. Glex jurava que ele tinha uma conexão com o mar, pois cheirava a sal, até hoje foi o único comentário revelado a se encontrar com a verdade. Kalipta sugeriu incontáveis vezes que ele foi filho de pescador e navegadores do norte da Cidadela de Soffnia, mas também foi negado.

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