capítulo 64

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Pov Alycia especial

- mãe, existe alguma possibilidade da gente voltar?- perguntei esperançosa abraçando ela.

- Eu preciso ficar pelo menos 5 meses aqui filha.- falou minha mãe fazendo um carinho no meu cabelo.

- eu quero voltar.- falei olhando pra ela.

- mas por que princesa? - perguntou minha mãe e relaxei sentando no lado dela.

- eu deixei meu melhor amigo lá.- falei triste. - qual foi exatamente o motivo da mudança? - perguntei então minha mãe sorriu fraco.

- achei que você quisesse ficar com sua namorada filha. Eu não queria que você ficasse mal com a partida de eliza.- falou minha mãe.

- é só por isso mesmo? - Perguntei e minha mãe concordou.

- eu nunca faria algo para te machucar filha. Eu só pensei que você ficaria satisfeita.- falou minha mãe.

- eu queria... Mas pelo celular Eliza é melhor que pessoalmente.- falei um pouquinho nervosa e minha mãe fez um carinho no meu rosto.

- como assim filha?- perguntou minha mãe e eu dei um sorriso fraco negando.

- daqui a pouco Eliza chega. Vou subir porque vou conversar com ela.-falei dando um beijo na minha mãe e subindo as escadas.

Sabe quando você passa meses imaginando como é vivenciar com uma pessoa que você gosta mas quando você finalmente tem a oportunidade de viver você percebe que não é mais isso que você quer?

Desde quando eu fui embora eu sinto uma angústia e uma saudade do Camiz. Se eu tivesse escolha eu teria ficado.

Eu amo a Eliza mas ela tem estado diferente, completamente diferente da pessoa que cuidava de mim e falava comigo o tempo todo por celular. Tia Laur todo dia fala comigo, pergunta se estou bem e essa preocupação me deixa curiosamente triste e pensativa.

Não existiria uma preocupação se não houvessem um problema e eu tô tentando descobrir qual é o problema.

Eliza iria vir aqui daqui a pouco e eu iria perguntar se ela sabia de alguma coisa.

- filha, seu celular estava tocando.- falou minha mãe entrando no quarto.

- obrigada mãe. Quando Eliza chegar você pede pra ela subir.- pedi e minha mãe concordou dando um beijo em minha testa e saindo do quarto.

Eu liguei meu celular vendo uma chamada perdida do Camiz.

Tia Laur falou que ele tá cada dia melhor mas que sente minha falta. Eu odiava saber que ele chorava todas as noites porque eu fui embora. De certa forma eu entendo ele.

Os próprios pais não respeitam ele.

Ele nunca teve amigos reais. Ser alguém transgênero e não ter ninguém para conversar pode ser ruim. Ele passou a vida toda buscando conhecimento, alguém que o entendesse, alguém que seria amigo dele e quando ele finalmente encontra eu vou embora deixando um vazio novamente na vida dele.

Camiz era um menino incrível e ele não merecia ser julgado pela sociedade. Ele merecia muita paz e tranquilidade na vida dele.

Eu não queria vir, não queria me mudar, não depois que eu percebi que não vale apena eu perder uma amizade incrível como a nossa por conta da distância.

Se possível eu voltava agora mesmo para meu amigo.

Eu sorri fraco sentindo uma saudade e uma angústia me invadir e então liguei para o Camiz. Era vídeo chamada.

TransBoy- CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora