TransBoy- Camren

Capítulo 1

    Pov Karlos

- Filha, sua amiga ta lá em baixo. Você não me avisou que ela vinha aqui. - falou Mama entrando no meu quarto.

- eu também não sabia que ela iria vir ,mãe. - Respondi prendendo o cabelo que por sinal estava grande de novo.

- Ta bom, desce que ela está esperando você. - falou minha mãe sorrindo e fechou a porta.

Eu respirei fundo pensando um pouco e desci.

- Camilaaa!- exclamou animada-  nem te vi no colégio hoje, onde você estava? - perguntou Taylor.

- Oi Taylor, eu estive na biblioteca hoje. achei um livro interessante. - respondi. O que não era mentira. - um livro bom. - mencionei.

- que chatoo... - respondeu. - você perdeu o que aconteceu hoje. - murmurou baixo rindo. - Sabe a Normani do último ano? - perguntou e eu concordei. - encontraram um diário dela, onde ela dizia gostar de uma mulher trans. Como pode? Os meninos riram muito dela hoje. - comentou sorrindo e meu coração ficou pequenininho.

- você riu dela também?- perguntei.

- claro né, Camila. Pessoas gays ja são feios, agora imagina os travesti? Um homem vestido de mulher, que se acha mulher... nunca será uma mulher. - comentou desdenhando e eu fiquei triste.

- não acho que seja motivo de risos. E dai que ela ama uma mulher trans? Acho que não é da nossa conta e nem da conta de ninguém com quem ela se relaciona. - respondi calmo.

- você é tão sem graça Camila.- murmurou Taylor.

- apenas sou sensatooAa. - me corrigi na hora ao me referir a mim no masculino.

- hum, sensata... as vezes acho você muito estranha. as meninas não são como você.- falou Taylor

Talvez seja porque não sou uma menina-pensei.

- hum... eu preciso voltar a fazer um trabalho no  quarto, Taylor, se importa de ir agora?- perguntei.

Ela deu de ombros e se foi fazendo eu respirar aliviado.

Eu odiava ter ela por perto simplesmente por ter uma mente tão pequena e ser preconceituosa. Custa respeitar? custa amar o próximo e não julgar?

Eu tinha medo, medo do meu pai me bater me expulsar, medo de encarar o mundo sem ninguém no lado.

Eu tinha medo de muitas coisas. Apenas era um menino no corpo de uma menina. 

Por isso eu não me libertava, por isso não deixava de ser Camila, tinha medo por causa das pessoas.

- filha, vai tomar banho porque seu pai está chegando para o jantar com o amigo do trabalho dele e sua filha. - avisou minha mãe.

- ta. - murmurei.

- o que foi filha? - perguntou mamãe fazendo um carinho no meu cabelo.

- o que você pensa sobre pessoas que nasceram no corpo errado? - perguntei.

- eu não sei filha, não li sobre isso ainda mas deve ser difícil não se identificar com o corpo que nasceu. - falou minha mãe.

- mas você acha isso feio, tipo, se você tiver conhecimento sobre, acha que uma pessoa que nasceu homem, hoje é mulher, você acharia uma coisa ruim? - perguntei meio nervoso. Não consegui elaborar a pergunta do jeito que eu queria.

- eu acho que iria respeitar ela e pronto filha. - falou minha mãe voltando para a cozinha.

Eu fui para o meu quarto e comecei a tirar a roupa pra tomar banho. Quando ja estava nu eu olhei para meu corpo vendo meus seios e minha intimidade.

Uh... eu não via problemas no meu corpo e nem faria a cirurgia. Porém para ter respeito eu tinha que ser um homem fisicamente também.

Ninguém iria me respeitar como homem se eu não tivesse um físico masculino. Talvez os mais intimos, que apesar do meu corpo feminino, poderia me respeitar como homem e usar o masculino comigo mas os outros sempre iriam me ver como uma mulher.

  após alguns minutos parei de me admirar e fui para o banheiro tomar o meu banho.

(...)