capítulo 67

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Pov K.C

- preparado para tirar o gesso meu bem?- perguntou Lo e eu fiz que sim com a cabeça.

Nós estávamos no hospital e eu estava aguardando minha vez. Eu iria tirar o gesso e fazer exames para saber se estava tudo bem com a fratura. Eu estava ansioso, queria ficar bom logo para voltar para o trabalho e infelizmente para o colégio.

Infelizmente porque eu não tinha Alycia. Infelizmente porque eu estava com medo de sofrer qualquer tipo de pressão. Estava com medo dos olhares, dos comentários, de tudo. Eu estava ficando bem, sabe?

Eu não estou pensando em coisas ruins e to controlando bastante quando me sinto mal. Com a partida da Alycia eu regredi bastante em relação a socializar com as pessoas. Minha preferência era ficar sozinha ou com a Lauren.

Porém voltar pra escola me assustava. Por questão de segurança o pai da Laur iria me ensinar a dirigir ja que eu tenho um carro que ele mesmo me deu. Ele iria me ensinar e depois eu iria tirar a carteira mas até lá Laur iria me levar e buscar no colégio.

Meus amigos pediram transferência para minha sala e foi concedido com sucesso. Eles eram meus amigos mas eu ainda não me sentia seguro de conversar sobre coisas íntimas, coisas que acontecia comigo na minha privacidade. Só me sentia a vontade pra fazer isso com a Alycia.

- está nervoso?- perguntou Lo fazendo um carinho na minha mão.

- eu não tô nervosa Lo.- respondi sorrindo leve e olhando as pessoas ao meu redor.

- tá tão quieto.- falou Lo fazendo um carinho no meu cabelo e eu abracei ela.

- eu to pensando. Quero tirar logo isso. Ansiosa para voltar a minha rotina.- falei sorrindo e lo concordou sorrindo de lado.

- esses dias foram bons. - falou Lo e eu concordei.

- Karla Camila Cabello Estrabao.- chamou o médico e eu me levantei junto com a Lo.- me acompanhem por favor.- pediu ele sorrindo educado.

Nós apenas o acompanhamos até o consultório.

- vemos que está aqui hoje para fazer uns exames e tirar o gesso.- falou ele olhando a minha ficha assim que sentou na cadeira de sua sala.

- exatamente.- respondeu Lo.

- certo, então vamos lá. - falou ele sorrindo.

(...)

- Como se sente sem o gesso?- perguntou Lo entrando no carro e dando partida.

- leve, com certeza mais leve.- falei sorrindo e olhando minha perna.

Estava dolorido mas o médico disse que era normal. Meus exames mostraram que minha costela estava novinha em folha. Me deram repouso de três dias apenas por conta da minha perna dolorida

- amor... eu reparei uma coisa.- comentou Lo enquanto dirigia.

- o que amor?- perguntei.

- você se referiu a si próprio no feminino algumas vezes.- afirmou Lo.- o que isso quer dizer?- perguntou Lo e eu respirei fundo olhando pra ela.

- significa que sou universal. - disse sério mas cinco segundos depois eu ri fazendo a Laur sorrir também.

- é sério amor.- comentou Lo quando paramos de rir.

- olha pra mim Lo.- pedi e ela desviou o olhar do trânsito. - meu corpo todo aponta que eu sou uma mulher.- falei fazendo uma careta.- não é o que eu queria mas foi assim que eu nasci. Por fora eu sou uma mulher aos olhos de todos que me vêem, mas por dentro, eu sou o Karlos. Você me enxerga como um garoto e pra mim é o suficiente. O que eu quero dizer é que não tem problema você ou as pessoas usarem o feminino em relação a mim. Eu me sinto confortável agora. Milhares de pessoas iram me olhar e nenhuma delas tem culpa de não saber que eu sou um garoto.- falei e Lo parou o carro na rua.

- qual é sua identidade de gênero?- perguntou Lo tirando o cinto e se sentando de lado para me olhar.

- eu sou trans, um garoto trans! Mas eu não me importo mais das pessoas usarem o feminino comigo por-

- porque as pessoas não sabem que você é um garoto. - disse Laur me cortando e eu concordei. - quando foi que você tomou essa decisão?- perguntou Laur segurando minhas mãos.

- eu não sei mas Alycia me ajudou. - falei e Lo Suspirou.

- você é uma pessoa livre. As pessoas podem te conhecer como Karlos, amor.- falou Lo.

- Lo... de verdade, Eu to em paz. - falei fazendo um carinho na mão dela. - você e nossa família sabendo quem eu sou é o suficiente.- falei e Lo sorriu fraco.

- nossa família...- sussurrou Lo sorrindo.- nossa família sempre irá respeitar você.- falou Lo sorrindo. - quando estiver comigo não precisa usar o feminino para se referir a si próprio. - falou Lo fazendo um carinho no meu rosto.- e independente do seu corpo, você vai continuar sendo o meu garoto, o meu homem.- falou Lo segurando meu rosto e deu um longo beijo fazendo eu suspirar.

- só seu.- respondi baixo e então lo mordeu o lábio fechando os olhos.

- agora que tirou esse gesso, você me aguarde.- sussurou Lo e eu corei sorrindo e apertando a perna dela.

- estou ansioso por isso.- murmurei e então Lo sorriu negando e ligando o carro novamente.

TransBoy- CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora