capítulo 22

1.4K 145 11
                                    

  P.O.V K.C

- você não pode me levar de volta, Lo, por favor, não faz isso! - pedi sentindo uma angústia tomar conta de mim.

Lo estava em minha frente chorando. Eu queria abraçar ela e dizer que tudo ia ficar bem mas eu não sabia se iria.

- eu não quero que você volte, meu bem mas acho que não temos escolha. - disse Laur secando as lágrimas. 

- Eu não quero voltar, Laur! Você mostrou o que é viver de verdade, agora eu tenho amigos, tenho você, me sinto em casa e nem estou falando da casa fisica. Com você eu me sinto seguro, eu confio em você e quero ficar com você. - comentei chorando. - eu amo meus pais mas depois do que fizeram eu não quero voltar pra eles. - disse secando as lagrimas.

Lauren veio até mim e me abraçou forte, eu abracei de volta e me permiti chorar com ela.

- eu vou tentar de tudo para que você fique meu anjo. - Lo beijou minha testa.

Eu acreditava nas palavras dela,por um segundo respirei aliviado.

  Lo secou minhas lagrimas, sorriu fraco e em seguida algo começou a tocar chamando nossa atenção.

- é meu celular.- avisou saindo do abraço e foi até a mesa dela pegando o objeto. - Oi pai. - falou assim que atendeu. - sério?.... hum... quando podemos ir? Tem chances de isso dar errado?... Pai, não podemos deixar que eles fiquem com o Camz.... Hum, Ta bom. Vamos hoje a noite. Ta bem, amo o senhor também, beijos. - falou Lauren encerrando e vindo até a mim sorrindo. 

- tudo bem?- perguntei e ela sorriu fraco.

- sim, meu pai ta fazendo um documento para sua emancipação. Todos seus documentos esta comigo e eu tenho a autorização assinada a punho por seus pais em relação a viagem, mas eles podem me acusar de falsificação e sequestro. Até a justiça de cuba fazer alguma coisa iria demorar e eu teria problemas...

- o que significa emancipação, Laur?- perguntei. Nunca havia escutado essa palavra na minha vida.

- é um documento que você e seus pais assinam.  Significa que você vai se tornar livre, independentemente falando. Você vai ser responsável por si mesmo e se fizer besteira pode ser preso. - falou Lo.

- é como se eu completasse 18 anos antecipado? Vou ser dono do meu próprio nariz? - perguntei e Lo concordou sorrindo.

- mas pra isso teremos que voltar, é necessário nossa presença no cartório de cuba. - falou Lo.

- quando a gente vai embora? - perguntei.

- hoje a noite. Chegamos amanhã de manhã, resolvemos tudo e vamos embora amanhã mesmo. - falou Lo. 

- tem alguma chance de dar errado e eu ficar lá? - perguntei e Lo ficou em silêncio.

- não vai dar errado, eu acredito no meu pai e é por ele que você está aqui, se não fosse por ele nem iriamos nos conhecer. Acredite nele também.  - falou ela uns segundos depois e eu concordei. 

Eu estava muito mal, não queria ver meus pais agora, ainda tinha marcas no meu corpo que meu pai deixou e eu não conseguia esquecer por nada aquela noite.

- se quiser pode tirar o resto do dia de folga para descansar, Camz. - falou Lo.

- eu não quero, se ficar sozinho minha mente não vai me deixar em paz. - disse sorrindo fraco.

- ta bem, quando sairmos daqui vamos direto pra casa, você só vai descansar no avião mesmo. - falou Lo e eu concordei. 

(...)

P.O.V Sinuhe Estrabao

- deixa nossa filha em paz, Ale. Trazer ela de volta não vai colocar comida na mesa. - disse cansada.

- realmente mas se a gente passa fome ela também passará. A culpa é dela de eu ter perco meu emprego. - disse meu marido.

- para de culpar ela por nosso fracasso. Eu não entendo que ela não seja uma menina mas a vida é dela e ela faz o que ela quiser. Nós não podemos viver a vida dela. A gente foi ignorante de bater nela por uma decisão que é exclusivamente dela. Se isso é errado ou não, só ela que vai sofrer por conta da escolha dela. - disse chateada.

- nossa filha ficou assim por sua culpa. Ta querendo aceitar que nossa filha vire uma aberração. - falou Alejandro.

- minha filha não é aberração Alejandro. Eu to cansada disso já. - falei sentando no sofá.

- cansada de que? - perguntou ele me olhando.

- cansada de não ter voz no nosso casamento. Sempre é você que da a palavra final. Você e seu machismo deixou faltar muita coisa na vida da Camila. Nunca me deixou trabalhar porque acha que lugar de mulher é em casa. Eu cansei disso tudo. Minha filha pode ser o que for mas independente disso é minha filha. Eu realmente não entendo merda nenhuma do que ela falou mas agora eu quero entender porque agora ela é a única coisa que eu tenho. - falei engolindo em seco e tirando a aliança do meu dedo. - eu prefiro perder você do que perder minha filha. - falei dando a aliança na mão dele.

- você ta abrindo mão do nosso casamento por causa da Camila?- perguntou Alejandro.

- estou acabando o nosso casamento por conta de nós dois. - respondi.

- você é maluca se ta achando mesmo que vamos acabar assim.- disse Alejandro saindo da sala.

Então eu respirei fundo sentindo as lagrimas se formarem em meus olhos.

Eu errei bastante com Camila, não fazia idéia se ela me perdoaria um dia por ter ficado calada em quanto via Alejandro batendo nela e ouvindo minha filha implorar para ele parar.

Aquela noite me assombra até hoje, nunca tinha visto camila gritar tanto da forma que gritou, nunca imaginei que Alejandro poderia ser o monstro que foi e eu nunca imaginei que seria conivente a uma situação com essa.

Eu era um monstro como Alejandro.

 

TransBoy- CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora