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"Como assumir para mim mesmo que eu estava me apegando a alguém sendo que eu disse que isso nunca aconteceria", Google, pesquisar.
Mal fazia um mês desde que eu e Jungkook começamos a ficar e eu, praticamente, já estava desmentindo — em minha própria mente — toda aquela minha garantia de que tudo o que eu teria com ele não passaria de uns beijos e umas possíveis transas futuras.
Mas não me julguem por isso, era impossível não se apegar!
Antes, nós tínhamos um certo receio de nos tratarmos com mais carinho por conta das negações internas e do medo de parecer estranho. E, agora, depois de termos colocado todas as cartas na mesa das nossas verdadeiras vontades lá no vestiário, parecia até que tínhamos ficado mais leves, mais confortáveis em sermos nós mesmos na companhia alheia.
Acabamos ficando mais próximos; menos medrosos em nos libertar das nossas cascas individuais, mais confortáveis para extravasar o nosso lado carinhoso e, principalmente, mais companheiros.
O Jungkook funcionava muito bem na relação que tínhamos. Ele era meigo demais e, ao mesmo tempo também, continuava a me tratar da mesma forma provocadora e irritante de sempre. Não era uma pessoa melosa ao nível de se enjoar, e sim um equilíbrio perfeito, do tipo que comenta: "Parece um cururu" nas minhas fotos do Instagram e me elogia pessoalmente como se eu fosse a obra mais caprichosa de Afrodite.
Ele soube amolecer o meu coração com maestria, e, às vezes, isso me assustava, porque a primeira regra para um relacionamento sem compromisso era não se apegar; eu sempre a mantive em meus relacionamentos passados, por isso jurei muito que com o Jungkook não seria diferente, jurei e agora estou na luta para continuar jurando, mesmo sabendo que, lá no fundo, eu já perdi miseravelmente.
Independentemente de tudo, eu não aceitava a derrota; ainda repetia para mim mesmo que nós éramos só ficantes.
Ficantes que passavam todos os dias juntos; ficantes que trocavam os mais belos sorrisos; ficantes que sempre tinham a pupila dilatada; ficantes que dormiam juntos; ficantes que perdiam noites conversando por mensagens; ficantes que compartilhavam os fones da playlist que montaram juntos; ficantes que roubavam as roupas do outro.
Mas ficantes.
Se alguma coisa saísse partida no final, que fosse. Eu era jovem mesmo, decepções doíam, mas faziam parte da vida; eu poderia superar um "lance adolescente" junto ao tempo, já tinha feito isso outras vezes.
Ao menos, era o que eu esperava.
Quase todos os dias nos intervalos, eu e o Jungkook ficávamos escondidos nos fundos do colégio, mas nem sempre passávamos aquele tempo inteiro só beijando a boca um do outro, nós também aproveitávamos a companhia alheia, seja conversando, dividindo os fones, rindo, ou fazendo qualquer coisa que o momento permitisse.
É, eu tinha realmente jogado tudo ao alto; me sentia um masoquista.
Se bem que a metáfora da minha vida era ser como um copo de vidro: se ele só estivesse rachado, bastaria um remendo sem graça para que ele continuasse inteiro e sem história, mas se ele fosse estilhaçado por completo e fosse remontado caquinho por caquinho, ele ficaria bem mais legal, tipo arte conceitual de museu.
Qualquer um sentiria mais orgulho de remontar um copo inteiro do que só encobrir uma rachadura solitária. Por isso que, se fosse para quebrar a cara, que fosse para quebrar direito.
Eu e o Jungkook estávamos encostados no muro do colégio, sentados um ao lado do outro no chão cor areia, observando todo o gramado extenso e vazio dos fundos num frio de condensar o hálito, mas irrelevante no momento por conta do nosso calor corporal bloqueando a friagem externa.
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RESILIENCE FILTER
Romance[Book trailer fixado no primeiro capítulo] Quando chegou à adolescência, Park Jimin nunca imaginou que viveria a fase mais louca e complicada da sua vida, muito menos que frequentaria um lugar tão semelhante a um manicômio no seu dia a dia; era norm...