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Durante todos os anos da minha vida, desde que me conheço por gente, eu passei a entender como algumas coisas funcionavam na mente do ser humano.

Uma delas, era como a nossa cabeça conseguia dividir tudo o que vivíamos — as nossas sensações, emoções, sentimentos, entre outros — em vários tópicos distintos em nosso cérebro. Tipo: o que gostamos e desgostamos; o que nos alegra e o que nos entristece; o que de amedronta e o que te dá coragem... Enfim, várias categorias distintas, individuais e variáveis para cada tipo de pessoa.

No meu caso, dentre todos, existia um tópico bem interessante que me chamava a atenção, principalmente, por ele em específico ser o menos alterável dentre todos os outros existentes, e esse tópico era chamado de "possível e impossível".

Na minha idade, as pessoas já conseguiam ter uma ideia do que era ou não era possível de acontecer em escalas de extrema convicção, seja no mundo, na física, em si próprio, ou de tudo o que era existente ou inexistente. Mas, naquela manhã de quinta-feira, sentado na ponta da cama de Jungkook, a minha mente desperta processava lentamente a estranha mudança de um item mental que passou do "impossível" para o "possível" em questão de uma única soneca.

Antes, bem no topo da minha lista individual do "impossível", estava escrito com letra vermelha e grifado com marca-texto verde-fluorescente: "Não conseguir acordar cedo de forma alguma sem ajuda de algum corpo externo".

E bem, aquilo tinha acontecido.

Pela primeira vez, no meio de um feriado, eu consegui acordar sozinho antes das dez da manhã. E por incrível que pareça, eu não estava nem um pouco cansado, nem mesmo exausto, me sentia revigorado até.

Jungkook estava no último sono ao meu lado, ele parecia um coelhinho fofo dormindo, mas só dá cabeça para cima, porque do peitoral nu para baixo a minha pressão só faltava cair com a quantidade de músculos e com as poucas tatuagens que lhe davam um charme único. Eu não queria acordá-lo, estava tão tranquilo... mas também eu não queria ficar olhando pro teto sem fazer nada por umas duas horas até que despertasse, muito menos queria descer para fazer um café da manhã, até porque eu não sabia fazer muita coisa, meus dons culinários eram bem limitados, e seria meio decepcionante vandalizar a sua cozinha para fazer pão com ovo e achocolatado para comermos.

Então, pela falta de opções e pela minha boa disposição, eu decidi fazer logo as minhas higienes pessoais da manhã. Tomei um rápido banho quente, escovei os dentes e aproveitei para dar uma boa cagada silenciosa enquanto podia, às vezes sentindo um pequeno nervosismo quando o troço fazia "Ploc" ao cair na privada — até porque, de acordo com a minha cabeça oca, o que come a minha bunda não devia saber que coisas saem dela; ou pelo menos, não pode saber quando estão saindo.

Sei lá, talvez quando estivermos casados, eu tenha coragem para assumir que eu cago.

Mas enfim, o meu plano de defecar em silêncio tinha dado certo, Jungkook não tinha acordado e o meu intestino estava feliz. Então, no ato seguinte, numa decisão meio óbvia e comum após um banho, eu fui me vestir.

Coloquei uma cueca, um short tactel da Moranguinho — que tinha roubado da Yuna há um tempão —, e decidi assaltar o guarda-roupa de Jungkook para roubar mais uma camiseta ou moletom seu para usar. Assim que fiquei frente a frente com as dezenas vestimentas penduradas nos cabides do armário, pelo menos uns 10% das roupas dali eu reconhecia como minhas — até porque era fácil achá-las, eram os únicos itens coloridos dali —, mas eu driblei todas elas sem nem me preocupar em pegar de volta quando iniciei a minha procura pelos seus trajes mais largos, às vezes tendo que tirar alguns cabides do lugar para colocá-los em frente o meu peito e analisar como a vestimenta ficaria em mim com ajuda do reflexo do espelho interno na porta do armário.

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