Capítulo 2

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Elas estavam chocadas, confusas, maravilhadas. Como? Como é que era possível alguém desaparecer mesmo há frente dos seus olhos! Estiveram distraídas por apenas alguns segundos, alguma delas os devia ter visto sair, nem que já só os apanhassem ao pé da porta, mas não, nada, nem um único vestígio deles, nem a porta a fechar lentamente como costumava após alguém passar por ela.

O Eclypse não era muito movimentado nesta altura do dia, este mistério aumentava mais e mais a cada momento, era claro o que estava prestes a acontecer, um certo aroma pairava no ar... a fragância da aventura.

* * *

Aiko estava de pé a olhar pela janela da varanda, a noite estava fria e escura, o céu salpicado de estrelas. Aiko sempre gostara de observar as constelações, embora não soubesse o nome de metade delas. As memórias dessa tarde pairavam como nuvens sombrias na sua mente, tinha tentado afastá-las da cabeça com os trabalhos da escola, mas sentia que ia enlouquecer se tivesse de lidar com Geometria mais um segundo. Por outro lado, o seu trabalho de Desenho ficara bastante criativo, parecia que todo este mistério a tinha inspirado.

Depois de arrumar os livros e pôr as retas e planos de lado, decidiu que era hora de jantar. Os seus pais raramente estavam em casa segundas à noite, então tinha de cozinhar para si mesma. Hoje faria a sua especialidade: noodles instantâneos.

Tinha acabado de ferver a água quando ouviu um barulho atrás de si, como um murmúrio, virou-se, alarmada, e percebeu que o som vinha da rua, perto da janela. Aproximou-se, hesitante. Preparava-se para abrir a cortina, quando a campainha tocou.

Aiko deu um pequeno salto, por causa do susto: Seriam os seus pais? Não, eles tinham chaves e ainda era demasiado cedo. Talvez um vizinho? E se fosse um ladrão?

A rapariga andou lentamente até à porta enquanto os mais horríficos cenários passavam pela sua cabeça.

-Quem é? – perguntou, sem abrir a porta.

Sem resposta.

-Alô? – Nada. – Está aí alguém?

O receio começava a ser substituído por impaciência que deu lugar à irritação. Abriu a porta de rompante, mas deparou-se com uma rua vazia e sombria, invulgarmente sombria.

Aiko voltou para os seus noodles, despreocupada, enquanto um sussurro ecoava no vazio da noite: "Foi por pouco...".

* * *

-...e depois não estava ninguém na porta, malditas crianças, interromperam o meu ritual noodliano. – Aiko e as outras 4 estavam no Eclypse, sentadas na sua mesa do costume a comer e a conversar.

-Não achas isso um bocado... suspeito?

Aiko parecia confusa com a pergunta da amiga ruiva.

-Primeiro o "rapaz do autocarro", depois a Mai, a Mayumi, Yuki Mayumi!!! começou a acreditar nas tuas fantasias. – esclareceu Dany.

-Chamaram? – Mayumi estava sonolenta, tinha acabado por perder a noção do tempo enquanto fazia pesquisa na noite anterior e, bem, 3 horas de sono não foram o suficiente.

Clara olhou para a rapariga e revirou os olhos:

-Depois aqueles clientes e a forma como eles desapareceram e agora ouves alguém fora da tua casa e depois não está lá ninguém e depois tu ignoras isso e depois vais comer e depois dormir como se não fosse importante e depois, e depois, E DEPOIS!!!

-Clara, tem calma.

-Desculpem, hehe. Encontraste alguma coisa interessante acerca de toda esta situação? – perguntou, dirigindo-se a Mayumi.

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