Este capítulo é dedicado à @FranciscaVitriaLiber e a todas as leitoras que acompanham a história, por terem me inspirado à voltar.
Muito obrigada!¤¤¤
“Estou sempre me perguntando
Se alguma vez vai acabar
Eu posso sentir isso nos meus ossos
Eu posso sentir isso nos meus ossos
De pé na poeira, do que restou de nós
(Eu posso te ver na minha alma)
Nós tomamos muitas chances?
Nós deixamos muitos passarem por nós?"
[ Walk Through The Fire — Ruelle & Zayde Wølf ]
§
Instituto de Nova York, 21h35
Com o cotovelo posto sobre a mesa de jantar e apoiando o rosto na mão, Clary cutucava os pedaços de strogonoff que lhe serviram de jantar, mas não comia nada de fato. Sem saber o que pensar ou o que fazer, sua mente vagava sem rumo. Estava chateada e isso estava claro para qualquer um que a observasse, mesmo que por poucos minutos.
Com a sensação de que não devia ter deixado seu ateliê para ir ao instituto, sua vontade era se afundar na cadeira ou deixar a sala de jantar para ir se deitar. Só não o fazia porque Alec, Simon e Izzy insistiram que ela se juntasse a eles no jantar enquanto todos esperavam pelo retorno de Jace e Max. Os demais até tentaram sustentar uma conversa socialmente amigável ao qual Clary não fez tentativa alguma de se inserir.
Alec olhava para ela de esguelha de vez em quando, começando a se irritar — não com Clary, mas com Jace e com a arrogância que ele insiste em sustentar. Por causa de Jace, Clary não tinha aquele brilho perspicaz no olhar, tão pouco reagia mais quando alguém elogiava seu novo corte de cabelo.
Sem ainda conseguir engolir aquela história de que Jace estaria com ciúmes dele, porque Clary o procurou ao invés do próprio Jace. Isso era loucura, Alec tinha certeza, coisa de alguém que não conseguia perceber que o erro estava em si mesmo, não nos outros.
Os olhos de Alec pairavam sobre Clary frequentemente, ainda que ele também não dirigisse a palavra a mais ninguém depois que o silêncio se concretizou, suas feições o denunciavam.
Ao som de talheres tintilando, copos se esvaziando, o silêncio cresceu. A espera por Jace e o resultado de Magnus de detectar um feiticeiro perigoso, porém poderoso já nem era mais o que os perturbava tanto. Izzy e Simon trocaram um olhar, se perguntando se seria possível ouvir o que Clary e Alec estavam pensando, será que todos eles estavam observando as mesmas coisas?
Izzy suspirou, conhecia Alec e Jace desde que se dá por gente e sabia reconhecer as mudanças bruscas de comportamento deles quando estas estavam por vir. Ela percebia cada dia mais que estavam vivendo aquele tempo que mundanos chamam de “calmaria antes da tempestade”. Jace estava recuando, Alec estava insatisfeito e Clary estava confusa.
Não interessa se seus problemas não estavam correlacionados — todos eles iriam desaguar no mesmo lugar.
— Tudo bem — anunciou Izzy de repente, não suportando mais todo aquele silêncio irritante —, para mim já chega. O que está acontecendo aqui, afinal? Nem parece que temos duas festas a caminho por aqui.
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Runas do Tempo
Roman d'amourHá algo no mundo e no submundo, que todos têm de lidar, independente de quem se é, sendo extraordinariamente diferente ou absolutamente comum, não importa, humanos, nefilins, bruxos, fadas, ou qualquer outra criatura que seja, todos são submetidos a...