Capítulo 6: Dualidade da Alma

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“Combate, estou pronta para o combate

Eu digo que não quero isso, mas e se eu quiser?”

[The Archer – Taylor Swift]

§

Cidade de Idris

(18h10 no horário de Nova York)

Os gritos de agonia ecoaram pelos corredores imaculadamente limpos do principal prédio de coordenação e execução da lei que rege o mundo dos Caçadores de Sombras.

Os Nephilim que guarneciam aquele corredor, por onde se acessa o local do interrogatório, olhavam diretamente para frente, com suas expressões sérias de superioridade, como se não ouvissem os berros de dor, as exclamações que negam suposições, as súplicas que clamavam por misericórdia. Ignoravam o fato de o interrogado um dia já ter sido um deles, um caçador de sombras como eles, um guardião de Idris e um amigo leal.

O réu a ser interrogado era suspeito de desrespeitar a lei, supostamente, por ter deixado três submundanos entrarem na cidade de Idris de forma ilegal, mas as provas são inconclusivas e assim, o investigador precisava forçar o acusado a falar.

– Eu já disse! Não fui eu! – A voz do Nephilim interrogado era de Mackenzie Fairchild, um primo muito distante de Clary Fray. Amarrado a uma cadeira, seu tom de sua voz era carregada de dor. As runas de tortura que foram marcadas em seu corpo estavam tão fortes, marcadas até sua carne a ponto de sangrarem. – Não fui eu! 

– Se não foi você, então quem foi? – Perguntou Jeremy Gray, encolerizado, com a ponta de sua lâmina seraphim colada ameaçadora junto ao pescoço de seu suspeito. Jeremy estava frustrado, sua voz era elevada por conta de uma fúria inigualável. – Porque alguém o fez! Alguém permitiu a entrada ilegal de dois vampiros e um feiticeiro de Idris, e tudo indica que foi no seu turno, na área que você cobre! Como você me explica isso, Mack?!

– Como poderia ter sido eu, sendo que eu só tinha feito meu visto de monitoria a três minutos antes de soar o alerta? Da monitoria ao meu posto levam 15 minutos de caminhada! – Mack insistiu, rangendo os dentes, desesperado para que alguém acreditasse nele. – Faça as contas, pelo amor ao Anjo! O timer não bate, eu nunca poderia deixar ninguém entrar em Idris sem estar em meu posto, poderia? – Duas lágrimas quentes de dor escorriam pela face de Mack. – Jeremy, por favor, acredite em mim. Eu jamais trairia a Clave, jamais!

A lâmina pairou sobre a jugular de Mack, durante vários minutos, os olhos verdes de Jeremy esquadrinharam ao rosto do réu com uma intensidade ferrenha, como se Jeremy se recusasse em acreditar no que Mack dizia, como se procurasse qualquer desculpa para julgar falso esse testemunho. Mas não havia, tudo soava verdadeiro, porque era.

– Eu até queria acreditar em você – a voz de Jeremy diminui para um murmúrio, não que o caçador estivesse menos furioso, mas porque ele chegou ao estágio de usar golpes baixos para tentar obter a confissão que desejava. – Mas eu tenho apenas uma hora para entregar respostas, e se você não me oferecer nenhuma, será pior para você, está me entendendo?

Mack engoliu em seco, olhando fixamente para Jeremy, mas nada disso. Tal silêncio irritou ainda mais a Jeremy, que num rompante de ódio, desferiu um soco com um gancho de esquerda no queixo de Mack. O golpe veio de baixo para cima, quase fraturando a mandíbula de Mack com um único golpe e ainda fez o réu pensar estar vendo estrelas. Jeremy foi impetuoso, mal dando tempo para Mack se recuperar do soco, o interrogador já estava diante de Mack, segurando-lhe a garganta de modo sufocante. Mack teria cuspido em Jeremy, se sua mandíbula não estive levando tanto tempo para se recuperar do último golpe. 

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