Capítulo 3: Eternos Guardiões

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"Mortalidade, observe e seja temente!

Tamanha mudança na carne aqui presente:

Pense em quantos esqueletos reais

Jazem nestas pilhas de pedras sepulcrais"

[As Peças Infernais - Príncipe Mecânico]

§

Instituto de Manhattan, 17h36

Quando teve a súbita compreensão do que acabara de dizer, Clary elevou a mão à boca, de olhos arregalados, ao mesmo tempo que o queixo Alec caiu, tão chocado quanto ela mesma. Não é como se ele nunca tivesse se enfurecido com Jace, pelas vezes que seu amigo agia como um pavão que adora chamar a atenção só para si, mas ele também não estava esperando esse tipo de coisa saindo da boca de Clary, não justamente de Clary.

-Ah, droga! Eu não devia ter dito isso -Clary murmurou para si mesma-, não deveria. Alec, por favor, pelo amor do Anjo, não conte ao Jace que eu te disse isso, por favor...

-É claro que eu não vou falar nada - Alec franziu o cenho -pois é você quem deveria falar isso para ele.

-Eu? Eu não! Quero dizer, da forma como ele anda, se eu simplesmente chegar e dizer isso à ele do nada, é capaz de ele dizer "Já vai tarde", e eu não quero isso!

-Espere, Clary, também não é assim que as coisas funcionam. Se você está tão insatisfeita, é óbvio que tem algo errado aí. -Alec contestou. -Então vai, me diga, o que você quer?

-Eu... -Clary hesitou, fazendo seu peso corporal pender de uma perna para a outra. -Eu queria que ele voltasse ao que era no início, sabe? No início do nosso namoro, quando ele era atencioso, ouvia o que eu dizia, levava minha opinião em consideração... mas agora, ele tem agido de forma tão... tão...

-Tão Jace? -Indagou Alec, num murmúrio. -Para mim, parece você só está o vendo como ele realmente é.

-Ele parece tão diferente para mim -admitiu a ruiva, o que fez Alec suspirar e perguntar mentalmente ao Anjo como poderia a ajudar, ou a menos, tentar.

-Clary, olhe ao seu redor. Tudo está diferente, nem mesmo você é a mesma pessoa de oito anos atrás. -Diz Alec, estendendo seus braços, indicando o espaço ao redor deles, que realmente havia recebido várias reformas nos últimos cinco anos. Clary bufou, contrariada, ao cruzar seus braços. -Ah, aliás, se você não pretende ir a esse jantar, porque fez o cabelo?

-Uma coisa não tem nada a ver com a outra. -Clary então aponta para seu próprio cabelo. -Isso foi ideia de Izzy, ela marcou hora com a cabeleira seelie dela e pagou antecipadamente, tive de ir para não fazer desfeita. E acontece que eu simplesmente não me sinto bem o bastante para comparecer a esse jantar, então... será que você se importaria em me ajudar a me distrair disso, só por hoje?

A voz de Clary evidenciava aos ouvidos de Alec que ela dizia a verdade. Dividido entre a moralidade que havia entre ajudar Clary e ir contar a Jace o que estava acontecendo, Alec precisou ponderar sobre um assunto por um momento.

-Ele tem mesmo te tratado assim, com tanta frieza? -Cruzando os braços, Alec perguntou. -Será que não é você que está diferente, Clary? Talvez almejando coisas que ele não compartilha com você?

-Ele não falou nada para você, sobre o que se passa com ele ultimamente? -Fray franze o cenho, mas ao perceber o riso sarcástico que surgiu nos lábios de Alec, ela repensou sua pergunta sem que o caçador não precisasse dizer nada. Obviamente que a resposta era não. Com Alec tendo residência fora do Instituto, embora seguisse suas atividades normalmente como Caçador de Sombras, Jace estava comando do Instituto agora e todas aquelas burocracias estafantes recaiam sobre o loiro agora. Tempo para conversarem, era algo que Jace e Alec menos tinham, Clary devia saber disso. -Quer saber? Esqueça, esqueça o que eu disse.

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