Nova Etapa da Vida [ Hiatus ]

8°√

×× Alana ××

Mais um dia cansativo de trabalho que teve o seu início ao horário de sempre. Não era e nunca foi do meu feitio reclamar da rotina que levo. Meu dever com o hospital começava às oito horas da manhã e se encerrava sempre às cinco da tarde, me dando toda uma noite livre de qualquer compromisso que não fosse a minha filha. Mas hoje não era apenas mais um dia como outro qualquer, esse tinha um peso diferente, trazia de volta consigo lembranças que acabam comigo. Esse é o segundo dia do ano que eu tenho um ponto exclusivo para ir assim que encerro meu horário no hospital. Virou um marco para mim deixar uma mensagem no celular do Adam, da Marcelly ou no de Susan. Era sempre um diferente para diferentes ocasiões. Dependia muito de qual era o meu estado emocional no momento exato da comunicação.

- Então é isso sra Torres, mantenha os medicamentos nos horários indicados na prescrição médica e faça um retorno dentro de um mês - expliquei enquanto terminava de rabiscar a receita - Você vai ficar bem garotão - sorri pro moleque sentado ao seu lado.

- Obrigada doutora - agradeceu já deixando a minha sala logo em seguida.

Hoje sendo uma data muito difícil para mim, tive a força de vontade em pedir uma liberação bem antes do final da minha carga horária. Sendo assim, ela e seu filho eram meus últimos pacientes do dia. Então estranhei minha secretária informar que havia alguém querendo falar comigo, mas não quis informar o nome. Como uma pessoa muito bem humorada na maioria das vezes, pedi que a entrada fosse liberada e soltei um longo suspiro ao me focar na tela do celular para escolher o meu alvo da vez, isso até elevar o olhar ao ouvir a porta ser aberta e abrir o meu melhor sorriso ao ver a razão dos meus dias mais alegres entrar ao lado de Susan.

- Ei amor - foi o que eu disse enquanto a prendia em um forte abraço e deixava um carinhoso beijo em sua bochecha - O que fazem aqui? Já estava dando um toque em um de vocês.

- Sei disso, eu sempre me lembro. Mas ela não parava de perguntar por você - sorriu sem muito humor enquanto observa minha vida ao meu lado - A cada dia que passa, a semelhança entre elas se torna ainda mais gritante.

- É sim - concordei tomando minha pequena no colo - Você é o clone da sua mãe, não é pequena? - em resposta, ela sorriu se escondendo em meu pescoço.

- Para uma criança tão jovem, ela é muito esperta - passou por mim pegando minha pasta e voltando à porta - Imagino que já esteja de saída, estou certa?

- Está sim - concordei já deixando o hospital com a mesma em minha cola - Mas não quero levá-la comigo.

- Se esse for o problema, posso ficar com ela no carro a sua espera, mas acho que já está na hora de você ter companhia nesse momento.

- Ela só tem pouco mais de três anos, Susan. O completou há duas semanas - comentei deixando minha pequena em seu devido lugar no banco de trás e abri o lado do carona para que minha cunhada pudesse entrar - Ainda não sei se esse é o momento.

- A decisão é sua, mas essa explicação não é algo que deva se estender por muito mais tempo. Ela já está em uma fase onde o entendimento se torna fácil - sorrindo se virou para a sobrinha - Não é meu amor? - em resposta, minha pequena apenas assentiu e eu me permiti sorri enquanto seguia com o caminho do momento.

Com minha atenção dividida entre o trânsito e as brincadeiras de Susan com Alice, não levei nem mesmo quarenta minutos para já estar estacionando na parte principal do local. Respirando fundo, desci do carro já tomando em minhas mãos o buquê de flores comprado pela manhã e entregue minutos antes da última consulta. Exibindo um meio sorriso, deixei um beijo na testa do meu anjo, que se encontrava ao lado da tia encostada na lateral do carro. Então me virando de costas, caminhei a passos vacilantes até seu nome a poucos metros de distância de onde Susan me observava com minha vida, agora à sua frente.