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×× Susan ××

Ouvir Mário jogar aquela realidade em nossa cara, surtiu o mesmo efeito de um nocaute causado por um profissional do UFC.

Possuía a noção de que o fim estava próximo, mas não seria fácil aceitar o peso da triste verdade quando ela enfim se fizesse presente, pois todos estávamos nutrindo a esperança de que de alguma forma tudo iria se ajeitar. Apesar de meio idiota, criamos teorias de uma ação inesperada que pudesse resultar na rápida cura da minha irmã. Na intenção de suprir toda a intensidade dos sentimentos negativos, escolhemos acreditar que ela conseguiria sair dessa mesmo os médicos dizendo exatamente o contrário, afinal, ela sempre foi muito teimosa. Gostaria que sua teimosia fosse grande e forte o suficiente para derrotar essa doença indesejada, mas infelizmente não era bem assim.

Adentrar seu quarto e vê-la desacordada sobre aquela cama doeu, doeu muito, mas do que sequer poderia imaginar. Não pela cena em si, mas por saber que sua serenidade significava sua vida se esvaindo sem pedir permissão, da forma que vinha acontecendo desde a última semana. Era evidente para todos que esse dia não estava muito longe, pois a cada novo início o seu cansaço aumentava ainda mais, e seu semblante mostrava exatamente a mesma coisa. Ela estava mesmo nos deixando.

Não entendi o porquê de Alana simplesmente deixar o quarto do nada, tão pouco entendi o que Elly foi falar com ela, e também não iria perguntar,pois sentia que não receberia a resposta que procuro. Por isso soltei um longo suspiro e me coloquei em seu lugar tomando a mão da pirralha entre as minhas, sentindo o quão gelada ela estava.

Foram longos minutos naquela mesma posição, fitando seu perfil enquanto lhe cedia um leve carinho sobre a mão em minha posse, com os demais esparramados no sofá ao lado da porta. Já estava fazendo até mesmo o impossível para segurar as lágrimas presentes em meu olhar, pois não conseguia aceitar a ideia de que até o fim do dia não a teria mais ao meu lado, mas meu esforço foi por água abaixo ao receber a resposta para meu toque em um brando aperto.

- Oi - falei levando meu olhar até o seu ao exibir um breve sorriso em sua direção - Como está se sentindo?

- Ainda estou vida, o que deve significar algo - até em momentos de extrema seriedade ela ainda fazia piadas, e devo tudo isso ao seu tempo ao lado da irmã do meu namorado. Poderia ainda não estar bem com ela, mas sabia o quão bem a mesma fez para Ellen. A pirralha nunca foi tão feliz antes, não até conhecer a Alana. Sempre reconheceria isso, não importa o que os outros tenham a dizer.

- Não tem graça El - Elly respondeu por todos, pois esse era o fato consumado do momento,e a pirralha entendia isso, porém queria passar alguma força pra gente.

- Sei disso, mas não há nada melhor para dizer - jogou o seu ponto ao se ajeitar de forma mais confortável enquanto analisava todos os cantos do quarto, e já sabia muito bem o porquê. Todos sabíamos - Onde ela está? - sua preocupação era tão visível quanto sua dor, a qual a mesma fazia de tudo para tentar esconder, porém não adiantava muito, já que a conhecíamos o suficiente para conseguir lê-la.

- Saiu para respirar ar puro há algum tempo - Adam disse ao checar as horas, e o olhar que minha irmã lançou em cima de Elly foi assustador, me causando um breve desentendimento - Falei algo errado?

- Eu pedi para cuidarem dela - jogou seu ultimato sobre nossa amiga ignorando a questão do cunhado, o que me deixou ainda mais curiosa.

- Estamos fazendo isso, El. Bem antes daquela nossa conversa.

- Vão me dizer do que estão falando? - não queria mais ficar no escuro, e percebendo como o assunto deixava Ellen em uma situação ainda pior, busquei saber tudo ao que se referiam.

Nova Etapa da Vida [ Hiatus ]Onde histórias criam vida. Descubra agora