Meu anjo

Eu já disse que não

Derek já estava deitado em sua cama há algumas horas. Ele tomou os comprimidos que Stiles havia levado para si. Mas não trocaram mais nenhuma palavra. Apenas sorrisos.

O homem mais novo sorria simples, mas aquele sorriso acolhedor e quente, que mantinha aquecida a sua calma e s vontade de voltar a ser o antigo homem que Derek era. Enquanto isso, o homem mais velho apenas sorria um pouco forçado. Aquele sorriso de alguém que abaixa a espada e o escudo e deixa simplesmente que qualquer coisa aconteça. Aqueles sorriso que demonstrava não ter mais interesse algum na vida. Aquele sorriso que apertava o peito de Stiles por já o ter visto incontáveis vezes e saber exatamente o que se passava na cabeça do moreno de olhos verdes deitado a sua frente.

Se os dois já se mantiveram calados na entrada do castanho no quarto, na despedida não poderia ser diferente. Stiles se retirou do quarto ainda sorrindo, mas assim que fechou a porta ele suspirou pesado. Derek? Ele encarou a porta se fechar antes de voltar o seu olhar para cima. Sabia que o castanho não estava gostando daquela situação. Ele era bastante tagarela, pelo que o Hale pôde perceber na noite em que foram apresentados. Talvez o plano de Derek estivesse dando certo.

O quê? O pobre Hale não pode se iludir, não? E sim, Derek ainda mantinha em sua cabeça que faria Stiles sair daquele apartamento por vontade própria em menos de uma semana.

Pois é, Derek Hale sendo Derek Hale. O ser humano mais cabeça dura que já surgiu na família Hale. Que já surgiu naquela cidade, se bobear. Quando o moreno de olhos claros colocava algo na mente... Ah, ser humano. Corra para as montanhas, pois nenhuma criatura existente poderia tirar isso de sua cabeça.

Exceto...

Jennifer, em algumas ocasiões o Hale sempre cedia para a mulher. Era impossível. Ela vinha toda sexy e sorridente para si, dizendo o recompensar bem caso ele mudasse de ideia. E Derek negando sexo com Jennifer? Com toda a certeza desse mundo não era Derek. Sexo com Jennifer era a única coisa do mundo que podia fazer o moreno mudar de ideia. E como ele está sem sua amada no momento...

É! Stiles se mudaria daquele apartamento num piscar de olhos.

Já se passava das onze horas da noite. Derek já havia jantado, Stiles trouxera sua comida em uma bandeja e se retirou sem falar nada novamente.

Ok. Aquilo estava ficando estranho. Sem sorrisos aquecedores? Aqueles sorrisos que faziam Derek se lembrar de seu filho e sentir vontade de chorar e sorrir para Stiles ao mesmo tempo. Derek até perguntaria o motivo de Stiles estar sério. Mas logo sua mente o alertou em um estalo para que ele se calasse o quanto antes. Stiles deveria estar desconfortável. Isso era bom, muito bom, na verdade. Significava que o plano de Derek estava começando a funcionar mais rápido do que ele esperava. O Hale sorriu assim que a porta se fechou. Não fora um de seus melhores sorrisos, afinal, Derek ainda estava depressivo. Estava de cadeira de rodas, sem esposa, sem filhos, apenas um enfermeiro meio louco que o lembrava muito sua mulher e seu filho ao mesmo tempo.

O Hale sorria vitorioso enquanto mastigava o frango feito pelo castanho e depois levava um pouco de purê de batata doce a boca. Uma coisa ele tinha de admitir, o outro sabia cozinhar. O bolo que ele comera quando acordou depois da queda na cozinha, ele acabou descobrindo que fora feito pelo castanho enquanto o Hale dormia. Os pratos que Derek experimentara no almoço e no jantar, aparentavam ser pratos finos de restaurantes renomados, mas ele acabou descobrir ser pratos simples do dia a dia, os quais, muitas vezes, sua governanta, Betty, os fazia. Mas os do homem que morava embaixo de seu teto, agora, eram melhores. Derek jamais admitiria isso em voz alta, muito menos deixaria transparecer.

Depois de comer o jantar, Derek pôde ouvir o som do castanho arrumando a cozinha.

“Como ele conseguia?” Derek se perguntava.