Meu anjo

O cara dos patins

Derek estava na sala de espera, aguardando Cora e Laura acabarem de falar com o doutor Allan Deaton. Ele finalmente estava voltando para casa. Depois dos três prometidos meses. Derek encarava a televisão a sua frente com o mais puro desinteresse. Estava sendo exibida uma reportagem sobre a saída dele do hospital. Era possível ver os repórteres na frente do hospital aguardando a saída do jogador. Derek se encontrava desinteressado pelos repórteres, ele só queria chegar em casa logo e se afogar em bebida enquanto se isolava do mundo. Ele já imaginava Laura e Cora tentando lhe chutar para o hospital para voltar a fazer os exames. Mas Derek não iria mais fazer tratamento. Ele já havia desistido de recuperar os movimentos de suas pernas, ele já havia desistido do tratamento. Ele já havia desistido de voltar com Jennifer, de poder ver o seu filho novamente, de poder voltar a viver uma vida.

O Hale suspirou encarando os outros pacientes que ali estavam. Havia pessoas de todas as idades. Crianças, idosos, adultos e adolescentes ... Alguns deviam estar esperando informações sobre outros pacientes, já outros deveriam estar esperando para serem atendidos. Algumas pessoas lhe reconheciam e falavam consigo, mas o moreno estava desanimado demais para sequer dar atenção aos seus fãs. Algumas enfermeiras pediam aos pacientes para não o incomodarem, pois o homem precisava descansar e que estava ali apenas esperando as irmãs acabarem de falar com o doutor. O rosto do Hale não expressava emoção alguma para nada. Ele apenas pensava em sua, agora, ex-mulher e no filho.

Na noite em que Jennifer o deixou, Derek jurou para si mesmo que iria se recuperar e que iria reconquistar a mulher. Mas em um mês, ele não recebeu notícia de melhoras em seu estado, o que o deixou deprimido. As palavras de Jennifer o deixaram magoado e a hipótese de não poder voltar a andar e reconquistar sua família o deprimia ao ponto de não querer mais tratamento algum. O moreno de olhos verdes desistiu do tratamento na metade do segundo mês. Ele havia se convencido de que não melhoraria e que estava apenas gastando tempo e dinheiro. Houve uma discussão com Laura, Cora e Deaton. Os três se recusavam a deixar o moreno abandonar o tratamento, mas Derek já era um adulto e se ele quisesse abandonar o tratamento, ninguém poderia impedi-lo.

Laura pediu que Derek continuasse com a fisioterapia por mais um tempo, até que ele completasse três meses de tratamento e se não houvesse resultados, ele poderia desistir. Derek relutou, mas no final acabou cedendo ao pedido da irmã mais velha. Seus pais ficaram tristes com a notícia, sua mãe chorou ao telefone por saber que o filho estava desistindo de se curar e até mesmo deu um sermão em Derek. Ela dizia que ele era um Hale, e que naquela família ninguém desistia. Dizia que o moreno devia honrar o sangue que corria em suas veias e continuar o tratamento, mas Derek estava deprimido demais para aceitar qualquer sermão e voltar para o tratamento. E assim como o prometido, agora Derek estava recebendo alta do hospital, Laura e Cora estavam terminando de falar com Deaton e o levariam, a contra gosto, para a casa do moreno.

Derek sabia que sentiria dor no exato momento em que adentrasse em seu apartamento. Ele veria as várias fotos de Theo e Jennifer e começaria a chorar sem sombra de duvidas. Seria muito doloroso ver todas aquelas lembranças e depois se dar conta de que não existiriam mais momentos como aqueles já que eles o abandonaram. Derek já estava se preparando emocionalmente para a tortura psicológica que seria viver em seu apartamento. A cadeira de rodas do moreno começou a ser empurrada. O homem olhou para trás e pôde ver Cora sorrindo gentilmente em sua direção. Derek apenas voltou a encarar os próprios pés enquanto era empurrado até o estacionamento.

Depois de Laura ajudar o irmão a entrar no carro e Cora guardar a cadeira de rodas no porta malas do mesmo, os três saíram do hospital. Encontraram poucas dificuldades para passar pelos repórteres ao saírem do estacionamento. O caminho foi silencioso por parte de Derek, que apenas respondia suas irmãs com um simples “hum”. Laura encarava Derek pelo retrovisor enquanto dirigia. O moreno apoiava o queixo na palma da mão e o cotovelo na porta. Ele encarava o lado de fora com total desânimo, como se a ‘paisagem’ do lado de fora fosse a coisa mais interessante do mundo, e ninguém poderia criticar o pobre homem. Ele havia ficado paraplégico e ainda fora abandonado pela mulher, que acabou levando, o seu filho, com ela. Isso acaba com o ânimo de qualquer um.