Parecia idiota porque Theo nem tinha barba o suficiente para fazer, mas Ernest tinha o cheiro da loção pós-barba gravada cada vez que respirava fundo.
Parecia estupido sentir que estava caindo de 20 andares mesmo estando a horas no banco da frente do carro do seu pai que o olhava preocupado. Será que era possível escutar seu coração se quebrando inúmeras vezes dali?
Parecia sem sentido sentir amor tão novo. Mas amar faz sentido de alguma forma?
- Theo é um idiota, Ernie.
Freddie tentava amenizar as coisas. Ele sabia. Seu irmão sempre trazia uma forma de mostrar o lado brilhante e positivo da situação, mas dessa vez não ia funcionar.
Foi depois da dança, antes do bolo, quando Liv tirou as mãos quentes de Theo das de Ernest para dançar e soltou que ele deveria dar atenção à namorada dele. Claro que Ernest questionou. É claro que Theo confirmou.
Mais claro ainda quando Theo fez questão de mostrar a família toda a novidade. Posar para as fotos. Ser o príncipe. Ser o Theo que Ernest sonhava todos os dias antes de dormir. Ele queria acordar.
Não chorou. Levantou o queixo e foi se sentar de volta com a família. Seu pai preocupado demais com Styles e o pequeno bastardo que eles teriam em breve. Céus, as coisas poderiam ser mais fáceis, sim? Ele só precisava de um abraço, ele não queria se sentir daquela forma.
Se Lisa estivesse lá, provavelmente diria para que Ernest chorasse. Desabafasse toda dor. Mas ele não conseguia mostrar fraqueza pra família, quando Tia Perrie perguntou se Liv e Theo não eram fofos demais para serem reais, ele apenas confirmou que sim, eram, que se mereciam e se encaminhou para o jardim.
Lá ele pode chorar toda dor, frustração e raiva que sentia. Freddie, claro, o encontrou. Doce como só ele consegue ser, abraçou o irmão pelo pescoço e prometeu bater em Theo quando a festa acabasse.
- Não chora mais Ernie, eu te amo! Não é o suficiente?
O mais velho dos Tomlinson queria que fosse.
Sendo assim a noite havia acabado, antes de bolo, brinde e entrega de lembrancinhas. Louis não podia ver seu filho sofrer daquele jeito, doía nele de uma forma mais pessoal do que deveria. Então apenas carregou seus três meninos de volta para o interior da cidade, na fazenda onde moravam.
Oliver capotou no sono em meia hora de viagem, sua cabeça deitada no ombro de Freddie, respirando profundamente, os longos cachos loiros caindo nos olhos como se fosse uma cortina barrando a luz. Fred nem ao menos se mexia para não acordá-lo sem querer. Seu peito doía um pouco, mas ele estava evitando tossir com força. Conseguia esperar um pouco, já estavam quase chegando.
A viagem foi silenciosa, nem mesmo as músicas ajudavam, uma vez que Ernest trocava de estação toda vez que uma animada tocava. Quando "Bleeding Love" começou a tocar pela quinta vez, Louis apertou o botão para desligar. Só se deu para ouvir um soluço baixo vindo de Ernest em reprovação.
Era quase meia-noite quando desceram do carro, a noite estava quente e os grilos conversavam alto por ali. Ernest ajudou Oliver adormecido, carregando o mesmo nas costas, enquanto Freddie e Louis iam logo atrás. O filho mais velho largou a criança de Harry na cama de Freddie que nem mesmo se mexeu, tamanho era o sono.
- 'Tô indo pro meu quarto. – Murmurou antes de deixar pai e irmão no outro cômodo.
Louis então começou a rotina de ajudar Freddie a se preparar para dormir. Precisou acordar Oliver que vestiu o pijama de olhos fechados e quase não conseguiu escovar os dentes. Assim que os dois rapazinhos estavam em seus macacões coloridos, um dos pequenos dramas foi iniciado.
- Não Pai! Eu não preciso dele hoje! – Toda a frase foi dita em uma tosse feia e carregada. Louis suspirou.
- Vamos Fred, você está tossindo há horas, vai ser rápido eu prometo.
- Não quero! – Disse, esfregando os olhos com as costas da mão em um gesto de manha, sacudindo as pernas. – No seu quarto, vamos fazer lá no seu quarto!
- Harry e Doris estão dormindo lá. – Disse mantendo o tom baixo e paciente. – Fique quieto, vai acordar Oliver.
Louis sabia que seu menino estava cansado, o sono sempre deixava Freddie mau-humorado e sensível a tudo. Ele aproximou a máscara do nebulizador, mesmo tendo seu coração partido pelos olhinhos lacrimejando e fungando baixo. Quando o aparelho realmente foi ligado, Freddie já estava chorando por não querer passar por aquele processo rotineiro, mesmo não se sentindo bem, ele queria fingir não ser o garoto doente aquela noite.
O mais velho entretanto, estava sendo o mais paciente possível, uma das mãos segurando o nebulizador e a outra enrolando os fios de Fred na ponta dos seus dedos, sempre olhando nos olhos do filho e contando coisas aleatórias para distrair. Sempre funcionava. Dez minutos depois, a medicação já estava no final e o pequeno Tomlinson se encaminhava para o sono que esperava.
Louis deixou um abajur aceso na luz baixa e cobriu as duas crianças, depositando um beijo na bochecha de cada uma. Seu corpo implorava pela sua cama, mas ainda faltava mais um beijo a ser dado.
E esse era realmente necessário.
Ernest já estava dormindo quando entrou no quarto. Havia alguns lenços de papel e a mesma música estava tocando no pequeno rádio ao lado da cama. Louis o desligou e pegou os papéis do chão. Ficou um tempo sentado ao lado do garoto, acariciando os fios delicadamente. Lembrou do seu pai quando Harry havia ido embora. O homem simplesmente não conseguia dizer algo sem chorar, acabou que por fim Jay precisou consolar não só o filho pelo namorado, mas o marido pelo genro que perdeu também.
Se curvou para sentir o cheirinho de laranja que o filho tinha e o ajeitou nas cobertas. Amanhã seria um outro dia e ele esperava que aquela situação não atrapalhasse com tudo que Ernest estava tendo que lidar atualmente. A porta do quarto foi deixada entreaberta como de costume.
Finalmente no seu quarto, Louis desejou se jogar em seu colchão como sempre e dormir com aquela roupa mesmo. Seria um pecado se o fizesse com a cena que estava a sua frente. Harry e Doris dormindo descobertos e tão juntinhos para não passarem frio era tão adorável quanto a cesta de filhote com dálmatas que encontraram outro dia.
Infelizmente seria muito difícil para dormir com a criança, que se mexia como um peixe durante a noite, o que fez o moreno desfazer a cena e levar a menor para o quarto. Ao voltar do banheiro, já em seus calções para dormir, se deitou ao lado de Harry, puxando a coberta por cima de ambos. O sono leve do rapaz o acordou com esse gesto.
- Você chegou, fiquei esperando. – Disse com a voz rouca e lenta, fazendo Louis rir baixo. – Como foi a sua noite?
- Boa até certo momento, alguns dramas aconteceram, mas podemos falar sobre isso de manhã. - O moreno colou sua testa na do outro, raspando seu nariz levemente. Harry estava com aquele cheirinho de sono e remédio para febre, que fazia Louis se sentir a pessoa mais esquisita do mundo por gostar.
- Você não está mais bravo comigo. – Era uma mais uma afirmação do que uma pergunta.
Em resposta ganhou suas pernas sendo enroscadas com a do outro e um Louis se ajeitando para dormir na curva do seu pescoço, a mão nas suas costas por debaixo da camiseta.
Suas raivas não duravam muito.
Como poderia?
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the kids are alright ↺ l.s
FanfictionTreze anos atrás, Harry Styles deixou sua cidade natal para se encontrar e fugir das amarras de sua família. Agora ele tem basicamente tudo em ordem, uma casa longe de todos, seus livros como autor de terror publicados e criando seu filho em paz. M...