Capítulo 1

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— ... E quanto aos gatinhos religiosos? Hum? Seria excitante desviar um deles do caminho de Jesus para o "Não vivo sem os peitos da Astrid longe de mim", que tal?

Mostro o dedo do meio pra minha webcam. Cat é minha melhor amiga, crescemos juntas (pois ela mora no condomínio onde cresci) e estudamos na mesma escola desde os 8 anos de idade. Sabemos absolutamente tudo uma da outra. Nunca cansamos da cara de idiota uma da outra. Nos amamos mais que tudo. Choramos por horas no dia em que meu pai soltou a bomba da mudança mas nós duas estamos com um acordo de amizade, vamos nos inscrever para as mesmas faculdades no fim do ano letivo. Agora é rezar pra passarmos nas mesmas.

— Olha, eu ainda amo o Wendy, tá legal? Estou aqui há 3 semanas Cat, não é como se meu amor por ele evaporasse assim de uma hora pra outra. — digo, mordiscando o esmalte da unha. Ela suspira do outro lado, está esquisita — O que aconteceu?

Não sei, nada. — diz rapidamente confirmando minhas suspeitas de que algo rolou. Ela solta a respiração e vejo os olhos verdes mais doces do mundo transmitirem pesar através de uma tela. Então ela diz; — Fui numa festa esse fim de semana, abri a porta do banheiro e vi o Wendy com Rebecca Sitter, a cabeça dele estava entre as pernas dela. Ele não me viu, ela viu e ainda me deu uma piscadela.

Sorrio.

— Eu sei, ele me disse.

O queixo de Cat despenca.

Você já pegou a Rebecca também? — ela questiona, chocada quando eu assinto, confirmando — Que droga de casal vocês são? Vão acabar pegando uma DST nesse ritimo.

Dou uma risada. Meu relacionamento com o Wendy só está durando porque nós dois gostamos de diversão. Quando ele encontra uma menina que quer transar, ele a trazia pra mim e nos divertimos a 3. As vezes ele se divertia sozinho com a escolhida enquanto eu ia em algum bar e encontrava algum cara pra transar. Estamos no século XXI, e tem gente demais no mundo, não dá pra se contentar só com um. E eu amo o Wendy, ele tem meu coração inteiramente mas não o meu corpo. E nem eu o dele.

— Eu ainda não peguei ninguém, como já te disse. Nem fui a nenhuma festa aqui, nem acho que tenha festas nessa merda de cidade. — agora é minha vez de suspirar de forma cansada. Estou aqui há algumas poucas semanas e não vi nada interessante. E nem fiz amizades, não com adolescentes — Só conheço os funcionários do meu pai. E a moça do mercado, ela tem uns 25 anos e é uma fracassada mas curte Nirvana e elogiou meu corte de cabelo, seria ela minha nova melhor amiga?

Como ela se chama?

— Esqueci o nome dela. Estava chapada na hora que fui fazer as compras.

Bem, você precisa socializar. Não me sentirei bem se você ficar aí toda pra baixo. Tenta sair, passear. Você já tem um carro?

— Sim mas... Não tô afim, não por hora. Deixa eu ficar no poço mais um pouco. Quem sabe meu estado depressivo não convença o Sr. Atwin a repensar essa decisão de merda. — murmuro fazendo biquinho e ela sorri tristemente — Sinto sua falta. E do seu cheiro de côco.

Eu te amo. E não vou te substituir. Vou enfiar minha cabeça nos livros e me esforçar, quero ver nós duas em alguma universidade da Ivy League ano que vem, hein? Não esquece do nosso futuro. E de como teremos vidas INCRÍVEIS.

— Jamais me esquecerei. — sorrio tocando a tela, como se fosse o rosto bronzeado da Cat — Tenho que desligar, eu meio que ainda não desencaixotei todas as minhas merdas e o Sr. Atwin odeia quando eu enrolo.

Ok, tchau então! Me liga de noite tá? Hoje vou sair com o carinha do intercâmbio pra estudarmos química, quem sabe rola um... Você sabe. Enfim, te amo. Até breve.

O Caos até vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora