O que eu sei sobre Julian Weller afinal?
Nada. Porcaria nenhuma. Suspeito que ele e Martha tenham tudo algum envolvimento amoroso, e que ele – com razões para tal – odeia o Arthur. E é só isso.— Então meu namorado vende drogas. — murmuro, pegando o baseado da mão dele e analisando — Eu saberia se ele vendesse.
Julian me lança um olhar desafiador, percebendo que não fui completamente convencida e quer que eu o refute. Fico calada e acendo o baseado, dou uma tragada e lhe entrego.
— Ele vende. — diz, soltando a fumaça pro alto — Porque está com ele?
— Não é da sua conta.
— Apenas responda.
— Você não manda em mim.
— Estou pedindo, em nome da sua boa educação. — ele diz abrindo um sorriso menos malicioso — Eu sou de boa Astrid, e você também é. Já o Arthur, é podre.
— Meio que gosto muito dele, nada do que me disser vai mudar meu pensamento sobre ele, sabe? — cruzo os braços, soltando mais uma baforada. Lhe passo o baseado mais uma vez — Arthur não tem culpa do que o pai fez.
— Sei disso. Mas ele sabe onde o pai está então é tão cretino quanto aquele monstro. — explica — E eles sabiam, tinham de saber. Ele e aquela mãe dele, eles...
— Não me sinto confortável discutindo sobre este assunto. — digo, me afastando da porta. E dele. Julian balança a cabeça negativamente, irritado — Eles não sabiam mas você quer acreditar que sim pra ter alguém para jogar a culpa em cima.
— Você não sabe de nada, literalmente! Você dorme com ele e não sabe que ele anda vendendo maconha por aí? Isso não te faz pensar querida, em tudo que ele deve estar escondendo de você, hum? — Julian arremessa o baseado longe, e abre a porta, me olha mais uma vez, e diz — Ele quem me disse, não estou supondo. Ele me disse.
— O quê?
— “Eu sei onde meu pai está”, Arthur me disse isso, eu não adivinhei. Ele me disse.
— Quando?
— Anos atrás.
— Quando ele era uma criança?
Julian me encara, e há tanto pesar que preciso desviar o olhar.
— Como eu deveria tratá-lo Astrid? Sabe o que aconteceu. Sabe o que o pai dele fez com a minha irmã e o Arthur me disse saber onde ele esteve, isso é importante. Ele tinha uns 15 anos, não era uma informação irrelevante. Quando levei minha família e a polícia até lá ele disse que eu inventei tudo, e todo mundo acreditou... — Julian pausa, e respira fundo — Quero ver ele sofrendo, nem que seja um pouco. Ele merece. Merece pra valer.
— E ele te disse isso, antes ou depois de toda surra que deu nele? — rebato, e ele solta uma risada sem humor — Ele poderia estar blefando pra você, tentando descontar de alguma forma.
— É mesmo? E está tentando convencer a quem disso? — observa, dando de ombros — Sei o que ouvi e vi nos olhos dele, não só naquele dia como em todos os outros, ele sabe muito mais do que diz e isso o faz cúmplice.
Julian vai embora, e eu me afasto de lá, sentindo uma onda de empatia invadir meu corpo. Entendo o lado do Arthur, claro que entendo mas o Julian e a família dele perderam muito mais. Um blefe assim, ou uma verdade assim, fariam do Arthur alguém diferente do que eu imagino. Não muda nada do que sinto sobre ele mas penso se... Se ele está mentindo pra mim. Ele já mentiu antes. Mais de uma vez.
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O Caos até você
RandomAstrid Atwin é uma garota punk que cresceu na Califórnia, ela está contente com a vida que leva na grande cidade; possui muitos amigos, tem um relacionamento aberto com um badboy incrível e está curtindo seu último verão num lugar especial... Isso t...