Capítulo 15

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O clube de debate é uma coisa ridícula.
Temos 5 pessoas, uma delas é Arthur — que tem a dignidade de me evitar. Mas as outras 3 pessoas são simplesmente... Sensacionais, de tão ridículas. Temos Mac Dafoe, e seus 16 anos, um pirralho que vai se formar cedo pois é um prodígio, usa suspensórios e óculos de armação grossa, 2 minutos com ele e já notei que só pode ser autista ou então, extremamente ofensivo. A forma como ele fala o que pensa é tão direta que chega a ser ofensiva as vezes, me chamou de burra e estúpida nos 10 minutos em que nos conhecemos semana passada.

Tem a Patrícia Swanson, cabelo estilo joaozinho, sorriso muito bonito e olhos puxados. É a asiática local, muito inteligente, parece que é bissexual e se veste com cores super gritantes, parece gente boa até mas quando conversamos ela me pareceu... Bem, pareceu que ela acredita nos boatos que contaram.

E aí tem esse cara Quentin Shipka, tem 17 anos, cabelo castanho, olhos castanhos, rosto anguloso, maxilar definido. Um dos que passou o verão fora, ele estuda pra caramba mas ainda assim não é o melhor da turma. E usa óculos. Então estou falando de um cara gatinho, de óculos. Alto, de óculos. Usa blusa de botões e jeans básico, e óculos, e é nerd. É uma tentação ambulante, como a versão masculina da Mia Khalifa, levando em conta que é indiano veio bem a calhar.

Nenhum dos 3 puxou conversa comigo.
A reunião do clube se resume em sortear qual tema cada um tem que pesquisar, e apenas. Na semana seguinte nos reunimos e falamos sobre o que aprendemos, e temos de responder as perguntas uns dos outros. Geralmente fazem 20 perguntas, todas muito específicas e cruéis. E falam com hostilidade, pra simular como será no dia oficial do debate.

Estamos sentados hoje, em um círculo na biblioteca, revisando as pesquisas uns dos outros, apontando erros e aprendendo a partir dos resumos uns dos outros também. Como num rodízio. É engraçado que aqui com eles, me sinto eu mesma. É confortável. Um silêncio confortável apesar de não ser amiga de nenhuma dessas pessoas.

— Vai ter prova surpresa de biologia. — Mac diz, e joga as páginas da minha pesquisa no chão a sua frente. Ele cobre os olhos com as mãos, muito nervoso — O Sr. Lejanosk me pediu pra manter segredo mas eu não consigo, meu Deus não consigo! — berra, muito nervoso mesmo. Olhamos uns para os outros, chocados e ligeiramente divertidos — Vou contar pra ele que revelei. Ele vai me expulsar da aula!

— Relaxa cara, não tem... — Arthur diz e quando toca no braço de Mac, ele o acerta com um tapa bem no rosto. Ok, agora todos param de sorrir e o encaram, receosos — Mac? Ei, Mac, olha pra mim. Relaxa.

— Não consigo, não consigo, não consigo. — diz repetidamente. Ele é franzino, e muito pálido. Continua repetindo as palavras e cobrindo as orelhas.

— Ele é realmente doente, certo? — me pego questionando, Patrícia diz que sim. Assinto deixando a pesquisa de  Quentin em seu colo, e ficando de pé — Mac? Ei cara, que tal um sorvete?

— Sorvete? — ele para de de mexer e me olha, atento — Gosta de sorvete?

— Sim, muito e sei que você também, o vi tomando nos dias de atividades orais. Sorvete te acalma, não é?

— Sim, é. — ele fica de pé empurrando os óculos para o topo do nariz — Pode ser o seu de chocolate também não é mesmo? Seria legal.

— Se você quer, sim, pode. — sorrio e o pessoal me observa, calados — Vocês vem?

Todos assentem, e dizem que sim.

— E todos podem ser de chocolate, não é? Todos nós? — Mac questiona, e eu lhe digo que sim — Você consegue ser legal quando quer.

O Caos até vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora