Capítulo 19

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É quinta feira.
Não tenho mais o que fazer ou dizer, conversei com o papai antes de vir pra aula e ele não cedeu, não tenho permissão pra ir até a Califórnia. Durante o decorrer das aulas não consigo focar em nada, absolutamente nada. Só penso em Cat e na mamãe. Quero conversar com minha melhor amiga, fazê-la entender e quero ver a mamãe, ir lá em nossa casa, onde estão nossas memórias... Quero muito ir.

— Ela está completamente fora de órbita. — ouço Patrícia dizer, estalando os dedos na minha frente — Não revisou minhas pesquisas, não tenho um argumento tão válido sobre meu tema, e você não está ajudando.

— Desculpa, eu só... — suspiro, e olho pros rapazes que esperam por uma explicação. Geralmente eu que dou bronca quando eles cometem erros nas correções — Tenho que ir até a Califórnia ver o túmulo da minha mãe antes do casamento do meu pai, e minha médica e meu pai e a noiva dele acham que se eu for, vou me drogar.

— E você vai? — Mac questiona, Quentin o acerta com uma caneta — Qual é, todo mundo pensou a mesma coisa.

— Se eu não for, sinceramente, acho que vou ter um colapso. — assumo. Não ir é pior do que ir. Eu sei que é. No fundo do meu coração, eu sei que preciso ir até minha casa, preciso muito. É coisa minha, achei que a Sra. Edwards fosse entender — Sabem, vou embora mais cedo, preciso falar com meu pai.

— Não parece bem, quer uma carona? — Quentin oferece, educadamente.

— Estou bem. — pego minhas coisas e saio de lá, o mais rápido que consigo. Arthur não se ofereceu pra me ajudar, no mínimo, estranho. Levando em conta que ele sempre é tão gentil. Nos abraçamos ontem, ele viu meus peitos e cheirou meu cabelo, há certa intimidade nisso mas ele não está agindo de acordo e honestamente, com o lance da Califórnia em minha cabeça nem sei o que pensar do Arthur.

Envio uma mensagem pra Alice, pedindo que ela vá pra casa. Exagero nas exclamações pra que ela chegue logo. Em casa, Alice e meu pai já estão na sala, aparentemente preocupados, afinal enviei sinal de emergência.

— O lance é — largo minhas coisas no sofá, e eles me observam, atentos e assustados — Tenho que ir até a Califórnia. Eu sei, vocês estão cansados de me ouvirem pedir mas vou pedir mais uma vez, vou implorar, precisam me deixar ir. Nós vamos ser uma família e a última vez em que eu estive em uma, minha mãe estava nela, e com ela foi quando fui mais feliz em toda minha vida. Tem coisas... Que tenho que dizer a ela antes de você, Alice, se tornar muito mais importante do que já é. Pai, eu realmente tenho que vê-la, e dizer algumas coisas... E tem a Cat, que me odeia agora pois não entende porque tenho de ir a Harvard. Tenho que me resolver com essas duas pessoas que amo e se me negarem isso aí assim vou desmoronar... Precisam me dar esse voto de confiança, precisam mesmo, por favor.

Eles ficam calados e se entreolham. Desabo no sofá, exausta e nervosa. Não demora até meu pai concordar, e apesar de ver medo em seu olhar, também vejo uma confiança depositada em mim que nunca esteve lá antes.

— Estarei aqui domingo a noite, prometo, não vou falhar com vocês. — garanto, e ele aquiesce, me abraçando.

— Vamos comprar as passagens, no mais tardar, estará em casa antes das 23h.

* * *

Quando se vem a primeira vez na Califórnia deve ser uma das melhores sensações do mundo inteiro. É melhor do que em todos aqueles filmes. É melhor do que nas fotos. Tem essa atmosfera de liberdade e vida real que te arrebata completamente. É 1h50 da manhã, estou caminhando pelo Gaslmap Quarter, é onde tem as melhores festas, as melhores lojas de discos e os melhores bares. Sempre é movimentado, agora mesmo passo por vários turistas, as pessoas andam com um destino certo. Sorridentes, alegres, festejando. É a melhor cidade do mundo todo. Cresci nessa vizinhança, cresci nessas praias, com essa vibe de que tudo é uma grande festa, de que há sempre uma festa na praia pra ir, que os garotos são largadões e boa parte deles ama fumar um. Onde todos sabem conversar sobre tudo. Te fazem sentir confortável sempre... Sinto falta disso. De me sentir bem vinda, não me importa onde esteja ou com quem. Californianos são hospitaleiros, e divertidos.

O Caos até vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora