Cap. 31 - 0 km

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É com muita alegria que publico hoje o capítulo final. Esse capítulo, como quase tudo aqui, é uma homenagem a um música, um filme e uma cultura que eu amo muito. Sem mais delongas, bora lá! Espero que gostem.

O amor é filme e Deus, espectador!

- José Paes de Lira na voz de Cordel do Fogo Encantado

MICHELE

DOIS ANOS DEPOIS

Dois anos, sete meses e quinze dias.

Hoje fazem dois anos, sete meses e quinze dias desde a última vez em que vi Cheed pessoalmente, desde o nosso adeus.

De lá para cá muita coisa aconteceu, muita coisa mudou. E estaria mentindo se dissesse que não ocupei meu tempo pensando se aquela foi ou não, a decisão acertada.

Mas por que eu estou pensando nisso agora?

Hoje estou de volta a Interlagos, é o dia do Grande Prêmio do Brasil. Minha primeira cobertura presencial da Fórmula 1 para o SportNet. Sim, eu estou na TV! Meu tão almejado sonho não se realizou da forma como planejei, aconteceu melhor. A revista O Placar foi muito importante para mim, ela me ajudou a crescer profissional e pessoalmente, me ajudou a descobrir minha vocação no esporte e foi difícil deixa-la para trás. Sempre vou carrega-la com imenso carinho, especialmente Angel e Pietro, amigos que levarei para a vida, mas como disse meu querido Chefe-cão no dia em que eu recebi a proposta, é preciso voar!

-Nós sempre estaremos aqui se precisar, mas não vamos cortar suas asas. Voe Michele, voe.- Disse ele.

E eu voei. Atualmente divido com uma equipe incrível um programa esportivo exibido aos domingos, fazem pouco mais de seis meses, também faço algumas aparições em outras atrações da emissora como comentarista esportiva, da natação ao hurling. Tenho aprendido muito e ido a lugares que nunca imaginei. Tanta coisa mudou nos últimos anos, que a vida até parece uma película de filme, só girando diante de meus olhos.

E o segundo ato do filme da minha vida me trouxe aqui, dois anos, sete meses e quinze dias depois daquele adeus.

O dia está ensolarado e límpido, como é raro de se ver em São Paulo. Desta vez não há sinais de chuva. Tudo vibra em azul e luz.

Hoje vai ser um dia bom. Respiro fundo e mentalizo como um mantra.

- Quer pipoca? Eu vou comprar para a gente, aquele pirralho comendo ali está me dando fome. Quer, tia? Vó? E você, Michele? - Pergunta Júlia a mim, a minha mãe e minha avó.

Sim, eu trouxe as três comigo para assistir a minha primeira cobertura de Fórmula 1. Minha mãe e minha avó estão me visitando em São Paulo, eu finalmente consegui juntar dinheiro o suficiente para trazê-las aqui, elas estão muito felizes e orgulhosas de minhas conquistas. Eu estou igualmente radiante por conseguir partilhar isso com elas, aqui, na área VIP. Eu nem preciso mencionar Júlia, ela sempre esteve comigo, precisando ou não.

Eu tenho sorte de tê-las hoje, eu não sei como seria estar aqui sozinha.

- Não quero. - Respondo distraída. Minha mãe e minha vó aceitam, Júlia saí para comprar a pipoca, mas não sem antes me lançar um olhar preocupado. Ela sabe onde está minha cabeça.

Estamos no intervalo do programa. Tenho tempo para alimentar minhas inseguranças. E se eu encontrar com ele? Fico nervosa. Faz tanto tempo... Não sei como seria, mas sinto aquele frio na barriga. Faço um esforço para varrer os pensamentos confusos da cabeça e me concentro na corrida. Eu estou aqui para fazer o meu trabalho.

Depois da CurvaOnde histórias criam vida. Descubra agora