Depois da Curva

Cap. 27 - Stint

Oi pessoal! Não esqueci de vocês. Sem mais delongas: Capítulos de sexta, hoje. 

Não me matem hahahaha

Curiosidade sobre o título: Stint é nome dado ao tempo que o piloto permanece na pista antes de entrar nos boxes. Exemplo: se ele disser que completou oito voltas no primeiro stint, então esse foi o tempo até o primeiro pit stop. O "nosso" pit stop será no próximo capítulo, então a nossa Michele está em stint. 
O que ela vai fazer antes da "grande parada"? Qual será o nosso pit stop? 
Bora descobrir! 

Não sei por que insisto tanto em te querer

Se você sempre faz de mim o que bem quer

Se ao teu lado sei tão pouco de você

É pelos outros que eu sei quem você é

- Fagner

MICHELE

Depois da ligação com Cheed, eu só consegui chorar. De raiva por todas coisas insensíveis ditas por ele e de tristeza pela sucessão de eventos desastrosos do dia. E se eu estiver realmente grávida? Minha mãe tinha toda razão! Eu estraguei tudo e ela provou seu ponto, não valia a pena.

Enxugo as lágrimas e levanto, encontrando Júlia já de pé.

— Bom dia, acordou cedo. — Cumprimenta.

— Eu nem dormi. — Respondo. — Cheed me ligou.

— E aí? — Pergunta ela me olhando apreensiva, minha cara inchada entrega boa parte do roteiro da conversa.

— A boa notícia, é que se eu estiver grávida, ele está feliz com o bebê. Má notícia, é que provavelmente terminamos. — Respondo simplesmente, mas a sensação é como se meu coração estivesse apertado. 

— O quê? — Júlia praticamente grita, perplexa com a minhas palavras. — Como assim?

Conto tudo, cada detalhe da nossa discussão. Narrar os fatos para Júlia só me faz ficar mais triste, por sorte, posso contar com seu ombro amigo para me consolar. Durante o resto do domingo, minha amiga tenta me fazer sentir melhor. Ela me distraiu com filmes, sua maravilhosa comida e até um passeio no shopping durante a tarde, com direito sorvete de casquinha. Deixamos os celulares de fora do nosso dia, nos permitindo esquecer que os problemas existem. À noite, embora eu tenha levado certo tempo para dormir, descanso, como não me permiti descansar na noite anterior.

— Amiga, acorda. Seu exame, temos que sair cedo. — Júlia me desperta antes mesmo do sol nascer e eu me arrumo depressa, havia uma clínica perto do meu trabalho, com exames por ordem de chegada.

Fizemos todo o percurso até a clínica em silêncio. Claro que o silêncio se restringia a nós duas, a CPTM continuava barulhenta como sempre, nós duas é que estávamos reticentes. Na clínica, não haviam muitas pessoas, então quando a recepcionista chamou o meu nome e entrei na sala para a coleta, eu posso jurar ter ouvido as batidas do meu coração, aceleradas feito um carro de corrida. Penso em Cheed,não sei se seria mais fácil ou mais difícil se ele estivesse aqui. 

— Vai dar certo. — Conforta Júlia, segurando a minha mão. Era um alívio ter minha amiga ao meu lado. Por hora, isso basta. Com ela eu sei, vai dar tudo certo, independente do resultado.

Saio da clínica indo direto para a revista, o exame estaria pronto em quatro horas e seria entregue por e-mail, combinei com Júlia de abrirmos juntas, no almoço. Ao entrar na redação, sou recebida por um Angel muito falante.