Capítulo 38

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Denise e eu estávamos sentadas na recepção, ela estava me contando os detalhes. 

— Câncer de mama estágio 2. Ela tem chance de se curar, ela estava respondendo bem ao tratamento.

— A quanto tempo? – pergunto

— Um pouco antes de você se mudar para o apartamento.

— O que? Ela pretendia fazer de conta que nada tava acontecendo até quando?

— Larissa...

— Por que ela não quis me fala?

— Ela não queria te preocupar!

— Me preocupar? Ela é minha mãe também! Eu tenho o direito de saber. Eu podia ter ajudado.

— Você não é a porra da mulher maravilha Larissa! – ela grita

— Denise... – Walter interfere

Denise bufa, me da as costas e sai andando.

— Ela só... Ta estressada,  com tudo isso – Walter explica meio sem jeito

— Tudo bem! – eu praticamente sussurro

Rafael chega por trás de mim e coloca a mão em meu ombro. Eu me viro e o agarro, desabando em seu peito. Ele me envolve num abraço apertado e afaga meu cabelo.

***

Eu entro no quarto, ela estava dormindo, pálida, os cabelos ralos. Seguro sua mão carinhosamente.

— Larissa? O que... – ela acorda

— Ta tudo bem! – sussurro e acaricio seu cabelo — Você desmaiou, precisa descansar. Pode voltar a dormir, eu to aqui.

Ela fecha os os olhos outra vez, voltando a dormir.

Eu levo uma das mãos até o rosto tentando segurar o choro.

Saio do quarto e me encosto na parede do corredor. Me agacho no chão e levo as mãos até o rosto.

Eu não posso acreditar. Por que ela não me contou? Como eu não percebi? Me sinto a pior pessoa do mundo. Eu estava mesmo tão ocupada assim que nem prestei atenção? Meu peito arde. Eu estou tremendo. Sinto vontade de gritar. Cerro os punhos afundando as unhas na palma da mão. Nunca me senti tão impotente como agora.

***

Depois de discutir com Denise outra vez, decidimos que eu passaria a noite com ela.

Eu estava sentada na poltrona ao lado da cama. Estava frio. Coloquei os pés para cima e me encolhi, a blusa de frio por cima, me cobrindo.

O médico disse que ela descobriu um pouco tarde, mas tem grandes chances. Apesar de tudo que ele falou, não senti firmeza em sua voz.

Sentada naquela poltrona, sem nada para fazer e com uma noite longa pela frente, decidi pesquisar mais sobre o assunto.

Li várias matérias, os tipos de tratamentos, os estágios, as chances de cura, as chances de voltar, até assisti alguns documentários. Passei horas assim.

Guardei meu celular e fiquei ali, a encarando. Devo ter cochilado uns 5 minutos, no máximo. Acordei com a enfermeira entrando no quarto.

— Desculpa – ela fala quando percebe que eu acordei — Preciso dar a medicação dela e chegar os sinais vitais.

Eu assinto e observo. Não demora muito e a moça sai.

***

Finalmente o dia amanheceu. Denise logo chegou ali.

— Oi – ela entra no quarto

— Oi...

— Olha só, desculpa por ontem. Nada haver eu explodir daquele jeito com você. Você não tem culpa de nada, e sim, alguém devia ter te contado.

— Foi a decisão dela.

Denise estende os braços na minha direção e me abraça.

— Vai pra casa, eu te ligo quando ela acordar. – ela segura minhas mãos

— De jeito nenhum. – nego com a cabeça

— Você já ficou a noite toda aqui.

— Eu to bem Denise. Não sou mais uma criança.

— É mesmo? Quantas horas você dormiu essa noite?

— Eu não to cansada...

— Ta dando pra ver na sua cara.

— Eu só preciso de um café.

— Você de domir!

— Pelo amor de Deus, vocês vão começar outra vez? – Walter entra no quarto

— Eu só to tentando cuidar dela – aponta para mim — E o que você ta fazendo aqui ainda? Tem que ir para casa ficar com os meninos.

— Você esqueceu a bolsa no carro. – entrega a bolsa para ela

— Obrigada – pega a bolsa

— Pronto, to indo. – sai do quarto

— É sério, ela vai me matar se souber que eu deixei você ficar aqui desse jeito. Vai pra casa, descansa e eu te ligo.

Ela segura meus ombros e me guia para fora do quarto.

— Corre que da tempo de pegar uma carona com o Walter! – fecha a porta atrás de mim

Eu caminho pelo corredor em direção a saída, mas quando chego a recepção me deparo com uma cena. Rafael dormindo sentado na cadeira com um braço apoiando a cabeça.

— Rafael... – me aproximo mais

O mesmo abre os olhos se ajeitando.

— Pensei que tinha ido para casa!

— Eu quis esperar você. – fala ainda acordando

— Vem, vamos embora. – seguro seu braço e nois saímos dali

Meu namorado PolicialOnde histórias criam vida. Descubra agora