Girls like Girls

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Girls Like Girls - Hayley Kyoko

Autora "pov"

Thiago sempre foi um homem que não se importava com questões de relacionamento, ele sabia de sua própria sexualidade e era feliz namorando Elizabeth. Não se importava de Joui também gostar de homens e ter um crush em César, mas não esperava em momento algum entrar na sala da ex ocultista e ver a novata e ela quase se beijando.

- Caralho! Não sabe bater?! - Com as bochechas vermelhas e se afastando Agatha olhava com uma certa vergonha de ter sido pega naquele momento tão… Estranho.

O homem olhou para Charlotte que continuava encostada na parede paralisada de vergonha. Com um suspiro baixo vendo que estava tudo bem, apenas saiu fechando a porta, deixando ambas as meninas em um clima extremamente pesado e vergonhoso.

Volkomenn andou até o balcão pegando o milkshake esquecido que já derretia a esse ponto, tentava raciocinar o que tinha acabado de acontecer, não acreditando que ambas estavam quase se beijando. Não, ela não acreditava que ela tentou beijar outra menina, nunca tinha sentido isso antes e era tão estranho, o fogo que subiu por si com a proximidade de Novata, ou a calma que lhe atingia quando olhava em seus olhos verdes, aquilo era demais e não sabia rotular esse sentimento.

Já Charlotte, estava encostada na parede, sabia bem o que era aquilo, sentia que estava em um livro pelo que acabou de acontecer e não acreditou que foi com uma menina. Quantas vezes não viu cenas parecidas quando lia? A famosa encurralada na parede, o rosto queimando em vergonha e o coração batendo mais rápido, nunca imaginou que um dia aquilo aconteceria consigo, e ainda mais no trabalho!

Quando finalmente teve coragem de olhar para Agatha, viu os olhos escuros encontrarem os seus causando um arrepio por todo seu corpo. A garota era bonita, seu corpo era um máximo, gostava de seus cabelos curtos e macios, de todas as tatuagens com símbolos ocultistas e não ligava para suas cicatrizes, e não podia negar que até a personalidade dela a atraia. O costume não era um extrovertido adotar um introvertido? Sentia que era isso que aconteceu com ambas.

- Vai ficar aí  me encarando ou vai vir comer? Eu vou tomar seu milkshake se não vi logo! - Mesmo com a voz tentando passar seriedade seus lábios tinham um sorriso de canto.

- Se tomar meu Milkshake, eu como seu hambúrguer! - Erguendo o braço mostrou a sacola com as comidas que deu início a toda aquela briga boba entre ambas

Se aproximou de Agatha e colocou sobre a mesa a sacola, pegou duas caixinhas de papelão com grande M amarelo que tinham os lanches um pouco fora de ordem pela corrida que deu mais cedo, mas isso não impediu as duas de se sentarem lado a lado em cima do balcão e comerem, com certeza aquela correria tinha dado mais fome ainda.

- Conseguiu terminar o livro, né? - Charlotte perguntou após engolir um pedaço do lanche.

- Uhum. Tinha uns rituais novos lá. - Respondeu de boca cheia mas sorrindo animada com o que tinha descoberto. - Com certeza que dá pra transcender com aquilo! Eu vou falar com o cara lá da cela depois pra ver se ele me conta onde conseguiu aquilo. - Ao engolir Agatha mudou de expressão se lembrando de algo. - Tem só uma parada que eu não entendi, citava bastante o nome Kian.

- Kian? - Recebendo uma confirmação com a cabeça, a novata deu de ombros. - Não deve ser nada, só o nome de algum deus maluco deles.

A morena de cabelos curtos concordou com a cabeça voltando a comer. Charlotte agora via a sua frente o circulo que tinha quase pisado a um tempo atrás, e algo passou por sua cabeça.

- Agatha... - chamou baixo, recebendo a atenção da outra que agora bebia um pouco do Milkshake que havia restado. - Eu quero transcender.

A reação exagerada da Volkomenn assustou Charlotte. A ex ocultista tossia por ter se engasgado com a bebida e batia no próprio peito tentando se desafogar. Já tinha pedido tantas vezes desde que haviam se conhecido, mas nunca obteve sucesso já que a mais nova tinha medo demais para isso, e vendo aquilo resolveu parar de insistir e apenas zoar com a cara dela, mas aquele pedido repentino a surpreendeu.

- Agatha! - Se levantou rápido ficando a frente da ex ocultista, estava assustada por Agatha estar tossindo fortemente por ter engasgado. - Desculpa! Desculpa! - Começou a pedir por se sentir culpada.

A mais velha apenas puxou o ar algumas vezes, logo se recuperando enquanto se levantando ainda um pouco ofegante. Quando sentiu-se melhor olhou sorrindo para a mais nova como não sorria há tempos.

- Você tá bem? - Charlotte perguntou ao ver a mais velha se afastar, fuçando o balcão atrás de algo.

- Bem!? Eu 'to ótima! Finalmente alguém quer transcender, porra! - Falou alto animadamente enquanto pegava o livro e voltava até a novata. - Mas e aí, por que mudou de ideia? - Questionou enquanto foleava o livro atrás do símbolo.

Foi se afastando novamente para um local da sala em que não tinha nenhum símbolo, pegou um giz, começou a rabiscar de lá pra cá um símbolo.

- Acho que... é por que eu confio em você... - Sussurrou envergonhada, mas alto o suficiente que Agatha escutou, a fazendo se levantar na hora do chão.

- Você o quê?

- Eu confio em você, Agatha. - Repetiu mais alto enquanto fechava os olhos de vergonha. - Você é a pessoa que eu mais confio daqui. Então se você disse que seria bom eu transcender... eu confio em você.

A garota sentia suas bochechas quentes assim como antes, ouvindo passos, finalmente conseguiu abrir os olhos. Como estava encarando o chão, viu um par de tênis rubros. Agatha não sabia muito como reagir, sua primeira reação foi segurar levemente o queixo de Charlotte e erguer seu rosto, finalmente podendo ver aqueles olhos hipnotizantes.

- Ninguém nunca me falou algo assim. - Confessou enquanto soltava o queixo da novata e começava a acariciar sua bochecha, não deixando de rir ao ver o quão vermelha a outra estava. - Valeu, pirralha. É bom saber que pelo menos alguém daqui confia em mim.

Tirando a mão do rosto da Miranda segurou suas mãos cuidadosamente, trazendo-a ao círculo recém desenhado no chão da sala. Mesmo que Charlotte estivesse com medo, se sentia mais confortável com o toque da mais velha, e deixou ser guiada para transcender pela primeira vez.

Continua...

All the Things She SaidOnde histórias criam vida. Descubra agora