Capitulo Único

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Yoru havia acordado em um susto outra vez — Sua respiração desregulada parecia lutar para encontrar um pouco de ar, a sensação era que ele estava sufocando durante o sono. Mesmo assim sua memória era um grande branco, as imagens estavam embaçadas o impedindo de compreender o que se passava. Mesmo assim os sons continuavam vividos ecoando por seus ouvidos como explosões, vale ressaltar, nada daquilo era bom ou relaxante, algo que claramente não deixaria o japonês adormecer novamente, ao menos, não ali

Não demorou a solução vir e ele se levantar da cama, o ar gélido que foi sentido repentinamente fez ele estremecer por um momento. Levou segundos para que realmente saísse do quarto, e o estado era deplorável: Abaixo de seus olhos havia olheiras se formando, as roupas estavam amassadas e o cabelo desgrenhados. Em outras circunstâncias ele preferia morrer do que a sair assim e ser visto de tal forma. Entretanto naquele momento ele pouco se importou, inclusive usava pantufas azuis, tais que eram macias e cheia de adereços o que lhe arrancou uma risada inconsciente, o calçado agradavelmente era silencioso, impedindo grandes estrondos na madrugada

Quando se deu conta estava em frente a porta que procurava. Não era a primeira vez e certamente não seria a última vez que se encontrava no quarto de Sova — O costume, mesmo que incomum, se iniciou a poucas semanas, fazendo assim se tornar impossível dormir sozinho novamente

E Yoru sabia que estava sendo mal acostumado, no fundo se sentia culpado de estar de algum modo se aproveitando da gentileza do russo, mas ele não conseguia evitar. Saindo de devaneios retirou o objeto que ganhara do loiro: Uma chave, para que quando ele quisesse, pudesse adentrar o quarto sem dificuldades. E ele o fez, a maçaneta foi girada silenciosamente enquanto a porta foi aberta com cautela na tentativa de fazer o menor barulho possível — O cômodo mesmo que escuro não prejudicou Yoru, ele novamente trancou a porta antes de se espreitar habilmente até a cama quentinha na companhia do radiante. E o azulado sorriu quando enfim esteve deitado em seu cantinho reivindicado, isso até que...

— Yoru? — Sova perguntou sonolento abrindo os olhos por mais que mal visse alguma coisa

— Err, desculpe — Balbuciou levemente triste pela possibilidade de ter feito barulho — Não quis te acordar 

O russo por outro lado soltou um suspiro feliz, fato era, ele não estava dormindo totalmente. Assim como o azulado partilhava de insônias criadas a partir do estresse pós-missão — Preciso de férias — Choramingou mentalmente antes de tatear o seu lado encontrando o japonês já deitado

— Eu não estava dormindo — Respondeu em um sussurro enquanto se aconchegava contra o corpo alheio

— Uh, não? — Um certo alívio predominou sua voz

— Não 

Disse simples e repousou-se no peitoral de Yoru. O japonês por outro lado igualmente decidiu aproveitar aquilo e envolveu seu braço no russo deixando-o mais perto. A posição era confortável e alem disso deixava os próximos o suficiente para apaziguar qualquer outro temor da noite. E mais uma vez, o coração do caçador pulsou mais forte fazendo um lindo rubor aparecer aos poucos, sua sorte era que o azulado não iria notar com toda a certeza. Em contrapartida, novamente ouviu os batimentos rápidos do coração de Yoru, e se não soubesse o motivo deles iria se preocupar

— Boa noite... — Sova sussurrou baixinho voltando a fechar os olhos para ter um descanso digno

— Ah boa noite — Respondeu feliz deixando um selar na testa do russo

E ali o russo adormeceu enfim, com as madeixas claras sendo acariciadas lentamente por Yoru que mesmo com sono parecia insistir em aproveitar mais um pouco daquele momento precioso — Tão querido... — deu um último sorriso em meio a escuridão antes de se afundar no sono profundo. E certamente no dia seguinte seriam o assunto do protocolo, mas isso ocorria quase todos os dias não? Nada de muito novo, até então 

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