Daniel e Sabrina aguardavam na sala de visitas. Joel decidiu andar pela cidade e ver se descobria alguma outra coisa, além de conferir se seus outros amigos estavam bem.
— Quem vai ser o policial bom e quem vai ser o mau? — perguntou Daniel.
Sabrina ergueu uma sobrancelha.
— Só pra descontrair. — Daniel deu de ombros. — Odeio o clima da prisão. Embora eu ache que ninguém deva gostar.
Aquela prisão era dedicada somente a Giovanni. Um homem sozinho não podia fazer muita coisa, mas o antigo chefe da Equipe Rocket ainda podia ser bem ardiloso. Ou será que tantos anos encarcerado o haviam mudado?
O homem entrou na sala, conduzido por uma funcionária da prisão e ainda algemado. Sob os ombros da mulher, havia um Plusle e um Minun soltando faíscas e olhando feio para Giovanni. Os cabelos dele, antes castanho-escuros, agora estavam grisalhos, além das rugas que desenhavam seu rosto.
— Pode tirar as algemas dele, por favor — Daniel pediu.
— Tem certeza? — perguntou a moça.
— Claro, tudo bem.
As algemas foram retiradas e Giovanni sentou na cadeira à frente da dupla.
— Se precisarem de alguma coisa, gritem. — A funcionária fechou a porta.
Daniel acompanhou a sala com os olhos. As duas câmeras estavam bem apontadas para o centro do recinto. Enquanto Daniel apoiava os braços na mesa de metal, Sabrina estava balançando na cadeira, apoiada apenas nos pés de trás.
— Ora, ora... veja que visita maravilhosa. — A voz de Giovanni saiu baixa e grave. — Depois de tantos anos, decidiram me dar um oi? — Um fraco sorriso brotou no canto de seus lábios.
— Só checando se você tem se comportado — falou Daniel.
— Como podem ver, não tem muito o que fazer aqui.
— Corta essa, Giovanni. — Sabrina se inclinou para frente. — Tá tentando formar a Equipe Rocket de novo?
A risada do homem saiu tão alta quanto o rugido de um Entei.
— Formar a Equipe Rocket de novo? Tenham a santa paciência. A última coisa que eu quero é ver aquele bando de patetas de novo. Ainda há algo que eu queira fazer antes de morrer, mas... — Giovanni suspirou. — Deixa pra lá. Vocês também são palermas demais pra entender. Mas deixem-me adivinhar. Acham que eu, aqui presto, estou por trás dos sequestros dos Pokémon da cidade.
Daniel e Sabrina se entreolharam.
— O que você sabe sobre isso? — Sabrina perguntou.
— Só o que me deixam ver nos noticiários.
— E o que você acha que está acontecendo? Quem está por trás disso? — Daniel se inclinou mais para perto do homem. — Você já foi o líder da Equipe Rocket, então com certeza tem alguma ideia.
— Acha que vou dar esse conhecimento de mão beijada? — Giovanni apontou para a própria cabeça.
— O que você quer em troca? — Daniel cruzou os braços.
Giovanni abriu a boca e Sabrina o cortou.
— Se disser que quer sua liberdade, pode esquecer.
— Liberdade temporária — Giovanni sussurrou. — Me ajudem com uma coisinha e eu ajudo vocês a descobrir quem está por trás disso.
Daniel olhou de soslaio para a porta.
— Acho mesmo que queiramos, isso não vai rolar — Sabrina cochichou.
— Ei, moça! — Daniel chamou e a porta se abriu em menos de meio segundo.
— Acabaram?
— Só uma pergunta hipotética. Vocês deixariam a gente levar o Giovanni pra dar uma volta pela cidade durante alguns dias?
A funcionária deu risada.
— No dia em que Lugia e Ho-Oh dançaram quadrilha, talvez.
Daniel e Sabrina forçaram uma risada bem alta.
— Ouviu só, Giovanni? Sem chance pra você. — Daniel tentou soar o mais verdadeiro possível.
— Puta merda, você é péssimo em fingir. — Sabrina diminuiu a voz. — Pelo menos acho que ela não é muito boa em perceber mentiras.
— Acabamos aqui — Daniel disse.
Giovanni trocou um último olhar com os dois e foi algemado novamente. A funcionário o conduziu à cela e encerrou a visita.
Daniel e Sabrina, já fora da prisão, andavam de um lado para o outro, pensando e repensando. Os Hoothoots já piavam na escuridão das árvores.
— Tá, então Giovanni não está por trás disso — disse Daniel.
— Mas pode ter uma ideia de quem está.
— E quer liberdade temporária pra resolver um assunto.
— E que pode ser um assunto que vai nos meter em enrascada. — Sabrina começou a estalar os dedos.
— Uma enrascada maior do que tirar um criminoso da prisão?
— Uma enrascada pior do que ver mais Pokémon serem sequestrados?
— Bom, caso a gente siga com essa ideia, talvez meu primo possa nos ajudar com o plano.
— Você sabe que isso é loucura, né?
O telefone de Daniel tocou. Ele franziu a testa e olhou para Sabrina.
— É o Joel. — Ele atendeu. — Diz aí.
— O-onde vocês estão?
— Acabamos de falar com o Giovanni. Você tá bem?
— Levaram o meu Alakazam.
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Se você gostou desse capítulo, deixe aí seu voto e acompanhe a jornada do grupo de treinadores Pokémon.
E, se quiser, comentários também são bem-vindos. Essa será uma história contada, a princípio, em 10 capítulos.
Um abraço,
Daniel
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Pokémon - Caminho da Obsessão
FanficUma série de sequestros de Pokémon está acontecendo na cidade. Cabe a quatro jovens treinadores resolver esse problema, mas, para isso, precisão contar com a ajuda de um antigo inimigo.