𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝚅𝙸 - 𝔄 𝔪í𝔰𝔱𝔦𝔠𝔞 𝔠𝔦𝔡𝔞𝔡𝔢 𝔡𝔞𝔰 𝔭𝔢𝔡𝔯𝔞𝔰

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S̲ã̲o̲ ̲T̲h̲o̲m̲é̲ ̲d̲a̲s̲ ̲L̲e̲t̲r̲a̲s̲-̲M̲G̲, ̲ ̲0̲5̲ ̲d̲e̲ ̲d̲e̲z̲e̲m̲b̲r̲o̲ de 2019

꧁Josiane꧂

              𝔸 chuva durou cerca de duas horas, deixando alguns pontos de alagamento. A estrada estava molhada, com poças no acostamento. Várias borboletas estavam pousadas na terra úmida. Ao ouvir o barulho do carro, todas levantaram vôo, batendo as asas, rodeando e rodando ao redor do carro. Um show muito bonito, as asas laranjas brilhando sob o sol.

— O céu está abrindo — Louisa disse.

— Pelo menos isso. — Felicia resmungou.

— Ah, pessoal. Não vai chover a semana toda. — Victor deu um meio sorriso.

— Pelo menos é o que estão falando. — Carlos reduziu a velocidade do carro para desviar de um buraco na estrada.

Todos nós estávamos apertados no Fiat uno vermelho do pai de Carlos. O Uninho mesmo, o antigo e não o atual, que parece uma botinha ortopédica. A coisa mais chata fica para quando o carro trabalha em rotações mais altas: precisamos elevar o tom de voz ao conversar, pois o isolamento acústico deixa a desejar. Ele é um modelo sem ar-condicionado, e já estamos começando a assar aqui dentro. Pelo menos é um carro econômico, por isso vinhemos com ele. Felicia queria colocar na estrada o Gol Volkswagen modelo 2017 que a Anna ganhou do pai ano passado, porém, achamos o porta-malas dele um pouco pequeno. Mas na verdade, eu acho o carro um pouco chique para uma viagem tão longa. Anna não dirige ele, e Felicia logo estaria nervosa por estar dirigindo por quatro horas, e não iria querer revezar conosco. Seria um caos.
Louisa está sentada ao meu lado, na porta esquerda, com o rosto perto da janela para pegar um vento. Minha mão estava pousada sobre a barriga dela, sentindo as pequenas mexidas do bebê.
Saímos de São Paulo era quatro horas da manhã, foi uma longa jornada. Louisa, Bruno, Victor e Felicia dormiram a maior parte, mas eu, Anna e Carlos ficamos a maior parte do tempo acordados, às vezes conversando.

— Aqui Josy. — Louisa pegou minha mão e colocou no lado direito da barriga dela.

— Ah... — eu suspirei. Finalmente conseguir captar muito bem o chute. É como se eu tivesse pegado o pezinho dele, dava até para contar os dedinhos.  — Isso... Foi... Foi bem intenso.

— Nessa viagem cada um terá a missão de tentar sentir o bebê. — Victor virou para trás. — Sério mesmo. Somos os tios dele. Precisamos de um chute, no mínimo. — Victor se esticou e colocou a mão na barriga de Louisa. — Eai, garoto. Falando nisso. Já podemos saber se é menino ou menina?

— Os médicos já sabem. — digo.

— Pô, Lou. — Victor se virou para frente. — Tecnologia é para isso. Para sabermos quem estamos esperando.

— Vamos saber daqui algumas semanas. — Louisa sorriu.

— Acho que é uma menina. — Anna falou. Ela estava com a cabeça encostada na janela fechada do carro.

— Seria muito bom se você estivesse errada. — Felicia falou.

— Isso seria a primeira vez. — Bruno falou. — Eu acho. Ela nunca erra, não é?

— Você ficaria surpreso. — Felicia resmungou.

Todos nós ficamos calados. Esperando uma briga começar, mas nada aconteceu. Anna ficou no mesmo lugar, com o mesmo olhar. Ela está pensativa demais, e talvez só eu e Felicia está percebendo isso.

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S̲ã̲o̲ ̲T̲h̲o̲m̲é̲ ̲d̲a̲s̲ ̲L̲e̲t̲r̲a̲s̲-̲M̲G̲, ̲ ̲0̲7̲ ̲d̲e̲ ̲d̲e̲z̲e̲m̲b̲r̲o̲ de 2019

𝕰𝖚 𝖙𝖊𝖓𝖍𝖔 𝖖𝖚𝖊 𝖘𝖆𝖑𝖛𝖆𝖗 𝕵𝖔𝖆𝖓𝖆 𝕯'𝖆𝖗𝖈Onde histórias criam vida. Descubra agora