𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 𝚅𝙸𝙸 - ℭ𝔞𝔯𝔳𝔞𝔩𝔥𝔬 𝔢𝔫𝔱𝔯𝔦𝔰𝔱𝔢𝔠𝔦𝔡𝔬

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S̲á̲b̲a̲d̲o̲, ̲ ̲1̲0̲ ̲d̲e̲ ̲d̲e̲z̲e̲m̲b̲r̲o̲ ̲d̲e̲ 1429

꧁  Joanna  ꧂


                   𝔸s lágrimas congelavam antes mesmo de escorrer por minhas bochechas. Mas não era isso e nem o corte na minha boca que incomodava. Todos se distanciaram, até mesmo Bruno.
Afundei meus dedos na neve e fiz uma bola na minha mão. Coloquei a bola gelada em cima do corte aberto no meu lábio, e amassei o gelo, tentando encontrar um alívio.
Vejo Louisa se aproximando, uma das mãos dela estava sobre a barriga, parecendo está protegendo o bebê de qualquer coisa que possa acontecer. Logo notei também sua pequena maleta de primeiro-socorros. Sem falar nada ela se sentou com dificuldade ao meu lado, e seu cabelo loiro – antes preso num rabo de cavalo malfeito – se soltou. Louisa suspirou e prendeu o cabelo mais uma vez, logo antes de seus olhos, castanhos bem claros, se lançarem sobre mim.

— Pisou na bola. — Ela disse.

— Desculpa... Eu...

— Não diga mais nada. — Louisa afastou minha mão do machucado e deu uma olhada. — Foi um corte leve. Está doendo?

— Só um pouco.

— Ela te acertou em cheio. Quer algum remédio para dor?

— Lou... — olho para ela. — Acho que você não deve desperdiçar seus remédios.

— Eu não lig...

— Sério, não sabemos por quanto tempo vamos ficar aqui. Acredite em mim, vai chegar um momento que vamos precisar de tudo que você trouxe.

— Eu entendi... — Ela abaixou o olhar. — Você sabe como voltar?

Olhei para ela. Como eu diria que não sei? Eu não faço idéia! Estudei para essa viagem, mas estudei com teorias e nada do que estudei deu certo na Escócia. No final, peguei um portal estranho e desconhecido, e ainda puxei meus amigos. Estamos no meio de uma floresta. Não sei se estamos no lado dos Burgúndios ou Armagnacs. Pra dizer a verdade: estamos perdidos.

— Lou... — segurei a mão dela. — Eu estudei por anos cada teoria de viagem no tempo, mas tudo envolvia a Escócia. Estou sendo sincera com você. Aquela entrada que pegamos... Foi a primeira vez que eu ouvir falar daquela gruta...

— Você não sabe como voltar.

— Eu mereci aquele soco que a Felicia me deu.

— Mas, e agora? Está escurecendo. Todos estão contra você. Não sabemos onde estamos, e nem sabemos em que ano estamos. Não sabemos se Joana D'arc já foi presa, ou se já morreu.

— Primeiramente, precisamos encontrar um vilarejo. Acredito que seja a maior fonte de informações, e precisamos saber se estamos do lado certo da França.

— E depois?

— Se Joana D'arc ainda não morreu, precisamos salva-la. — dou um leve aperto na mão dela. — E você vai me ajudar a convencê-los.

— Não acho que isso seja possível agora.

Agora...

— Anna... Vocês acha mesmo que isso é importante?

— Eu acho. — digo. — Eu vi uma mulher. Uma mulher de vermelho. Vi ela na Escócia e também antes de entrarmos na gruta. Eu acho que é a nossa tarefa. — respiro fundo. — Na Escócia, eu poderia ter conseguido, eu sinto isso.

— Eu sei que houve muita gritaria nessa conversa que tivemos meia hora atrás. Eu realmente não entendi sua idéia. — ela me olhou, ainda com os olhos sensíveis de sempre.

𝕰𝖚 𝖙𝖊𝖓𝖍𝖔 𝖖𝖚𝖊 𝖘𝖆𝖑𝖛𝖆𝖗 𝕵𝖔𝖆𝖓𝖆 𝕯'𝖆𝖗𝖈Onde histórias criam vida. Descubra agora