Inocência

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Kikyou POV

Estávamos andando de mãos dadas há mais ou menos uns dez minutos. Nenhuma palavra foi proferida desde a frase: "Pegue sua bolsa e eu te acompanho".

Sentia-me ignorada. InuYasha estava com a cabeça nas nuvens. Piloto automático definia bem o meu namorado.

- "Para ele estar assim... Que tipo de coisa o incomodou?" – mordi o lábio e o olhei de soslaio. Estava distraído com os carros, agora esperávamos uma oportunidade de atravessarmos a avenida. – Inu...

- Hum? – olhando atentamente para a direita.

- Algo aconteceu para estar tão... Distraído? – tentei fitá-lo, mas ele não virava o rosto para mim.

- Nada aconteceu Kikyou.

Havia um duplo sentido em sua frase. Eu sabia que o que ele tinha dito era, de modo traduzido: Você não deu pra mim.

Aff!

- Hum... Sabe porquê. – disse.

- Sei sim. – puxou minha mão e atravessamos a rua.

Ao chegarmos do outro lado da rua, ele suspirou e me olhou. Algumas pessoas passavam ao nosso redor e estavam alheias a nós dois. O olhar de InuYasha parecia alterado, como se ele quisesse me dizer muito mais. Estava ficando realmente preocupada.

- Então... Por que fica assim comigo? Sabe que é algo que eu não vou abrir mão e não vou ceder. – apertei os dedos dele, estavam entrelaçados. – Ao mesmo tempo que... É difícil para mim também... – murmurei.

- Olha... Não se preocupe. Ok? – sorriu amarelo e me puxou para continuarmos o caminho. Estávamos muito perto da Loja de Pijamas que eu trabalhava.

- Como não vou me preocupar!? – puxei sua mão e parei bruscamente. Fiz ele me olhar. Seus orbes não focaram em mim. Rodaram em suas órbitas em pleno tédio.

- O que você quer que eu faça, heim, Kikyou? Eu já tenho muito o que pensar sobre mim! Ficar tentando decifrar seus enigmas é uma tarefa um tanto impossível. – bufou e arqueou a sobrancelha.

- "Me pede em casamento, caralho!" – pensei – "Assim eu cumpro o meu objetivo e você tem o que quer!" – Quer saber... – soltei os dedos dele. – Você que sabe. – me estiquei até dar um selinho um tanto sem graça em seus lábios e me despedi. – Tchau. Vou entrar.

- Tá... Bom trabalho. – murmurou e nos afastamos.

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InuYasha POV

Velho... Eu tenho certeza que ela quer que eu a peça em casamento. Mamãe já falou disso um tempo atrás. Que a Kikyou seria a garota ideal para o altar. Mas, sério mesmo? Eu não sinto algo tão forte por ela como pensei que sentiria para chegar a pedir em casamento.

Tudo isso cansava a minha paciência.

Coloquei a mão nos bolsos e fiquei andando pela calçada. Eu olhei as vitrines com calma, entrei em uma loja e comprei um boné vermelho. Saí de lá usando o boné e continuei andando despretensiosamente.

O dia estava bonito, apesar de ter algumas nuvens. Era agradável ter um tempo só para pensar e deixar a mente clarear.

Enquanto eu aliviava meus pensamentos, um casal passou do outro lado da rua. Foi impossível não ver. Ele tinha um cabelo preto, amarrado bem no alto em um rabo de cavalo. A mulher ao seu lado tinha madeixas ruivas e onduladas. Ambos sorriam ao empurrar um carrinho de bebê.

Estavam felizes. Realizados.

- "Moroha..." – pensei no nome da criança que mudou meu mundo e me virou de ponta cabeça! – Eu tenho que ligar para a Kagome. – peguei o celular e procurei seu contato nas últimas chamadas recebidas. Liguei para ela e esperei que atendesse. No entanto, Kagome não atendia. – "Será que a Moroha está... Dormindo?" – suspirei e guardei o celular no bolso novamente. – Eu realmente tenho que resolver isso... O que será que posso fazer? – o desanimo me derrubou. – Ah... Se eu pudesse contar a alguém disso! – me lamuriei.

Tsuki no ShitaOnde histórias criam vida. Descubra agora