cafeína

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~ 2 toques ~

- oi, amor da minha vida!

- oi, Lu! Tá ocupado?

- pra você, nunca! Pode falar minha deusa

- tu pode me encontrar naquele café no Atacadão central?

- tá bem, te encontro lá em 30 minutos?

- 30 minutos tá ótimo, xêro

Os 30 minutinhos de Lucas demoraram quase 50 o que, conhecendo como o conheço, já era se se esperar. Eu estava nos meus primeiros goles de café quando ele chegou ofegante.

- ai amiga desculpa, tô sem carro e ainda demorei pra conseguir um Uber

- ué o que houve com o seu ninho móvel do amor?

- está com o amado em pessoa, foi visitar os avós no interior- respondeu puxando a cadeira para sentar a minha frente

- e por que você não foi também? - perguntei

- não tô no mood de encenar que somos só amigos - respondeu de cara amarrada e pediu para o garçom trazer o cardápio - então o que era tão importante que necessitava da minha ilustre presença? - falou enquanto examinava as poucas páginas do caderninho em couro

- porque eu tava com saudades de você é claro! - respondi divertida

- vejo verdade nas suas palavras mas não consigo acreditar - rimos juntos - qual foi o b.o.? Já sei Ana Clara!

- ela mesma mas dessa vez não é um b.o.

- hmmm prossiga

- quando você soube que era amor? - Lucas morava junto com o namorado e eles estão juntos a mais ou menos quatro anos

Lucas sorriu pra mim, dessa vez sem deboche e eu soube que dali viria coisa boa. Antes de ser jornalista Lucas é poeta e todas as palavras que ele toca ficam mais leves, amo ouvir seus textos e até mesmo seus pensamentos aleatórios parecem ter métrica.

- eu soube que era amor num dia em que Pedro dormiu lá em casa e algumas horas antes de ir embora sentou pra arrumar a mochila e começou a dobrar uma por uma com a delicadeza de quem decora um bolo. Foi ali quando meu mundo parou pra assistir aquele cara dobrar peças de roupa, que eu percebi que eu assistiria por horas e horas qualquer coisa que ele fizesse. Meus dias já eram dele e o meu amor também. - suspirou

- diacho! Eu sempre fico emotiva quando tu fala de Pedrinho - sorri pra ele segurando suas duas mãos apoiadas na mesa - amo muito vocês, viu

- nós também te amamos, meu solzinho - beijou minhas mãos - mas por que a pergunta especial? Você acha que a ama?

- eu ainda não sei, não entendo se com apenas 4 meses de convivência eu já posso dizer que a amo. Mesmo que eu tenha vontade de gritar em plenos pulmões no meio da paulista que eu amo essa mulher, ainda me dá medo... A ideia de que a gente esteja apenas se curtindo e que  pode ser que não passe disso me assusta - suspirei

- vi, por todo o afeto que vocês construíram nesses meses eu não acho que seja só uma curtição casual, ela quer roubar o seu gato! - rimos - mas sério, eu sinto que a Ana gosta de você tanto quanto você gosta dela e não interessa se vocês estão juntas a 4 meses ou 3 dias, seus sentimentos não podem ser medidos por calendário nenhum

- às vezes você tem os piores conselhos mas o melhores também - o garçom chegou com nossos pedidos: outra xícara de café e um croissant de queijo e para Lucas um capuccino e biscoitos folhados. - mas eu não te chamei só pra isso

Bem-me-leveOnde histórias criam vida. Descubra agora