Bem-me-leve

pra vida inteira

Já olhou pra alguém e se perguntou por onde aquela pessoa esteve durante todo o tempo passado?

Era assim que eu me sentia olhando pra Ana Clara e era assim que eu esperava que ela se sentisse comigo também. Hoje eu teria alta médica mas ainda era bem cedo e ana ainda dormia na poltrona ao lado da minha maca enquanto os primeiros raios de sol invadiam o quarto.

- bom dia, vi! - falou coçando os olhos - pronta pra ir pra casa?

- bom dia, meu dengo - respondi - é o que eu mais quero! Espero nunca mais precisar voltar nesse hospital

- espero mesmo! Não quero você doente tão cedo, por favor - respondeu levantando e ficando em pé ao lado da maca - você dormiu bem? Sente dor?

- eu tô ótima, ninha, lhe juro... Dormi tranquilinha e você conseguiu dormir direitinho? Horrível essa poltrona né menina fico com dó de você ter tido que dormir aí duas noites

- ela até que não é das piores, eu só não peguei no sono mais rápido por causa do êxtase de ontem, é muito bom poder dizer que você é minha namorada - o sorriso de Ana ia de uma orelha a outra assim como o meu

- antes de ser a gente já se sabia, ninha. Gosto muito dessas palavras "Minha namorada" soa bem né? Já quero chegar nos lugares e dizer "essa é a Ana, minha namorada" ou "você já conhece minha companheira? Amor vem cá pra eu te apresentar!" - Ana Clara gargalhou

- mal posso esperar por esses eventos - falou rindo

A servente trouxe o meu café da manhã e assim que eu terminei o médico passou pra avisar que eu já estava de alta e fazer as recomendações. A enfermeira me ajudou com o banho e tirou o acesso da minha mão, finalmente eu estava livre daquele hospital.

- Se apoia em mim, Vi! - Ana falou colocando meu braço em cima de seu ombro

- amor, eu consigo andar direitinho, tá tudo bem não tô sentindo dor nenhuma só um incômodo chatinho.

- não tá sentindo mas pode sentir se fizer esforço então se apoia em mim, anda

- você é mandona né dona Ana Clara?

- se reclamar te dou um chute você não sai desse hospital hoje

- vai chutar minha canela, jardineira de bonsai? - Ana revirou os olhos - tô brincando, morena, tô brincando.

- acho bom mesmo! - fez bico

Depois de assinarmos as papeladas, Ana e eu pedimos um Uber e voltamos para nosso prédio.

- ei, moça onde você pensa que vai? - me perguntou enquanto eu me dirigia até meu apartamento

- pro meu apartamento, ué... Você já teve muito trabalho comigo, Ninha, deixa que Beatriz assume agora

- negativo, nem pense nisso! E não é trabalho nenhum! Eu vou cuidar da minha namorada que está em pós cirúrgico, posso?

- me chamando de minha namorada você pode tudo! - sorri e Ana me sorriu de volta

Fomos para o apartamento de Ana que fez questão de me deixar deitada na cama depois de ter me ajudado com outro banho pra tirar o "cheiro de hospital", além de ter feito meu lanche com suco e sanduíche natural.

- ei, vem cá, senta aqui - falei após comer batendo de leve no colchão indicando que ela se sentasse ao meu lado.

- oi... - respondeu se sentando - tá sentindo alguma coisa?

- tô

- vou buscar seus remédios então, não tá na hora ainda mas se você ta sentindo dor acho que já pode adian... - falou me atropelando