acalanto

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- e foi isso que aconteceu, Vi - terminei de falar enquanto Vitória me abraçava e enxugava minhas lágrimas

- ô ninha... Eu sinto muito que você tenha que passar por tudo isso... - me apertou mais em seus braços - infelizmente eu e você, juntas ou não, ainda vamos ter que conviver com muita gente que não nos respeita e não entende, sabe?

- eu só não esperava que viesse da minha família, do meu irmão do cara que eu amo desde que nasci - era impossível não chorar enquanto falava

- É totalmente compreensível a sua dor, ninha. Só que por mais que machuque ter que se afastar nesse momento, a gente não precisa se prender aos laços afetivos nem passar por cima daquilo que dói só por ser família. Família também magoa e tá tudo bem em não querer se submeter a essas coisas... Vai ficar tudo bem eu prometo, só não chora mais não que meu coração já tá apertadinho igual teu olhinho. - sorri de lado

- a única coisa boa que eu consegui pensar nas últimas horas é que eu precisava desse teu abraço - falei me aninhando em seu peito e reparando que eu tinha acabado de molhar toda camiseta do pijama de Vitória com minhas lágrimas

- pois o meu abraço vai ta sempre aqui pra tu, meu dengo - respondeu beijando minha testa enquanto eu enfiava a cabeça na curva de seu pescoço

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Foi ali que eu entendi o que Lucas falou sobre João Pedro. Eu amava Ana Clara, qualquer dúvida que eu tivesse quanto a isso não existia mais. Eu a amava e queria a qualquer custo arrancar aquela dor de dentro dela, dividir um pouquinho comigo pra não ver seu sofrimento. Eu a amava e precisava dizer isso logo, não dava pra esperar até o dia do aniversário.

- Ninha? Tá acordada ainda?

- aham... Tô meio sem sono

- Ana Clara, tem um coisa que eu preciso te dizer há um tempinho mas não quero que você se sinta pressionada a me responder de volta nem nada do tipo eu só preciso me expressar e acho que não tem um momento melhor pra isso - Ana levantou a cabeça pra me olhar no olhos e essa foi a minha deixa pra falar - Ana Clara, eu te amo! Te amo pela sua coragem de ser quem você é e de se abrir pras possibilidades, amo pelo jeitinho que você se entrega pro mundo e pelo jeito que se entregou pra mim, amo pelo carinho que você coloca nas coisas que faz e principalmente te amo por todo amor que você me devolve.

Ana não me respondeu com palavras, pelo contrário, me beijou. E beijou de um jeito que nunca tinha beijado antes não era a paixão, não era o fogo e não era só o carinho. Com aquele beijo eu sentia que ela me amava também e independente do que viesse pela frente encontraríamos um jeito, juntas.

- Vitória, eu também quero dizer que te amo! E não tô falando só porque você falou, foi sério quando eu disse que você é meu amor. Obrigada por me cuidar, por se preocupar comigo e obrigada por você ser você. Fico feliz que tu consiga sentir de volta todo amor que me faz sentir. Eu te amo e amo nossa troca. - falou me beijando mais uma vez e outra e mais outras e seguimos nos beijando e acariciando noite a dentro até que Ana pegasse no sono.

Naquela noite eu dormi ao lado de Ana Clara como em várias outras mas nessa eu dormi com a certeza de que assim como eu a amava, ela me amava também.

Acordei com sol forte na cara e uma Ana Clara com o rosto enfiado no travesseiro pra evitar a luminosidade, tínhamos esquecido de fechar a cortina ontem a noite e por mais que fosse relativamente cedo eu precisava levantar e me organizar pra pegar o turno das 10 na emissora.

Fiz suco de maracujá e omeletes do jeitinho que ela gostava e deixei na mesinha do quarto com um bilhete.

Meu amor,
Precisei sair pra me arrumar pro trabalho. Se alimenta direitinho e fica bem, logo logo tô voltando pra tu.
Um xêro, Vi

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