Bem-me-leve

quem sabe isso quer dizer amor

Minha mãe viajou de volta pra Araguaína no fim daquela semana, não sem antes bater muita perna na 25 de março, deixar o meu próximo mês de aluguel pago e jogar conversa fora quase todos os dias com Vitória e Ana Beatriz. Dona Mônica me fez prometer que de agora em diante ligaria com maior frequência e se eu não desse sinal de vida por mais de 3 dias entraria em contato com Vitória. Eu estava tão feliz com a convivência entre elas que nem me importei com essa última parte.

A semana seguinte correu tranquilamente, deixei meu currículo em vários lugares mas só ouvi as frases comuns como "não estamos contratando no momento" "seu currículo é muito bom mas não se encaixa na vaga" "queremos alguém com experiência na área" típico de uma jovem em busca de um segundo emprego. Nos próximos dias iria continuar buscando alguma coisa.
Tinha que dar certo, ia dar certo.

A parte boa é que finalmente chegava o fim de semana antes do meu aniversário e eu estava uma pilha de nervos porque hoje era domingo, segundo vitória nós só viajaríamos na segunda e minhas malas estavam prontas desde a sexta.

Estávamos no meu apartamento jogadas no chão da sala pra tentar amenizar o calor, a sensação em São Paulo era de fazer intercâmbio no inferno, não era um calor típico de primavera. Era como fazer hidromassagem num vulcão

~ toque do celular ~

- oi, Mari

- quer dizer que você agora não tem mais tempo pras amigas nem pra comemorar seu aniversário? - falou em tom de deboche

- eu já passei muitos aniversários com você e eu já te vi ontem, pare de armar, Mariana!

- que dia cê viaja?

- amanhã

- pô vamo tomar um chopp hoje a noite pra comemorar adiantado, fala pra Vitórinha levar os amigos dela também

- Vi! Mari tá chamando que a gente vá tomar um chopp hoje e falou pra tu chamar teus amigos, tu anima?

- por mim tudo bem - vitória respondeu

- tá viva, Ana Clara? - Mariana perguntou do outro lado da linha

- oi tava perguntando pra Vitória, nós vamos, sim. Onde e a que horas?

- umas 19/20:00 tá beleza vamo de happy hour, no bar da penha próximo ao mirante vou mandar a localização pra vocês, relaxa

- tá bem, nos vemos lá! Beijo!

- outro!

~ ligação off ~

Desliguei o telefone enquanto Vitória mandava um áudio pra Lucas convidando ele o namorado pra irem com a gente.

- ei, tu tá desanimadinha é - perguntei enrolando um cachinhos de Vitória notando ela quieta demais

- tá tudo bem acho que eu tô só indisposta, ou com preguiça, sei lá - respondeu fechando os olhos

- se tu não quiser a gente não precisa ir, vem cá... - cheguei perto dela abraçando seu corpo - Vitória?

- oi?

- tu tá quente demais

- tá fazendo calor, ué. Você também tá quente - retrucou

- não tô não, não desse jeito - coloquei a mão em sua testa e percebi que ela estava realmente mais quente que o normal

- eu tô bem, juro... Vamo só tirar um cochilinho mais tarde a gente encontra nossos amigos, tá? - beijou minha bochecha

- tá sentindo alguma coisa?