Se alguém me dissesse que os primeiros anos de faculdade seriam os mais agitados da minha vida eu não acreditaria. No mesmo ano em que completávamos dois anos de namoro Vitória e eu estávamos cada dia mais enroladas em nossas rotinas, tentávamos aproveitar cada fração de segundo juntas e às vezes esse tempo era tão raro que só nos falávamos por telefone, isso porque vez ou outra ela tinha que viajar para o interior do estado onde a estavam cotando como âncora de um outro jornal, o que não demorou muito a acontecer. Vitória começou a passar a semana inteira gravando no interior e retornar a São Paulo apenas nos finais de semana.
Até aquele percalço nunca tive dúvidas dos nossos sentimentos, a amava e tinha certeza de que ela me amava também.
Mas não era essa sensação que eu tinha frente a angústia causada pela distância, Vitória teria de se mudar definitivamente e eu teria de me acostumar com uma razoável distância de cerca de 340km.- Ninha, você tem certeza de que tá tudo bem entre a gente?
- eu disse que tava tranquila em tentar não disse? Então...
- então um fim de semana eu venho, no outro você vai e a gente vai se ajeitando, tá bom assim?
- não é a mesma coisa de ter você na minha cama sempre - falei a abraçando - mas acho que a gente sobrevive
- não fala assim que me dá vontade de não ir mais... - falou fazendo beicinho
- você não tá nem doida de pensar nisso, eu quero você tão conhecida na tv que vai ser a próxima Fátima Bernardes - rimos
- só tu mesmo, ninha... te amo, viu? se cuida! E cuida do meu filhotinho nindo de mamãe também - paçoca tinha ficado comigo tanto por já estar acostumado com o ambiente do meu apartamento e do vitória como porque aqui em também teria Bia pra tomar conta quando eu precisasse sair.
- também te amo, por favor me liga quando chegar e vê se não usa o celular enquanto dirige! Semana que vem tô lá - demos um último beijo e Vitória seguiu seu caminho rumo a cidade que agora a acolhia.
Durante dois anos, cinco meses e vinte e sete dias eu não imaginava que houvesse coisa alguma no mundo capaz de abalar nosso relacionamento mas esse momento chegou mais rápido do que eu esperava.
Fazia um mês que eu não conseguíamos nos ver. Nos falávamos algumas vezes por chamada de vídeo, outras por ligação e mensagens de texto mas ainda assim meu coração não estava em paz, eu sentia que estávamos cada vez mais desconectadas, era como se o nosso momento tivesse ficado lá atrás e as prioridades não incluíssem um namoro~ligação~
- oi, ninha!
- Vi, tu tá com tempo agora? É que eu preciso conversar umas coisas
- Eu posso te ligar no comecinho da noite? É que eu vou precisar fazer uma externa tô numa baita correria
- tranquilo, você me avisa!
- te ligo assim que chegar em casa, xero
- xêro
Eu esperei pela ligação por boa parte da noite até pegar no sono, no outro dia pela manhã me deparei com um mensagem de texto deixada na madrugada
Vida💕 02:43: ninha! Eu não esqueci de te ligar, não! É que eu acabei saindo com o pessoal do trabalho depois da externa e meu celular ficou sem bateria. Podemos falar mais tarde? Me avisa, te amo
Quanto mais passasse mais difícil seria de falar o que eu precisava, eu não fazia ideia de que horas eram, o impulso de apertar o botão ligar não me deu tempo de ver o relógio. Bastaram dois toques pra que Vitória me atendesse com a voz marcada pela rouquidão
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- Ana? Aconteceu alguma coisa?- respondi ainda com o coração palpitando pelo susto que a ligação causou
- Vitória, eu preciso de um tempo - o silêncio foi tão longo que eu achei ter pegado no sono mais uma vez
- como assim, um tempo? - indaguei
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Nota da autora: não gente eu não voltei a escrever, por um acaso abri o app hoje e vi que esse rascunho estava por aqui perdido. Talvez algum dia eu ainda goste de escrever e volte por aqui. Aceitem esse mimo singelo.
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Bem-me-leve
RomanceUma história sobre o amor, em sua face mais leve Vitória é uma jornalista recém formada que ama o que faz, Ana trabalha numa empresa de logística embora seu sonho de infância é ser artista, elas têm suas histórias cruzadas desde antes de se darem co...