6. Futuros tão próximos

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Capítulo 6 | O Som das Flores

𝒁𝒐𝒆𝒚

Zoey pensou seriamente em conversar com Liam sobre aquilo.

Ela queria poder repetir mil vezes que estava tudo bem e que ela não se importava com o que tinha acontecido. A moça sabia que havia mais coisas por trás da expressão séria e olhar distante do amigo. Era possível sentir isso nele; e por um momento Zoey sentiu-se um pouco constrangida naquele silêncio que se seguiu na praia. Era como se Liam não estivesse realmente ali. Então, acabou deixando-o mais uma vez com seus próprios pensamentos por algum tempo e aproveitou a vista.

Há muito tempo não tinha a oportunidade de ver o mar, e ela amava poder estar ali na companhia de pessoas que tanto gostava. Zoey tinha certeza que se arrependeria amargamente caso tivesse desistido de ir naquela viagem ou recusado o convite. No entanto, ela já tinha deixado de fazer muitas coisas em sua vida — grande parte devido à sua ansiedade e a incapacidade de se comunicar com as pessoas ao redor. Ela não poderia perder aquela oportunidade; não quando teria a chance de conhecer um pouco mais o seu melhor amigo — e conhecer a si mesma também. Mas ela só se deu conta do quanto aquela viagem foi importante anos mais tarde, quando tudo se tornou apenas boas lembranças.

Ao despertarem, Liam e Zoey encontram-se com Lana e Marcela para tomarem café-da-manhã. Como combinado, a moça dormira no andar superior, enquanto Liam permaneceu no andar inferior com os dois filhotes. Zoey estava tão exausta que adormeceu rapidamente, sem estranhar o lugar ou a cama que não era a sua.

Ao sentarem-se à mesa, Liam estava com o rosto com marcas de travesseiro e os cabelos bagunçados, mas parecia descansado o suficiente para aproveitar o dia — que logo começaram a planejar. A ideia era aproveitar a praia pela manhã, descansar após o almoço e levar as filhotes ao veterinário (Lana ordenou que Liam estivesse disponível às catorze horas em ponto). Depois, Liam e Zoey poderiam fazer o que bem entendessem; desde que não sumissem da vista de Lana por muito tempo. Zoey gostava daquele modo protetor dela, e, apesar de autoritária, em nenhum momento fazia com que ela se sentisse desconfortável. Frequentemente a moça se sentia intimidada por pessoas que achavam que tinham algum tipo de autoridade sobre ela — com exceção de seus pais —, apenas por causa de seu jeito supostamente submisso. Com Lana, era diferente. Zoey a via como uma espécie de mestre — talvez por ter passado exatamente pelo que ela passou e entendê-la tão bem.

Zoey e Liam mal terminaram o desjejum e já estavam correndo pela areia, competindo entre si para ver quem chegaria ao mar primeiro. Eles largaram suas bolsas, correndo pela areia com dificuldade. O rapaz teria ganhado se não houvesse tropeçado, dando a oportunidade de Zoey ultrapassá-lo e sentir a água gélida primeiro. Não foi um bom prêmio. Apesar disso, ela riu quando viu Liam esparramado na areia.

— Você é má — Liam murmurou, apoiando-se pelos cotovelos para se levantar. Ele tirou a camisa, arremessando-a para trás para que em seguida se jogasse sobre as ondas sem cerimônias. Ele gritou, o corpo reagindo à água gelada.

Havia poucas pessoas na praia naquela hora — uma e outra família já tomavam o sol da manhã, ao longe, o que deu um pouco mais de privacidade à Zoey. Ela sempre teve dificuldade de expor seu corpo em público, mesmo em locais apropriados para isso; mas não que tivesse vergonha do seu corpo.

— Vem, Zoey! — Liam gritou, o cabelo colado na testa. — Está quentinha!

— Aham — a moça fingiu acreditar, pois já havia sentido a água sob seus pés ao vencer a corrida. — Você vai congelar!

— Você prometeu! — Liam dava braçadas enquanto tentava fugir de uma onda. Por um momento, o rapaz desapareceu por entre as espumas, para depois surgir tossindo e rindo.

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