Capítulo 5

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- Pronto. Podemos ir? - Nathália disse terminando de comer o bolo.

- Vamos. - Concordei.

          Passamos por ninguém mais nem menos do que Kyle Petterson e ao apenas olhar para aquela criatura desprezível cheia de milkshake já nos fez sentir melhor, sabendo que agora ele sentiu como é ser a piada da história. Bem feito, mas eu acho que ele merecia mais. Crueldade? É comigo mesmo.

- Kyle! Você está ótimo. - Nathália exclamou.

- Gente, deixem ele em paz! - Eu disse e elas me olharam estranho. - Quero tomar um milkshake de morango, alguém topa? Ah, Kyle, que rápido você!

As duas ficaram rindo por muito tempo e Kyle ficava me encarando.

- A-ha. - Ele disse. - Muito engraçado, Alexis, estou chorando de rir.

- Suas lágrimas parecem milkshake. - Completei.

- Como a de um idiota. - Júlia disse.

          Ele podia dizer qualquer coisa que quisesse para nós, mas não para Júlia. Se ele tivesse ainda um pingo de vergonha na cara, não faria nada. E foi isso o que ele fez. Ele apenas ignorou o comentário e continuou andando, deixando um rastro de milkshake de morango no chão do shopping. Depois de rirmos, Júlia parecia ter ficado um pouco melhor e deixamos ela na casa dela. Nathália me acompanhou para casa e decidiu passar o tempo no meu quarto enquanto eu me arrumava.

         Eu tomei um longo banho e troquei de roupa, colocando o vestido e o salto. Nath me ajudou a colocar a minha pulseira fina de couro que é o meu amuleto da sorte. Ela era do meu pai, quando ele tinha uma banda de garagem. Ninguém nunca entendeu o porquê de eu achar aquilo tão especial, mas sempre acreditei que era uma relíquia que eu tinha a obrigação de guardar. E assim eu fiz.

- Lex, o que você vai fazer com seu cabelo? - Ela disse, passando a mão pelo meu cabelo bagunçado.

- Acho que vou deixar ele assim. - Disse, examinando os meus cabelos naturalmente ondulados, não no sentido de cacheado. - Só vou escová-lo.

- É exatamente isso o que eu ia sugerir. - Ela disse, sorrindo. - Para que clube você vai?

- Uhm... Acho que é o Water Bridge Club. - Disse pensativa.

- Qual? - Ela perguntou.

- Water Bridge. - Disse. - É, esse mesmo.

- Hmm... - Ela disse pensativa e então deu um sorriso. - Vamos colocar o perfume.

         E assim fizemos e quando eu estava quase pronta, a Nath percebeu que sua mãe a estava ligando desde as cinco da tarde. Alguém estava encrencada... Ela se despediu de mim correndo e me entregou um embrulho.

- É só uma parte do presente. - Ela disse, piscando. - Júlia e eu vamos te entregar o resto na festa.

- Obrigada Nath. - A abracei forte e ela saiu correndo pela porta.

         Olhei para o meu reflexo no espelho e fiquei um tempo mexendo no vestido. O tecido era tão macio que eu achava que estava ficando hipnotizada por ele. Apliquei um pouco de maquiagem e ajeitei meu cabelo e minha pulseira pela última vez.

- Querida, temos que ir. - Minha mãe gritou e eu fui até a sala de estar.

        Minha mãe estava com um vestido verde que ultrapassava os joelhos. Meu pai estava com uma camiseta e uma calça social, o que era o que ele usava todo o dia para o trabalho. Entrei no carro e chequei meu celular. Nada. Talvez tivesse sido mesmo apenas mais uma brincadeira idiota. Talvez eu tivesse sido enganada. Tentei deixar esses pensamentos inoportunos de lado novamente, mas desta vez, eu não consegui. Eu apertava as minhas mãos e encarava o vestido, pensativa. Estava tão concentrada em meus pensamentos, que só ouvi minha mãe me chamar pela terceira vez.

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