Cap 1. O aniversário

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Já imaginou, você se apaixonar por alguém que você mesmo ajudou a ficar com outra pessoa, pois é talvez seja comum isso acontecer, mas... só agora sinto o que é isso.
E o pior, ela é minha melhor amiga, eu, certamente daria minha vida para que ela fosse feliz. alguns chamam isso de alma gêmea. Se eu tivesse o poder de inventar palavras eu daria um nome para o que eu sinto por ela.

Ele também é meu melhor amigo, mas não somos um belo trio.
Eu e Matheus nos conhecemos no sexto ano do fundamental, já eu e Madu nos conhecemos desde que nos entendemos por gente, ou seja, desde muito pequenas. E eu não esperava que eles se conhecessem da forma que se conheceram, mas pra contar essa história direito, vamos voltar a alguns meses atrás; no dia do meu aniversário de 18 anos.
Era um dia perfeito, pra dar tudo errado (como todos os dias da minha vida, desde que entrei na adolescência). Um domingo que eu jurava que seria o melhor dia da minha vida, foi o dia que tomou conta dos meus pesadelos. O dia mal havia começado, eram apenas 7:30 da manhã, e eu estava tirando o pijama quando minha mãe entrou no quarto de repente, me dando um susto que me fez desiquilibrar e escorregar na calça do pijama, logo indo de bunda no chão.
-Aí! - exclamei dolorida e olhei com a sobrancelha levantada para minha mãe, que não tinha um semblante muito bom, e naquele momento eu já desconfiava que vinha merda por aí
-Por favor não chora, sem pânico, tá? Mas... a mulher do rancho cancelou sua festa, porque o sogro dela faleceu essa madrugada e ela de sair pra outra cidade pro velório - Eu havia preparado esta festa sozinha, planejado tudo a longos 6 meses, juntado dinheiro e havia alugado um belo rancho para passar o dia com meus amigos, mas naquele momento todo meu esforço tinha ido por água à baixo, eu estava sem chão. Tudo estava pronto, a comida, o cachorro quente pro lanche, refrigerantes, playlist de kpop pra tocar a festa inteira, toda decoração que só precisaria organizar e montar. Naquele momento me senti sem chão. Sei que a morte é algo inevitável, mas o velho teria que morrer logo no dia do meu aniversário?
Eu não consegui ficar calma, meu dia estava arruinado, na minha cabeça eu devia ser a pior pessoa do mundo, pra todo o tipo de desastre acontecer comigo, fosse de coisas simples como passar vergonha na frente de todos seus colegas, ou até mesmo tragedias mais graves. Não queria que minha mãe ficasse decepcionada comigo, por ser fraca e logo estar pensando em desistir do meu aniversário; então apenas assenti com um olhar triste e terminei de me trocar, enquanto minha mãe estava pensando em algo e quando sai do quarto, ela saiu de seu transe como se tivesse uma ideia
-Onde você vai? - ela perguntou se virando pra me olhar, mas parei de costas para ela e tentando disfarçar a voz falha pelo choro preso na garganta tentei responder:

-Vou escovar os dentes, já volto - corri pro banheiro no corredor e me tranquei lá dentro e me sentei no chão deixando as lagrimas caírem em um choro silencioso, do banheiro eu apenas escutava o som das notificações de mensagens chegando no meu celular, mas certamente, eu não queria responder ninguém.
[...]

Depois de uns 15 minutos chorando, me levantei, lavei o rosto, me renovei, era meu aniversário, não teria gastado dinheiro atoa, eu faria esta festa, nem se fosse no meio da rua, já que na minha casa não tinha espaço para 75 pessoas; então sai do banheiro e minha mãe veio me dar outra noticia
-Consegui outro espaço, é menor que o rancho, não é tão bonito, mas tem uma piscina grande, é aqui perto de casa e tem mesa de sinuca
-Já falou com a dona? Pergunto com um tom de superioridade, eu estava tentando aumentar minha confiança de novo pra tenta amenizar a insegurança que gritava no peito
-Já! Ela está indo lá pra casa da piscina pra abrir o espaço pra gente, falei que íamos as 10 pra lá - ela diz animada e um sorriso se abre em meu rosto, me deixando mais calma
-Obrigada mãe! - com o coração acelerado, mas ao mesmo tempo aliviado, pulei na mais velha a abraçando fortemente
--Feliz aniversário, bolo fofo.
"bolo fofo", é um apelido que ela me deu quando eu ainda era pequena, ela só me chama assim em ocasiões especiais, e esse apelido (mesmo que chame de gordinha) deixa meu coração tão quentinho, que é difícil explicar, ela também me chama de balãozinho, bujãozinho, porquinha e muitos outros; e para alguns isso pode soar ofensivo, mas vindo da minha mãe, sinto a demonstração de carinho dela e do quanto ela me ama, ela me chamando assim me deixa até manhosa, me sentindo a 'filhinha da mamãe', já que não é todo dia que eu e minha mãe vivemos em paz.

[...]

Depois do grande susto, tudo estava ocorrendo bem; minha amiga Konan havia vindo me ajudar com a decoração e agora estávamos no espaço da festa enchendo as últimas bexigas de pintinhas, minha festa era do tema de panda. Um tema bem estranho eu sei, mas eu sou obcecada por pandas. Minha mãe então quando viu o horário, nos chamou para almoçar, pois logo os outros convidados estariam chegando. Não deu muito tempo para comermos, meus amigos são bem pontuais, exceto os dois melhores; Matheus e Maria. Deixei meu prato de lado para ir cumprimentar meus amigos que cada vez mais iam chegando, com beijos, abraços e presentes, mas apenas 20 minutos depois, chegou dona Maria Eduarda cansada, ofegante e suada, por ter ido de bicicleta, num bairro onde só há subidas íngremes. Fui até ela correndo e abracei fortemente, sem me importar com a mesma reclamando, que estava suada e com calor.

-Então vai se trocar, vai colocar seu biquini, vá, vá - falo como se estivesse espantando-a pro banheiro
-Virei galinha agora, foi? - ela revida fazendo cara de deboche
-Amiga tu sempre foi - rio alto e ela me bate se fingindo de brava e entrou no banheiro pra se trocar
Enquanto Madu se trocava, vi meu melhor amigo chegando com outros dois convidados, amigos meus também, mas me espantei quando vi o loiro na minha frente, quer dizer... ele já não era mais loiro, agora seu cabelo estava um castanho claro, um pouco mais escuro nas raízes e seu cabelo agora quase batia na altura do ombro, o típico menino cabeludinho, que agora estava na moda sendo como o "padrãozinho" das garotas.

-Oi melhor! - ele diz sorridente ao me ver, e uau, só agora reparei no quão alto ele está. Ele me abraça feliz me tirando do chão por alguns segundos e eu sorrio ao senti o chão sob meus pés novamente
-Oi melhor!! - exclamo e ele me entrega o presente em suas mãos
-Sei que o quanto você é viciada em chocolate, então aproveitei e comprei essa caixa de bombom - meus olhos marejam, pelo carinho e eu sorrio largo, feliz pelo presente e o abraço de novo o agradecendo e falo pra ele ficar à vontade.
A piscina estava liberada e alguns já estavam aproveitando a água fresca naquele domingo quente, até eu senti a falta de Madu e de Konan, comecei a procurar ambas, mas nem sinal das duas, até eu passar por Matheus que estava indo se trocar pra entrar na piscina
-Melhor, você viu a Konan e a Madu? - pergunto preocupada
-Se for uma morena baixinha e uma alta de cabelo longo, elas saíram tem uns 10 minutos, ali pra fora, mas não vi por onde elas foram - ele diz calmo e entra no banheiro, e quando eu ia sair pra procura-las, outras duas amigas me impedem, e começam a me distrair, e Konan e Madu voltam com uma caixa enorme com elas e começam a rir vendo minha reação surpresa, mas infelizmente, elas haviam parado bem na frente da porta do banheiro masculino e quando menos esperavam Matheus saiu do banheiro apenas de calção de banho, chamando a atenção de muitas meninas ali, e principalmente atraiu a atenção de Maria. Confesso que fiquei chocada coma evolução do garoto, mas ele era meu melhor amigo, em hipóteses nenhuma eu olharia com maldade ou desejo pra ele, mas Maria estava quase babando e a partir daquele dia, Maria não foi mais a mesma...

Desculpa, mas não posso gostar de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora