Cap 5. Ciúmes

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O filme foi até bom, bom pra quem ama filme de terror; pra mim foi terrível, deplorável, aterrorizante, eu só espero conseguir dormir depois do final “baseados em fatos reais”.
O casal nem sequer prestou atenção, estavam no maior Love, e como esperado, eu de vela.
Saímos do cinema, e resolvemos ir comer pizza em um restaurante perto do cais, fiquei no celular enquanto eles conversavam numa boa, sem a minha ajuda. Fiquei pensando e me perguntando o que eu ainda estava fazendo ali.
—Eu vou ao banheiro, e já volto – Falo chegando na conclusão que eu tinha que arrumar uma desculpa pra ir embora
—Tá tudo bem? –Maria pergunta vendo que eu estava apressada e eu assinto
— Sim, só preciso... Bem... Retocar a maquiagem – minto forçando um sorriso e ela meio confusa assente e eu saio da mesa, e entro pra dentro do local procurando o banheiro.

—Eu preciso ir embora... Eles nem precisam de mim pra conversar, por que eu vim? – Eu ficava me perguntando enquanto olhava meu reflexo no espelho pensando em uma desculpa pra ir pra casa, até que me assusto quando Maria entra no banheiro sem bater

—Ai que susto porra – Falo colocando a mão no peito
—Você deveria trancar a porta –Ela diz cruzando os braços e se apoiando no batente da porta
— Se a porta está fechada, você tem que bater – Falo o óbvio e ela dá de ombros
—Está se divertindo? – Ela pergunta inocente
— Claro, estou feliz como um Chafariz! – Exclamo ironicamente e ela ri baixo
— Me desculpa, a gente estava envolvido na conversa – Empurro ela um pouco pro lado e saio do banheiro ficando no corredor
—Jura? Nem reparei que fiquei Fuckin 3 horas e meia sendo ignorada – Esbravejo irritada e respiro fundo tentando não surtar —Eu vou pra casa... Assim vocês terão mais privacidade e vão conversar mais – Acrescento abaixando a cabeça de costas pra ela, e quando ia sair, ela me impede segurando meu pulso
—Por favor não vá.... Eu preciso de você, você que me deixa confiante pra conversar com ele sem gaguejar – Ela diz com os olhos cheios d’água e eu tenho vontade de enforcá-la
—Porra, para com esse drama... – Falo entre os dentes fechando os punhos e me solto dela —Só vou ficar porque estou com fome e quero comer essa pizza – Minto com a voz embargada, e ela sorri de lado, ela sabia que eu ficaria por ela, ela sabe me controlar como ninguém.
Voltamos pra mesa e nos sentamos como se nada tivesse acontecido e Matheus começa a mostrar alguns vídeos pra ela, e tenta puxar assunto comigo, e eu finjo não me importar com os dois agarradinhos lado, a lado.
Logo a pizza chegou e começamos a comer, os pombinhos fazendo graça, começaram de novo com a boiolagem. Maria dando pedaços da sua pizza na boca do Matheus, e ele retribuindo como se ambos fossem duas crianças. Aquilo me embrulhava o estômago e apertava o coração, meu sangue fervia, mas eu tentava não demonstrar.
Logo depois de pagarmos pela pizza, falo que vou comprar sorvete e nenhum deles responde, me ignorando novamente, dou de ombros e vou na sorveteria enquanto eles iam pro cais próximos aos outros casais que ficavam namorando ali.
Demorei apenas 5 minutos pra comprar o sorvete na casquinha e quando fui procurar eles, ambos haviam sumido. Perdida no meio dos casais de todos os gêneros, eu me sentia um peixe fora d'água, apenas eu, apenas sozinha, apenas confusa sobre o que eu era, ou o que sentia, não me sentia assim, mas longe da Maria eu me sentia... Perdida no mundo...
Quando finalmente achei os pombinhos, tive uma surpresa desagradável, que fez meu coração de certa forma se partir e me deu uma vontade enorme de vomitar, meus olhos se encheram d'água, e minhas mãos estavam trêmulas. Um beijo apaixonado no meio de tantos casais se destacava, um beijo caloroso e sincero, parecia estar embaixo de um holofote.
—M-maria... – A chamo com a voz embargada e falha e ela se vira pra mim rapidamente assustada
—Raquel... T-tá tudo bem? Você está pálida... – Ela se afasta do Matheus vindo até mim, mas eu me afasto dando alguns passos atrás
—E-eu só estou passando mal, e-eu preciso ir pra casa, está bem? – Falo apertando um pouco a casquinha até ela de quebrar na minha mão derramando todo o sorvete
—Eu vou com você! – Ela diz preocupada e eu me afasto mais
—NÃO! – Exclamo alto e deixo o resto do sorvete cair no chão. – Aproveita que sua mãe está de plantão hoje, e aproveita sua noite e se encontro
—Raquel, espera ai – Matheus se pronuncia agora, mas eu o interrompo
—Não se preocupem... A gente se fala amanhã – Aceno pra eles e vou embora, sem deixar eles se despedirem de mim, quando eu estava bem longe do cais, paro e chamo um Uber. Me sento em um banco esperando o carro chegar enquanto segurava o choro, até que vejo uma notificação de mensagem chegar e leio pela barra de notificação

“My Alien: Tome cuidado quando for pra casa
My Alien: Conversamos amanhã, melhoras... Seja lá o que for que você está sentindo...
My Alien: Amo você, boa noite 💖”

O carro chega quando eu ia responder, corro pra dentro do carro e deixo o celular no bolso, e peço pro Motorista ir mais rápido possível.
Chego em casa, abro a casa sem barulho, e corro direto pro quarto, já que todos já estavam dormindo. Tranco a porta do quarto também e tiro aquela roupa ficando só de lingerie e me sento no chão abraçando meus joelhos sentindo as lágrimas quentes rolarem pelo meu rosto até cair no chão, e meu coração aperta cada vez mais com aquela angústia de não saber o que estava acontecendo comigo; minha mente ficava repetindo a cena do beijo e vozes na minha mente repetiam vagamente “Ela nunca vai sentir o mesmo por você”. Por que eu iria querer que ela sentisse o mesmo que eu? Ela é minha melhor amiga, e seja lá o que for esse sentimento doloroso que me consome, eu nunca o desejaria a mesma angústia pra ela.
Após derramar rios pelo quarto, me levanto, me recompondo, e pondo um sorriso falso nos lábios e coloco meu pijama e lembro de responder a mensagem de Maria “Aproveite a noite, boa noite... Amo você também”. Desligo o celular e me viro na cama e cansada de tanto chorar, apago de repente, dormindo sem nem lembrar de responder Konan, ou de guardar as outras roupas, ou por meu celular pra carregar.

Desculpa, mas não posso gostar de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora