Cap 3. Mensagens

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A aula estava ocorrendo bem, tudo normal. A professora falando da vida dela, alguns jogando truco e comendo salgadinho fedidos no fundão, outros jogando no celular em um canto perto as janela e eu lendo um livro sobre Mitologia grega, até que Duda me bate várias vezes no braço, quase explodindo de entusiasmo.
-Ai! que isso doida? - pergunto fazendo cara feia por ela ter me batido, largo o livro e esfrego o local onde ela bateu pra aliviar a ardência.
-Ele respondeu... - Ela sussurra, olhando pros lados como se fosse algum crime e eu ergo uma sombrancelha.
-E... Você respondeu? - Pergunto tentando fazer ela continuar .
-Eu não sei o que responder... - Ela esconde o rosto atrás do celular com vergonha e sussurra de novo: -Me ajuda?
Bufo e reviro os olhos, estendendo a mão pra ela me dar o celular:
-Maria, ele só disse oi e perguntou se você está bem... -Falo fazendo descaso com a situação e ela abraça os próprios joelhos tristonha.

-Eu não sei o que responder, porque não sei se estou bem...

Meu coração pesa, eu estava sendo tão ignorante e grossa com ela ultimamente; envergonhada tento me redimir.

-Ok, ok! Como você está agora? Ta se sentindo bem? Tá feliz? -Ela assente e eu digito "estou bem e você?"

-Pronto, continua uma conversa normal como ele amiga, como se ele, fosse eu -Sugiro dando de ombros e volto a atenção pro livro

-Ah! Ele respondeu de novo! - Ela diz entusiasmada e nervosa e eu incentivo ela a continuar conversando; ela para de prestar atenção em mim, e começa tentar conversar com ele sozinha e eu finalmente tenho paz pra ler...
....Ou teria.
A professora de repente nos chama a atenção que agora ela falaria sobre as atividades, já que a mesma cansou de falar da própria vida, guardei o livro e comecei a prestar atenção, mas Maria continuou conversando com Matheus por mensagens sem que a professora visse.

[...]

O final da aula chegou e eu distraída como sempre, pensando em como ajudar a Maria e a ME ajudar também, só percebi que o sinal havia tocado quando Maria me empurrou pelo ombro, me fazendo sair do transe
-Ãn? Que? -Olho pra ela com uma cara de idiota e ela faz cara de nojo e ri
-Vamos embora, menina Alien - Ela diz rindo e bate na minha testa e eu me levanto guardando o material e ela diz que vai sair na frente e me espera no portão. Assinto e guardo as coisas com calma e saio devagar da sala, mas próximo ao portão vejo Maria conversando com alguém, aperto os olhos, forçando a vista até ver que ela estava falando com o cabeludinho. Corro até ela, mas sem que ele me visse e quando fiquei atrás dele, comecei a fazer gracinhas pra garota, fazendo sinais positivos e de torcida, e vários corações diferentes e ela fica extremamente vermelha segurando a risada, quando Matheus percebe ele se vira rapidamente e eu paro disfarçando assobiando, me fazendo de sonsa e ele ri nasal, me olhando suspeito e então se vira pra Maria novamente.
-A gente se fala mais tarde Duh? -Ele diz calmo e se vira me dando um sorriso fofo, e se despede de mim com um beijo na bochecha também e vai embora, olho pra Maria com um olhar malicioso e ela toda lerda, olhando boba apaixonada pro portão quando ele some de vista, e nem me nota ali.

-Ainnn Duuuh - A provoco afinando a voz e ela me olha revoltada
- Não provoca -Ela diz autoritária
-Se não o quê? - Debocho vendo o semblante dela mudar
-Você vai ver!!! - Ela começa a correr atrás de mim, mas eu corro mais rápido rindo de nervoso enquanto ela me perseguia
- Você não me pega!, Você não me pega! -Debocho mostrando língua pra ela e só paro de correr quando chego no ponto de Ônibus.
- Você só escapou dessa vez, mocinha -Ela puxa minha orelha, mas sem força e eu rio saindo de perto dela, pra ela não me bater e logo entramos no busão.
- Por que chegou mais cedo? - pergunto me lembrando que não viemos no mesmo ônibus naquele dia
- Mamãe saiu no mesmo horário que eu hoje, ai ela me trouxe, mas disse pra eu voltar com você - Ela diz olhando pela janela e eu assinto, e começo a mexer na mochila.
-Ta com fome? -Pergunto tirando uma vasilha da mochila e dois Toddynho e ela sorri largo
-Eu sempre to com fome Raquel - Ri de sua expressão, então entreguei um pão de queijo e um Toddynho pra ela e começamos a comer.
-O que você e o Matheus estavam conversando? - Pergunto curiosa e sorrio de canto -Tomou coragem pra falar oi? Como foi lá? -Tomo um grande gole do achocolatado enquanto prestava atenção nos detalhes de seu semblante sorridente olhando pela janela.
-Ele me chamou pra sair! - Ela diz ficando vermelha, mas sorrindo largo toda boba, mas naquele momento eu acabei engasgando com o Toddynho e ela não percebeu - Essa foi minha reação por dentro - Ela diz distraída, mas percebe que eu não parei de tossir e então ela se vira me vendo engasgada e bate nas minhas costas desesperada pra tentar ajudar e só então consigo me acalmar e conseguir voltar a minha postura anterior.
Deixo a caixinha vazia de lado, pigarreei e voltei a minha atenção pra idiota ao meu lado.
-Oi? Assim... Tão rápido? -Falo achando aquilo estranho
-É ué, antes cedo do que nunca né? - Ela diz ficando distraída de novo
- Primeiro que o ditado é "Antes tarde do que nunca" e segundo, você já sabe o que vai vestir? Você já recebeu sua pensão pra poder sair? Você tem assunto com ele? -Vejo ela ficando ansiosa e nervosa de novo
-Puta que pariu, você tem razão! Dinheiro eu tenho, mas eu não sei o que vestir, nem o que Conversar com ele... - Faço cara de convencida e me gabo soltando um murmuro baixinho
- Eu sempre tenho razão... -Ela me olha com um sorriso sapeca e eu já prevejo o que vem daquela cara.
-Por sorte eu tenho a melhor amiga, mais perfeita, mais gata, mais socialmente comunicativa, e que sabe muito sobre moda! - Arregalo os olhos e tento negar
-Não!, Não!, Não!, Nem pense nisso!, Não me mete - Ela me interrompe colocando o dedo indicador na frente dos meus lábios
- Cala boca, vai me ajudar sim e acabou! Tu é minha melhor amiga, não pode me deixar sozinha nessas horas - Lhe olho revoltada, mas sem forças pra negar ou reagir, ela sabia como me render a ela.
-Merda... Vou fazer isso por livre e espontânea pressão! Que saco... - Ela sorri determinada e logo descemos do ônibus.
- Pode ir lá em casa depois do serviço, né? - Ela pergunta arrumando a mochila enquanto jogo as caixinhas de toddynho no lixo perto do ponto do ônibus
- Tenho outra opção? - pergunto me virando pra ela
-Não -Ela responde seca e eu rio nasal
- Então eu vou, né? - Sorrio fraco e forçado
-É por isso que eu te amo, te vejo mais tarde - Ela me dá um beijinho na bochecha e um abraço e vai pra casa dela, paralisada com um sorriso despercebido no rosto espero ela entrar pelo portão e só então vou pra casa.

Desculpa, mas não posso gostar de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora