Piloto

83 14 84
                                    


Abril de 2020 POV Natalie Grace Evans. Fallon Nevada 00:45

Estava saindo da boate quando fui surpreendida pela Suzanna, que segurou meu braço e me arrastou até um beco que ficava entre dois estabelecimentos. Puta da vida pela ousadia da traficante, disse:

- Ei, ei garota, o que você pensa que está fazendo? Quem deixou você ficar me tocando assim, não lembro de ter dado essa intimidade.

- Calma florzinha, só te chamei para entregar isso aqui.

- Florzinha o cacete.

Depois que paguei pelos dois saquinhos contendo um beck e algumas gramas de coca, me direcionei até o meu carro, localizado dois quarteirões depois, e já fui fumando enquanto dirigia.

Ao mesmo tempo em que fazia o percurso até minha casa, pensava nas reviravoltas que minha vida tomou desde o falecimento do meu pai, alguns meses atrás. De acordo com as investigações policiais, meu pai estava dirigindo quando um outro motorista, pilotando em alta velocidade atingiu a traseira do seu Toyota RAV4, fazendo com que ele perdesse o controle de direção e capotasse o carro, levando a óbito imediato.

O que a polícia não tinha em seus registros é que Johnny Evans era um perfeito motorista, tendo participado de milhares de rachas e perseguições policiais, chegando ao ponto de ensinar sua própria filha todas as artes e manobras que conhecia. Então não, eu jamais iria acreditar que sua morte aconteceu enquanto fazia uma das centenas de coisas em que era tão competente. Sendo assim, a hipótese que ficava é que tinham armado pra ele.

E eu necessitava descobrir quem fez isso, começando pelo motorista e terminando no mandante. Depois que eu descobrisse iria colocar em pratica todas as coisas que aprendi com meu pai.

Mas eu não tinha pressa, queria fazer isso com calma e paciência, portanto, estava usando aqueles meses pós-óbito para organizar várias coisas da minha vida e resolver as pendências que me prendiam a minha cidade natal, como as dívidas com traficantes e a relação com minha mãe.

A realidade é que minha vida nunca foi como as outras ao meu redor. Na época da escola os meus vizinhos se sentavam numa mesa com os filhos e os ensinava operações matemáticas, escrever redações e como interpretar mapas geográficos, enquanto o meu pai me ensinava a arte de hackear, de atirar sem levar o coice da arma na cara e a minha favorita: lutas de combate corpo a corpo, como pugilismo, karatê, capoeira e krav maga, além do já mencionado controle de direção em fugas e rachas. Na época eu não entendia o motivo de aprender tudo aquilo, parecia uma coisa desnecessária, mas quando comecei com a minha própria investigação percebi que muitas eram sim necessárias.

Virei o volante para esquerda entrando na rua de casa, estacionei na garagem, peguei o saquinho da cocaína e entrei dentro de casa, tentando fazer o menor barulho possível para que a minha mãe não acordasse e enchesse o meu saco com mais um de seus sermões.

Toda noite era a mesma coisa, eu saia, ia ao bar, bebia, fumava e quando voltava altas horas da madrugada minha mãe permanecia sentada no sofá aguardando pela minha chegada, querendo me convencer a não ir no dia seguinte. Depois de um tempo, desistiu de me esperar acordada, mas continuava com as broncas na manhã seguinte. 

Urgh! Não existe nada pior do que esporro de mãe misturado com uma ressaca.

Andava em direção as escadas quando identifiquei o cheiro de torta assada, e mesmo que não estivesse com tanto fome fui em direção a cozinha e encontrei uma assadeira alojada no centro da mesa, destampei-a e senti a quentura da minha iguaria predileta na palma da mão, sinalizando que foi feita a pouco tempo. Retirei alguns pedaços e aproveitei para pegar a garrafa de Dr. Pepper na geladeira.

Downfall of BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora